Liga das Nações

Identificado com a capital, Matheus Brasília cresce na Seleção Brasileira

Levantador eleito o melhor da Superliga 2022/2023 é uma das apostas para o reinício da Era Bernardinho na Seleção, nesta terça-feira, pela primeira etapa da Liga das Nações

Matheus Brasília deseja bom desempenho na Liga das Nações para garantir um lugar no time dos Jogos Olímpicos de Paris-2024
 -  (crédito: Alexandre Loureiro/COB)
Matheus Brasília deseja bom desempenho na Liga das Nações para garantir um lugar no time dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 - (crédito: Alexandre Loureiro/COB)

O duelo da Seleção Brasileira masculina contra Cuba, nesta terça-feira (21/5), às 21h, no Ginásio Maracanãzinho, pela primeira rodada da Liga das Nações — última competição antes da jornada nos Jogos de Paris-2024 — chama, naturalmente, a atenção para ícones campeões olímpicos, como o capitão Bruninho, o ponteiro Lucarelli, o central Lucão e, claro, o mentor dos ouros em Atenas-2004 e Rio-2016, o técnico Bernardinho. Porém, existe um personagem talvez desconhecido pela maioria, mas observado pelo dono da prancheta como um dos candidatos à referência e escolhido para carregar, literalmente, o nome da capital federal nos torneios de ponta do vôlei: Matheus Brasília.

Aos 27 anos, o jogador se apresenta como um dos homens de confiança de Bernardinho no novo ciclo à frente da Seleção. Na temporada 2022/2023 da Superliga, foi eleito o melhor levantador. O desempenho rendeu milhas com convocação para o Brasil, sob a batuta de Renan Dal Zotto. Manteve-se em ritmo e foi parar no Chile para a campanha do ouro verde-amarelo nos Jogos Pan-Americanos de Santiago. Tudo isso, graças ao primeiro contato com o esporte, há 15 anos, pelo Instituto Amigos do Vôlei, das ex-jogadoras Leila Barros e Ricarda Lima, no Ginásio Serejinho, em Taguatinga. E tornar-se profissional não era o objetivo dele. "Comecei porque sempre gostei de praticar esporte. O vôlei apareceu, e aí eu me divertia. Sempre tive o apoio dos meus pais, e depois consegui enxergar a modalidade como algo mais profissional", compartilha ao Correio.

O olhar de Matheus para o alto rendimento mudou conforme a idade. Aos 15, foi para São Paulo, onde defendeu o Pinheiros. Na Zona Oeste da capital paulista, dividia-se entre treinos, estudos e morou em um alojamento da instituição. "Ali, entendi que o esporte era uma profissão e eu queria viver do vôlei. A dificuldade do atleta é constante, desde lá do começo, como ficar longe da família, longe da cidade. É tudo muito novo e complexo, são vários, vários desafios diários, até hoje", relata.

O apelido Brasília surgiu quando era o "forasteiro" no clube paulista. A moda pegou e se consolidou no cenário nacional. A próxima temporada da Superliga será a nona de Matheus profissionalmente. A primeira foi pelo representante da cidade, sob o antigo batismo de Vôlei Upis. Depois, passou por São Bernardo-SP, Maringá-PR, São Judas-SP, Sesi-SP, Academia do Vôlei Uberlândia-MG e São José-SP. Hoje, está vinculado ao maior campeão da elite das quadras do país, o octacampeão Sada Cruzeiro.

Defender as principais equipes do país é parte do projeto de continuar no radar da Seleção para realizar o sonho de disputar uma Olimpíada. Embora não esteja confirmado em Paris-2024, Matheus não esconde a alegria de ter sido lembrado por Bernardinho para a Liga das Nações. "Toda convocação é motivo de alegria, de festa, de felicidade. Representar o país é um sonho de todo atleta, ainda mais com o Bernardo, ícone do voleibol mundial. Receber a convocação dele tem uma felicidade extra, por toda a história, por todo o currículo, toda a experiência de tudo que ele representa. É uma oportunidade para, antes de tudo, ser aproveitada", avalia.

Bernardinho foi chamado para corrigir a rota da Seleção Brasileira antes dos Jogos de Paris-2024. O profissional fazia parte do projeto ambicioso do país para entrar no mapa das potências do vôlei, mas pediu dispensa em 2022 para acompanhar de perto o crescimento da filha caçula, Vitória. Em setembro do ano passado, retornou ao país como coordenador de seleções masculinas. Três meses depois, herdou a prancheta de Renan Dal Zotto, companheiro dele na campanha de primeira medalha olímpica do país, a prata em Los Angeles-1984. Quando perguntado se Bernardinho era o nome ideal para o vôlei masculino do país, a cria de Taguatinga não ficou em cima do muro.

"Sem dúvidas. Ele é tudo isso que falam para mais. É o cara de pensamento e visão diferentes, com um olhar clínico. Ele preza muito pela técnica, pelo melhor de cada atleta, potencializa as virtudes de cada um. Na primeira semana, treinamos pensando em como a equipe comportará, naquilo que precisamos melhorar, evoluir e adaptar rapidamente para conseguir resultados mais expressivos. De comando, é um dos melhores que a gente tem no Brasil e no mundo, sem dúvidas", analisa.

Relação com o DF

O Distrito Federal tem somente um time na elite do voleibol brasileiro, o Brasília, na versão feminina da Superliga. Na temporada passada, a campanha de 10ª colocação na primeira fase não suficiente para alcar a equipe ao mata-mata. Entre os homens, a representação na primeira prateleira é nula. O Brasília joga a Superliga B. Neste ano, perdeu a chance de subir de patamar ao ser derrotado pelo Goiás, na semifinal da segunda divisão. Apesar da situação, Matheus vê evolução na modalidade praticada no quadradinho.

"Com o passar dos anos, tudo está sendo bem desempenhado, acho que a Federação está fazendo um bom trabalho para evoluir o esporte dentro do Distrito Federal. Cada vez mais, precisamos de incentivos para dar continuidade a esse trabalho. Não é tão simples, mas torço e ainda sonho em defender o Distrito Federal em competições nacionais", ressalta.

O sonho em jogar nacionalmente pelo Distrito Federal passa pelo amor à terra natal e a vontade de estar sempre próximo da família. "É a minha base, é a minha casa, é onde eu chamo de lar, a cidade a qual pertenço. Sempre que tenho tempo livre visito. Amo. Costumo falar que Brasília é uma cidade que você ama ou odeia. Eu sou da parte que ama, tenho um planejamento de quando eu aposentar, morar no Distrito Federal. Não largo essa cidade por nada. Sou um apaixonado pelo nosso quadradinho, por tudo", discursa.

 

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postado em 21/05/2024 11:25
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