O presidente do Grêmio, Alberto Guerra, descartou a chance de o clube deixar o Rio Grande do Sul em meio às enchentes que assolam o estado há mais de uma semana, para continuar jogando o Campeonato Brasileiro. De acordo com o mandatário, essa ideia demonstra a falta de compreensão do real tamanho do caos no Sul.
Ao “UOL”, Alberto Guerra falou ainda sobre o ato de solidariedade de rivais brasileiros ao Grêmio, Internacional e Juventude, times da Série A que estão sendo prejudicados com a crise no Rio Grande do Sul. Na última terça-feira, Flamengo, Palmeiras e São Paulo disponibilizaram suas instalações para que os clubes gaúchos possam treinar enquanto o problema no estado não se normalize.
“Nós aqui no Grêmio recebemos essa solidariedade, esse oferecimento do Palmeiras, Flamengo, São Paulo, como também de quase todos os clubes, mas também julgo que é justamente por conta desse distanciamento e de não saber o que estamos passando é que estão oferecendo isso. Talvez nos sirva a partir de junho, para a gente poder pensar nisso, no entanto, agora, não tem como eu chegar para os meus jogadores, falar para o Diego Costa, para cada um deles, para se reunir, ir lá para o Rio de Janeiro e vamos treinar que semana que vem tem jogo, não tem como. Eles estão preocupados com suas famílias, muitos dos jogadores perderam casas, 70 pessoas que trabalham no CT do Grêmio, a grande maioria perdeu muita coisa, estão em casas de amigos e parentes”, destacou Guerra, antes de completar:
Presidente do Grêmio admite proporção maior das enchentes
“Não são só os 22 jogadores que vão viajar que representam o Grêmio, nós temos 350 funcionários, 400 com os jogadores, e tirar eles de suas famílias nesse momento para morar em outro estado? Essa é realmente uma solução de quem está muito distante do problema. Agradeço, obrigado pelo carinho, por tudo, mas assim, deixa a gente aqui salvando nossas famílias e depois quando a gente puder falar de futebol, a gente vê a melhor solução”.
Dessa maneira, o mandatário do Grêmio destacou ainda que a proporção das enchentes no Rio Grande do Sul foi maior até do que os moradores do estado esperavam.
“Sinceramente, acho que até nós aqui não acreditávamos tanto no tamanho dessa enchente, a proporção foi muito maior do que a gente esperava. Eu acredito que talvez o distanciamento não dê a real noção do que a gente está passando aqui, por isso a importância de estar aqui, de estar explicando, para tentar tocar e minimamente descrever o que estamos passando. Tenho certeza que, se isso acontecesse em qualquer outro lugar do Brasil, se as pessoas estivessem aqui no nosso lugar, estariam pensando a mesma coisa, não é nenhuma desculpa técnica, ninguém está querendo benefício para os clubes, até porque o que a gente menos pensa aqui é futebol. A gente está numa fase de salvar pessoas, correr atrás de água, que é um bem escasso na cidade, querendo ligar a luz”.
Alguns jogadores e técnico do Imortal deixaram Porto Alegre
Por fim, Guerra revelou que alguns jogadores já deixaram Porto Alegre. Renato Gaúcho, por exemplo, foi para o Rio de Janeiro na última terça-feira após ser resgatado do hotel onde mora, na segunda.
“Muitos jogadores já saíram daqui, da base e do profissional, o próprio treinador, eu pedi pessoalmente para o Renato sair, ele não queria, mas pedi para ele sair porque estava preso num hotel. Todas as pessoas sendo evacuadas do hotel, então a gente não tem nem tempo de ficar frustrado e magoado. Mas tenho certeza que se as pessoas estivessem aqui, se eu conseguisse expressar 10% do que a gente está passando, certamente o pensamento seria outro. Não estou preocupado com o que vão fazer com o campeonato, se vai jogar, não vai jogar, não tem tempo pra isso, a gente está preocupado aqui em se ajudar uns aos outros”.
Grêmio, Inter e Juventude tiveram seus jogos adiados pelos próximos 20 dias. Neste meio de semana, Imortal e Colorado também não atuaram pela Libertadores. Não há uma previsão exata de quando poderão voltar a atuar.
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