A obsessão do Borussia Dortmund por disputar a final da Liga dos Campeões da Europa pela terceira vez em 27 anos passa pelos conceitos de um profissional nascido no Rio de Janeiro, brasiliense de coração após se transferir aos seis anos para o Distrito Federal com o pai, seu César, servidor público e ex-jogador do time profissional do extinto time do Ceub. Marcelo Lins Martins é criado na capital, formado nos colégios Objetivo e Alvorado e se graduado em educação física pela Universidade Católica de Brasília, na turma de 1999.
Aos 49 anos, Marcelo Martins é um dos quatro preparadores físicos do Borussia Dortmund na comissão técnica liderada pelo teuto-croata Edin Terzic. Ele divide a função com os alemães Florian Wangler, Mathias Kolodziej e Dennis Morschel. Há um diferencial no currículo do brasileiro: a invejável coleção de glórias pelo arquirrival Bayern de Munique.
Em 2010, o Correio contou a trajetória de Marcelo Martins antes de ele disputar a primeira das três finais de Champions League no currículo contra a Internazionale, em 2010, no Estádio Santiago Bernabéu. O então braço direito do técnico holandês Louis van Gaal amargou o vice. Em 2012, a decepção doeu mais. Chelsea triunfou nos pênaltis, no Allianz Arena.
Na temporada seguinte, foi até Wembley e, finalmente, conquistou o título contra o Borussia Dortmund. Martins trabalhava com o alemão Jupp Heynckes. O time bávaro levantou a Orelhuda após 2 x 1, gols de Mandzukic e Robben contra um de Gündogan.
Onze anos depois, a história pode se repetir com Marcelo Martins do lado amarelo da rivalidade alemã. O Borussia Dortmund defenderá vantagem de 1 x 0 contra o Paris Saint-Germain, nesta terça-feira (7/5), às 16h, no Parque dos Príncipes, na França. Se prevalecer, enfrentará Bayern de Munique ou Real Madrid na final única em 1º de junho, novamente na principal arena da capital inglesa.
Há influência do trabalho de Marcelo Martins e dos outros três preparadores físicos no sucesso do Borussia Dortmund na Liga dos Campeões. O time é líder em desarmes nesta edição, com média de 21,2 na comparação entre os quatro candidatos ao título.
Manter a pegada não é uma missão fácil. Os preparadores físicos lidam com a segunda maior média de idade entre os semifinalistas. A formação inicial do Bayern de Munique tem 28,7 contra 27,4 de Borussia Dortmund e Real Madrid e 24,3 do PSG.
O elenco do Borussia Dortmund tem dois jogadores escalados na última final de Liga dos Campeões do clube: o zagueiro Mats Hummels, 35, e o meia Marco Reus, 34, eram 11 anos mais jovens. A programação de treinos não é como a de jovens como Sancho (24), Adeyemi (22), Brant (28), Schtotterbeck (24) e Maatsen (22). A quantidade de jogos, a recuperação e a carga de atividade são consideradas.
Dennis Morschel é o preparador físico do Borussia especialista em reabilitação. Os veteranos trabalham mais próximo dele. Fazem academia, treinam e cumprem atividades complementares. Hummels disputou todos os 11 jogos nesta edição da Liga dos Campeões e deu uma assistência. São 37 jogos na temporada. Reus também disputou todas as partidas. Balançou a rede duas vezes e deu um passe para gol. Participou de 38 compromissos em 2023/2024 somando Bundesliga, Copa da Alemanha e Liga dos Campeões.
Respeito
O Borussia Dortmund começará o segundo ato da semifinal em Paris com o benefício de ter vencido por 1 x 0. Campeão em 1997, o time alemão tem a vantagem do empate para partir rumo a Londres em busca do bicampeonato. Vice em 2020, a trupe de Kylian Mbappé é obrigada a vencer por, pelo menos, dois de diferença ou por um para forçar a prorrogação. O francês é o talismã e lidera a artilharia do torneio, isolado com oito gols.
As entrevistas oficiais para a partida tiveram declarações quentes. O técnico espanhol Luis Enrique admite a possibilidade de eliminação, mas pondera: "Vamos ao negativo, o que pode ser pior... Bem, a vida continua. Como esportista, vamos aplaudir o adversário, mesmo se não merecer e, no dia seguinte, acordaremos f*****s, mas com orgulho pensando: 'vamos sair da cama e tentar de novo no ano que vem'", responde.
Do outro lado, o experiente zagueiro Hummels, xerifão da zaga da Alemanha na conquista do tetracampeonato na Copa de 2014, falou sobre o duelo com Mbappé. "Você só pode se defender dele como um time. Com o ritmo inigualável que ele tem, não dá para marcá-lo sozinho. Mas ele também faz parte de um todo, é preciso ficar de olho em vários outros jogadores do PSG também", adverte o beque do Dortmund.
A outra semifinal da Liga dos Campeões será disputada na quarta-feira (8/5). Anfitrião às 16h, no Santiago Bernabéu, o Real Madrid empatou com o Bayern de Munique por 2 x 2 na terça-feira passada, na Allianz Arena. Nova igualdade forçará prorrogação e pênaltis.
Seis perguntas para Marcelo Martins
Você nasceu em Brasília?
No Rio de Janeiro, mas sou mais brasiliense do que carioca. Morei em Brasília dos 6 aos 24 anos. Vivi a minha vida inteira em Brasília.
O César, seu pai, foi jogador aqui em Brasília. Em qual clube ele jogou?
No Ceub, no tempo em que existia o time profissional. Meu pai era servidor público. Quando nasci, ele não jogava mais profissionalmente, mas sempre estava envolvido com o futebol. Jogava peladas, participava de campeonatos amadores, e eu sempre o acompanhava. Influenciou muito para eu também ser apaixonado pelo esporte.
Qual é a tua trajetória profissional?
Terminei educação física, aí em Brasília e, depois, fiz o mestrado em fisiologia do exercício nos Estados Unidos.
Em qual universidade você se formou?
Na Católica. Turma de 1995 a 1999.
Quem abriu as portas do futebol alemão?
Depois que eu concluí o mestrado nos Estados Unidos, passei a trabalhar em uma companhia americana chamada Athletes Performance. É uma organização reconhecida por trabalhar com atletas profissionais de todos os esportes. Essa companhia trabalhou com a Alemanha na Copa de 2006. Eu estava trabalhando com a seleção do Catar, quando o Jurgen Klinsmann assumiu o Bayern de Munique. Ele queria trazer alguém da companhia, e aí me convidou. Aceitei.
Em quais clubes atuou antes de chegar ao futebol alemão?
Chivas, Galaxy, onde estava o David Beckham, e a seleção feminina de futebol dos EUA. Daí, fui para o Catar e surgiu a oportunidade de trabalhar na Alemanha. Quando o Klinsmann foi mandado embora do Bayern de Munique, eu fiquei até 2013.
Ficha técnica
Paris Saint-Germain x Borussia Dortmund
Árbitro: Daniele Orsato (Itália)
Transmissão: TNT e SBT
Prováveis escalações
PSG: Donnarumma; Hakimi, Marquinhos, Beraldo e Nuno Mendes; Zaire-Emery, Vitinha e Fabián Ruiz; Dembélé, Mbappé e Barcola. Técnico: Luis Enrique
Borussia Dortmund: Kobel; Ryerson, Hummels, Schlotterback e Maatsen;
Sabitzer e Can; Sancho, Brandt e Adeyemi; Füllkrug. Técnico: Edin Terzic
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