Após acertar com o Vasco, Pedro Martins despediu-se oficialmente do Cruzeiro. O ex-diretor falou do caminho e da responsabilidade financeira à frente do futebol da Raposa. Ele fez questão de agradecer a Ronaldo Fenômeno, dono de 90% da SAF celeste, Gabriel Lima (CEO do clube) e Paulo André, diretor global do projeto de futebol.
“O descaso com a estrutura e a gestão, a falta de respeito com os funcionários e a ausência de perspectiva futura nos assustaram tanto quanto o tamanho da dívida que foi deixada. Mesmo que de maneira informal e com uma “série de incêndios” para apagar, em janeiro de 2022 foi feito um pacto: reconstruiríamos o clube através da premissa de que ninguém destruiria o Cruzeiro novamente, nunca mais”, declarou o ex-dirigente.
Desde que assumiu o cargo, Pedro Martins afirmou que sempre priorizou a reestruturação do clube. E citou ainda a missão de Ronaldo quando adquiriu 90% das ações da Raposa: a responsabilidade financeira.
“O ato de seguir um orçamento, de investir no longo prazo e de sempre brigar com a realidade financeira é um gesto de respeito ao Cruzeiro. O fato de priorizar o investimento em infraestrutura, de proporcionar condições similares de trabalho para todas as categorias de futebol do clube e recuperar a motivação no ambiente de trabalho, é um gesto de respeito às pessoas”.
Pedro Martins chegou ao Cruzeiro em 2022
Pedro Martins estava no Cruzeiro desde janeiro de 2022, quando chegou para assumir vaga deixada exatamente por Alexandre Mattos, quando a Raposa virava SAF.
Formado em administração e com MBA na Universidade de Liverpool, na Inglaterra, Pedro também foi diretor de futebol na Ferroviária-SP, em 2017, 2018 e 2020. Foi ainda gestor do Departamento de Informação no Athletico, entre 2013 e 2017, e vice-presidente da Federação Paulista de Futebol.
Durante sua passagem pelo Cruzeiro, duas saídas deixaram a torcida revoltada. Primeiro a do ídolo e capitão Fábio, que não teve o contrato renovado pela SAF no início de 2022 quando estava prestes a completar 1.000 jogos pelo clube.
Três meses depois, o Cruzeiro viveu nova polêmica com Vitor Roque deixando o clube. Considerado uma grande revelação da base, teve a multa rescisória paga pelo Athletico após não renovar contrato. O nome de Pedro Martins acabou sendo citado pelo empresário do jogador na época como um dos principais responsáveis pela saída.
O dirigente chega, então, para ser o terceiro diretor de futebol da Era SAF no Vasco. Antes dele, Paulo Bracks e Alexandre Mattos haviam ocupado o cargo. Bracks ficou entre 2022 e o fim de 2023, enquanto Mattos ficou apenas 101 dias – entre dezembro de 2023 e março de 2024. Clique aqui para relembrar com mais detalhes a passagem de Mattos pelo clube de São Januário.
Veja a nota de despedida de Pedro Martins:
Quando fui convidado por @Ronaldo @PauloAndre_00 e Gabriel Lima para trabalhar no @Cruzeiro me senti extremamente honrado e desafiado pelo cenário que nos esperava.
O clube que encontramos dentro das Tocas da Raposa 1 e 2 não representava o tamanho e a história desta instituição, o descaso com a estrutura e a gestão, a falta de respeito com os funcionários e a ausência de perspectiva futura nos assustaram tanto quanto o tamanho da dívida que foi deixada. Mesmo que de maneira informal e com uma “série de incêndios” para apagar, em Janeiro de 2022 foi feito um pacto: reconstruiríamos o clube através da premissa de que ninguém destruiria o Cruzeiro novamente, nunca mais. O respeito ao tamanho do clube viria por meio de sua organização, a ambição seria construída com responsabilidade financeira e racionalidade administrativa, o orgulho e a honra da nação azul não seriam mais impactados por páginas policiais.
Colocar este objetivo no papel é relativamente fácil, este discurso é até bonito para os apaixonados e para a imprensa. Ele conecta, engaja e inicialmente até gera sócios torcedores. Executar esta tarefa exige uma resiliência tremenda, um desprendimento de interesses pessoais e conectar gente absurdamente competente. A beleza do futebol está na paixão, na instabilidade e no imponderável deste jogo. Por mais contraditório que seja, estamos sempre buscando uma resposta certa para a vitória, o caminho mais curto para o sucesso ou remédio rápido para diminuir a dor.
Dentro das incertezas que apareceram durante todos estes anos, sofrendo com a dor de derrotas e eliminações, optamos sempre pela beleza do futuro. A sustentabilidade deste clube é o único caminho possível para o sucesso constante.
O ato de seguir um orçamento, de investir no longo prazo e de sempre brigar com a realidade financeira é um gesto de respeito ao Cruzeiro. O fato de priorizar o investimento em infraestrutura, de proporcionar condições similares de trabalho para todas as categorias de futebol do clube e recuperar a motivação no ambiente de trabalho, é um gesto de respeito às pessoas. As palavras projeto, processo e planejamento já foram mal interpretadas algumas vezes no futebol, mas não há nada mais poderoso do que gente competente trabalhando em prol de um sonho em comum. Isso nós conseguimos construir, fato raro nesta indústria imediatista.
A união de vidas, de crenças e valores fez com que o Cruzeiro conseguisse derrotar adversários que vão além do campo, ela modernizou pensamentos, quebrou paradigmas e diminuiu o abismo financeiro que existe perante os competidores. É inegável que esta trajetória teve erros e aprendizados fundamentais, o conforto é que este conhecimento fica dentro da Toca da Raposa. Não há nada mais forte do que uma instituição que aprende e ensina, isso vai além de nós passageiros.
Estou de saída para um novo clube, mas gostaria de agradecer a oportunidade de ter tido o Cruzeiro na minha vida. Não sinto orgulho somente pelas conquistas desportivas, mas por entender que me entreguei de corpo e alma à uma história sensacional.
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