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O caso John Textor, Leila Pereira e a imprensa do 7 a 1

Textor impressiona o Senado: material tem conteúdo para uma investigação

Mesmo que alguns tentem tapar o sol com a peneira, a manipulação de resultados é uma realidade no Brasil. Em 2023, a Operação Penalidade Máxima, cujo saldo foi a condenação de árbitros, jogadores e dirigentes, mostrou que o futebol nacional pode traçar um caminho sem volta para a ruína. É neste contexto de obscuridade que o sócio majoritário da SAF do Botafogo, John Textor, depôs, na última segunda-feira (22), na CPI das Apostas Esportivas, no Senado Federal. A presença do empresário norte-americano, na comissão, aliás, convenceu os parlamentares sobre a necessidade de uma investigação mais aprofundada do tema. Um ponto de partida rumo ao topo da cadeia. Há, entretanto, muita água para rolar por debaixo desta ponte.

Textor insiste no óbvio ululante: a corrupção está entranhada no futebol brasileiro. E, claro, isenta o Palmeiras de culpa, apesar de pontuar que o clube paulista, segundo ele, acabou beneficiado, em uma das nuances de sua denúncia. O Santos tem 0% de responsabilidade pela participação do zagueiro Bauermann, então zagueiro de Série A, no envolvimento com apostadores, no ano passado. Ninguém acusou o Peixe. O Verdão é o atual campeão brasileiro, e o Botafogo o quinto colocado. Case closed. A questão vai muito além de uma rivalidade de Ponte Aérea. Trata-se de um alerta gravíssimo.

A despeito de ser um dirigente histriônico e com algumas condutas questionáveis, John Textor acerta, por fim, ao ignorar o circo montado pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol) nas últimas semanas e ceder o relatório a autoridades competentes e com poder de decisão na esfera criminal: Senado, Polícia Civil e Ministério Público.

Imprensa coloca o americano na guilhotina

Sem tomar conhecimento do teor dos documentos, a imprensa do 7 a 1 – ao invés de colocar a bola no chão, esperar o decorrer do caso e tratar o assunto com mais seriedade -, apressou-se para tripudiar do material de John Textor, antecipou-se aos órgãos públicos e colocou o gringo rapidamente na guilhotina. Sim, retornarmos à Idade Média em plena era digital e clamor por mais direitos. À exceção de um raro jornalista mais sóbrio, a mídia hegemônica foi, inclusive, a primeira a atirar no mensageiro.

Homem de negócio e laureado com vários prêmios por seu trabalho com a Tecnologia, Textor tem a expertise da Inteligência Artificial a seu favor. Porém, para os palpiteiros de boteco, é somente um dirigente amalucado querendo os holofotes. A mídia, assim, flerta com a narrativa de Leila Pereira, com opiniões que jogam para galera e repercutem nas redes sociais.

“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”, alertou, no século passado, o editor húngaro Joseph Pulitzer (1847-1911), aquele mesmo que batiza o prêmio mais importante da profissão.

No Brasil, a mídia é parte da crise.

Leila quer censurar Textor e sabe como ser bajulada

Dona de um banco de crédito que cobra taxas exorbitantes de juros a quem está em dificuldade, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, comprova que não estamos em um país sério. A empresária, agora, quer censurar John Textor. Ela espera que o big boss alvinegro seja banido do futebol brasileiro. Ou seja, não pode trabalhar na Terra Papagalli. Assim que abre a boca, a dona da Crefisa vomita abelhas africanas e, de forma deselegante, demonstra todo o seu desprezo pela figura do dirigente estrangeiro.

Leila, no entanto, escondeu-se atrás da moita quando o auxiliar do técnico Abel Ferreira, João Martins, afirmou, categoricamente, que o sistema trabalhava para o Palmeiras não conquistar o título brasileiro de 2023. Tampouco manifestou-se quando outro dirigente falou em “máfia” na arbitragem e “fabricação de resultados”. Por que não esbravejou, já que considera o futebol tupiniquim a última reserva moral no Planeta Terra?

A mandatária do Verdão não é nada ingênua. Pelo contrário. Ao mesmo tempo em que transita nas maiores instâncias de poder da CBF e dança valsa com o presidente Ednaldo Rodrigues, Leila conquista a simpatia da mídia do 7 a 1 com o canto da sereia: o discurso identitário que a deixa sempre “empoderada”. Esta simulação de progressismo tem método. Ela, definitivamente, sabe como ser bajulada e hoje tem a crônica esportiva nas mãos.

*Esta coluna não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10

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