Atletismo

Maratona Brasília larga neste domingo às 6h; conheça corredor-símbolo

Jadir de Paula participou de todas as provas apoiadas pelo Correio desde 1991 e coleciona 1.538 medalhas. Paixão pelas provas começou quando o deficiente visual teve de doar parte do fígado ao filho para combater doença grave

Pernas pra que te quero. A espera pelas corridas ao longo dos principais cartões-postais da capital acabou. Neste domingo (21/4), os 5 mil inscritos na versão 2024 da Maratona Brasília trocarão os treinos pelas disputas valendo prêmios no aniversário de 64 anos da cidade. Os tiros de largada começarão às 6h para múltiplas opções de distância. Os amantes de provas de rua desfrutarão dos 42km e de testes menores de resistência em 3km, 5km e 10km, além do Desafio JK e do Desafio BSB 64 anos.

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Um dos personagens é o geólogo e professor aposentado Jadir de Paula, mas poderíamos apelidá-lo de "Zé das Medalhas", uma referência ao personagem de Armando Bógus (1930-1993) na histórica novela Roque Santeiro. O maratonista participou de todas as edições apoiadas pelo Correio e ostenta coleção de 1.538 insígnias. Ele competirá no Desafio JK e vive uma relação com a corrida de rua atrelada à música Paciência de Lenine. O trecho preferido diz: "Enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu me recuso, faço hora, vou na valsa, a vida é tão rara…".

Para o atleta de 61 anos, a corrida de rua precisou ser tratada com a delicadeza de uma valsa. As provas sempre foram muito mais do que desafios esportivos. Na adolescência e na vida adulta, simbolizavam seriedade e compromisso. Cego do olho esquerdo desde os 16 anos devido a uma bolada, Jadir usava a prática para se esvair do cansaço da pesada rotina. Caçula de 10 irmãos, frutos de diferentes casamentos do pai, tinha boa parte do tempo tomado para ajudar na manutenção do lar, na Candangolândia.

Adulto, se viu na necessidade de cuidar mais da saúde em decorrência de um grave problema de saúde do filho mais novo, Igor. Por ter nascido com o fígado desligado do sistema digestivo, o caçula de dois meninos precisava de transplante. Doador decidido, Jadir estreitou relação com a maratona. Para doar parte do fígado ao filho, precisaria cuidar da saúde o melhor possível. E assim o fez. "Quando a equipe do hospital me disse que eu seria o doador oficial, a partir daquele momento, passei a ter mais cuidado comigo. Parei de beber. Entendi que a vida dele dependia da minha", testemunha. Hoje, com o problema solucionado, o pai se diz orgulhoso. "A incumbência e responsabilidade de estar inteiro fez com que eu amasse mais ainda correr. Sinto-me orgulhoso. Pensava no meu filho dodas as vezes que treinava", relata.

"Zé das Medalhas"

O amor pela corrida é explícito. Nas paredes de casa estão as 1.538 medalhas de competições completadas. As de Brasília são especiais. Além de ter participado de todas as edições dos anos 1990, inclusive, da primeira, em 1991, e da última, em 2023, jamais deixou rotina e corrida se divorciarem. O principal objetivo é manter o ritmo. "Corro 3km todos os dias. Dedico-me pois sou apaixonado. Estive todos esses anos envolvido emocionalmente e nunca mais parei. Por isso, marquei presença em tantas provas locais", argumenta.

Sobre a edição deste ano da Maratona Brasília, Jadir explica demonstra animação, principalmente por conta do nível dos atletas e da boa organização do evento. Para ele, o evento é um ponto positivo para a cidade. "A corrida vai ser supimpa, estou animado para fazer uma prova importante para a cidade. É muito bom porque corredores de todos os lugares virão para cá com uma oportunidade que não aparecia com frequência. A organização também tem se mostrado impecável, assim como outros aspectos, como o kit, por exemplo. Todos elogiaram muito", complementa ele.

Com o relógio chegando cada vez mais perto da largada, os atletas organizam os últimos preparativos para os circuitos escolhidas pelos 5 mil inscritos da Maratona Brasília. Os passos iniciais dos compromissos ocorrem a partir das 6h deste domingo.

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

 

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