Futebol feminino

Kleiton Lima pede demissão como resultado dos protestos em campo

Treinador havia voltado ao clube paulista meses após denúncias de assédio sexual e foi alvo de protestos na rodada do Brasileirão Feminino. Na nota informando a saída, o Santos tratou o assunto como encerrado

Após um final de semana repleto de protestos, o Santos anunciou nesta segunda-feira (15/4) que Kleiton Lima deixou o cargo de treinador das Sereias da Vila. O movimento contra a presença do técnico no futebol feminino é devido às 19 acusações de assédio sexual contra ele em 2023. Segundo o clube, a decisão foi tomada pelo técnico. O profissional informou estar sofrendo ataques, juntamente a sua família. Mesmo abrindo mão do cargo, Kleiton manteve a posição de negar qualquer acusação.

"Não cometi nenhum tipo de assédio, mas hoje estou correndo risco de vida. Além disso, minha família. Então, simplesmente por isso, pela minha segurança, pela minha família e pelo clube, eu solicitei o pedido de afastamento e a diretoria aceitou", comentou Kleito, ao GE, sobre a decisão. Wesly Otoni assumirá como técnico interino.

O caso

Em setembro de 2023, Kleiton Lima foi afastado do cargo de treinador da equipe feminina do Santos após 19 cartas anônimas serem reveladas, todas contendo acusações contra ele de assédio sexual. O presidente do clube na época, Andres Ruedas, acolheu as denúncias e demitiu o treinador e mais sete membros da comissão técnica. Em abril de 2024, com o time da baixada paulista sob nova gestão, o técnico foi reagregado ao elenco, com a justificativa que as denúncias eram frágeis e "sem autoria".

O gestor de futebol do Peixe, Alexandre Gallo, defendeu Kleiton na reapresentação dele ao time. "O compliance do clube é bastante atuante e indeferiu qualquer situação negativa em relação a você (Kleiton Lima). A gente fica bastante tranquilo em relação a isso, sobre seu caráter, conduta e família" afirmou Gallo.

O efeito das manifestações

Os protestos tomaram conta da quinta rodada do Brasileirão Feminino, iniciados com Palmeiras e Avaí/Kindermann, o primeiro jogo da rodada. Até o momento, todas a equipe se manifestaram em campo, exceto a do Santos. Antes do apito inicial, as atletas se reuniram com a mão sobre a boca, como gesto de silenciamento. Além desse movimento dentro de campo, algumas equipes se posicionaram nas redes sociais, como foi o caso do Cruzeiro que promoveu uma campanha para encorajar mulheres a denunciarem em caso de violência sexual. A camisa 10 das Cabulosas, Byanca Brasil, também trançou 180 no seu cabelo, o número indica a discagem para denúncia.

*Estagiária sob supervisão de Danilo Queiroz

 

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