MARATONA BRASÍLIA 2024

Conheça as lições de Eliud Kipchoge para os entusiastas de maratonas

A seis dias da corrida em comemoração ao aniversário de Brasília, conheça a fórmula do sucesso do medalhista de ouro nos Jogos do Rio-2016 e em Tóquio-2020. As inscrições para a prova candanga terminam hoje às 23h59

Se você não competirá na Maratona de Londres (Inglaterra), na de Viena (Áustria), na de Rhodes (Grécia) ou na de João Pessoa (Paraíba) no próximo domingo, o seu lugar é nas ruas da capital do país na Maratona Brasília 2024. O prazo para as inscrições na prova apoiada pelo Correio Braziliense, em comemoração aos 64 anos da cidade, terminam hoje, às 23h59. O tiro de largada para a prova principal será às 6h no próximo dia 21. Há desafios também de 3km, 5km, 10km e 21km.

Um dos maiores incentivos e dicas para os fãs de corrida de rua vem da maior referência do mundo em provas de longa distância. O queniano Eliud Kipchoge é o atual bicampeão olímpico. Ele pendurou a medalha dourada no pescoço nos Jogos do Rio-2016 e de Tóquio-2020. O atleta africano faz sucesso graças a um planejamento de treino rigoroso baseado no Princípio de Pareto.

A estratégia existe desde 1896. Historiadores apontam a autoria ao engenheiro estadunidense nascido na Romênia Joseph M. Juran. Em 1941, ele pesquisou o trabalho do economista Vilfredo Pareto. Ele aplicava o método 80%-20% para questões de qualidade. A tese era a seguinte: uma questão é 80% problema e 20% causa. A interpretação passou a ser aplicada à corrida.

Aplicada ao atletismo, o princípio sustentava que 20% das rotinas de treinos resultam em 80% do impacto. Na prática, 20% deve ser de atividade de alta intensidade e 80% de capacitação fácil ou leve. Eliud Kipchoge virou cobaia da regra. O queniano passou a dominar a arte de correr altos volumes em baixa intensidade. O método dele foi analisado por um grupo norueguês e consta no artigo The Training Characteristics of World-Class Distance Runners (As características de treino de corredores de elite de longa distância). O texto analisa as táticas de 59 atletas olímpicos e de 16 treinadores.

Kipchoge corre em média entre 200km e 220km por semana. Do total percorrido, 82% a 84% é em intensidade fácil ou leve; de 9% a 10% em intensidade moderada, e de 7% a 8% em ritmo intenso ou em alta rotação. "Esses treinamentos dizem ao corpo o que é trabalho duro e também nos ajudam a correr de maneira suave". explica o astro do atletismo na conta pessoal no Instagram.

O mentor do maratonista é Patrick Sang, medalhista de bronze nos 3.000m nos Jogos Olímpicos de Barcleona-1992. Ele faz parte da equipe Global Sports Communication, o estafe profissional por trás do sucesso de Kipchoge. "A corrida longa nós fazemos uma vez a cada duas semanas. A ideia é alternar. Se o último fizermos em um percurso montanhoso, o próximo é em um nível médio", explica o especialista no documentário NN Running.

As experiências da parceria entre Sang e Kipchoge fizeram com que ambos elaborassem pensamentos valiosos sobre provas de longa distância. O maratonista afirma motiva: "Maratona é a vida. Ela tem altos e baixos. Quando você está atravessando os 42 km, há muitos obstáculos, é como na vida. Quando você encara situações difíceis na corrida, perceba que é um desafio. E ali é onde o sucesso está. Quando você está correndo bem, mas um desafio aparece, por favor, continue! Insista! Insista! Insista! E você vai superar. É sobre desafiar a si mesmo", diz em entrevista Raquel Castanharo, mestre em Biomecânica da Corrida, fisioterapeuta e especializada em corredores de rua.

Sang acrescenta: "A corrida nos mostrou que a mente humana é elástica quando se acredita em algo. Temos talentos e os nossos talentos precisam inspirar", ensina.

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