Em um confronto eliminatório da principal competição interclubes do planeta, a concentração é indispensável. Caso tenha sido deixada em casa, o prejuízo a se pagar pode terminar como irreparável. Na vitória do Barcelona sobre o Paris Saint-Germain, por 3 x 2, nesta quarta-feira (10/4), na capital francesa, pelo jogo de ida das quartas de final da Uefa Champions League, foi o aspecto mental o grande responsável por ditar o andamento do confronto dentro das quatro linhas.
No princípio, a atmosfera era toda do PSG. Em um Parque dos Príncipes abarrotado, o grande objetivo do clube da terra de Napoleão Bonaparte era intimidar o time azul e grená. Além do hino do time mandante, cantado incessantemente, cachecóis e bandeiras flamulavam por todo o estádio. Até mesmo um um grande banner, com a figura de Yoda, icônico personagem da saga Star Wars, foi erguido do lado norte das arquibancadas.
Dentro de campo, o embate teve tudo. Inclusive, emoção. Pelo segundo dia seguido, a Liga dos Campões viveu partidas portadoras de viradas nos respectivos placares. Raphinha, com dois gols, foi um dos grandes personagens do confronto.
No início, os ânimos pertenciam ao PSG. Desfalcado do atacante francês Barcola, Luis Enrique, treinador do time francês, se viu na necessidade de propor um invento tático. Mbappe, normalmente, ao menos no papel, o ponta esquerda, foi deslocado para o centro do ataque, enquanto o espanhol Marco Asensio foi o escolhido para ocupar a beirada.
A grande sacada, porém, ficou com o comportamento dos parisienses com a bola rolando. Enquanto o camisa sete flutuava dentro da área adversária, Asensio recuava, e se juntava a Vitinha e Lee na criação. Já o corredor esquerdo, ficava sob a responsabilidade do lateral esquerdo Nuno Mendes.
As ideias surtiam efeito. Sem deixar a primeira linha culé respirar, o Paris somava chegadas ao ataque. O Barcelona, porém, tinha as melhores chances. Lewandowski, de cabeça, esteve a centímetros de abrir o placar. A falta de desconcentração, porém, apareceu pela primeira vez. Em saída ruim de Donnarumma, Raphinha aproveitou sobra de cruzamento de Lamine Yamal e abriu o placar.
No entanto, coube à falta de desatenção, vitimar o outro lado do embate. Em Três minutos, francês virou o jogo. Com golaço de Dembélé e outro de Vitinha, o padrão estava estabelecido. Assim como no confronto entre Real Madrid e Manchester City, no dia anterior, o segundo tempo instaurava um espetáculo.
Mesmo como um pugilista nas cordas, o Barcelona respondeu 11 minutos depois. Aos 62’, Pedri, recém substituído, lançou Raphinha na área. O brasileiro, num voleio, pegou de primeira e deu nova igualdade ao placar. Ainda assim, a Liga dos Campeões fazia questão de mostrar o por que é tão emocionante. Da pequena área, Christensen completou batida de escanteio e proporcionou uma segunda virada no placar: 3 x 2.
Para o próximo confronto, na terça-feira (16/4), no estádio olímpico de Montijuic, em Barcelona, o mandante terá desfalques no meio de campo. Por acúmulo de cartões amarelos, Sergi Roberto e Christensen são baixas. Enquanto isso, porém, visita o Cádiz, no próximo sábado (13/4), às 16h, pela 31ª rodada do Campeonato Espanhol. Já o PSG, não terá desfalques, assim como não viverá outros compromissos antes da partida da volta.
O jogo
Como esperado, o PSG tomava as ações da partida e utilizava do intimidamento como a principal tática para uma boa largada. Com uma proposta de jogo um tanto diferente, o time francês somava subidas ao ataque.
Mbappe, ponta direita no papel, ocupava a função de centroavante, enquanto Nuno Mendes assumia a função de principal criador daquele lado. Foi justamente através dos pés dele que veio a primeira chance. Em jogada individual, se desvencilhou de Kounde e Cubarsí para chegar na cara do gol. Araújo, porém, apareceu na hora certa. O Barcelona, no entanto, mostrava crescimento.
À altura dos 20 minutos, teve, inclusive, a melhor chance da partida até aquele momento. Após cobrança de escanteio, Lewandowski, em bola dividida com Donnarumma, esteve a centímetros de abrir o placar. Nuno Mendes, quase em cima da linha, afastou o esforço. A recompensa, no entanto, viria mais tarde.
Em mais um episódio de insegurança de Donnarumma, Raphinha estava no lugar certo, na hora certa. Com o rebote de cruzamento de Lamine Yamal na área nos pés, bateu, de perna direita, para o gol livre, e abriu o placar. O segundo tempo reservava, contudo, maiores emoções. O PSG voltou do intervalo com mais energia. Em três minutos, virou o jogo com Dembélé e Vitinha.
Apenas 10 minutos depois, Raphinha se sacramentou como um dos grandes nomes da noite. De voleio, empatou o jogo e mudou o ritmo do confronto. O jogo, entretanto, ainda pedia mais. Bem posicionado, Christensen, dentro da pequena área, encontrou a sorte. Desmarcado, tocou, de cabeça, para dar nova vantagem ao Barcelona e dar números finais ao jogo.
Ficha técnica:
PSG 2 x 3 Barcelona
Quartas de final - Uefa Champions League (jogo de ida)
Gols: Raphinha (2x) e Christensen (Barcelona) ; Vitinha e Dembélé (PSG)
Cartões amarelos: Sergi Roberto, Christensen, Cubarsí e Fermín López (Barcelona); Vitinha e Beraldo (PSG)
Público: 48 mil
Arbitragem: Anthony Taylor (Inglaterra)
Paris Saint-Germain
Donnarumma; Marquinhos, Beraldo, Lucas Hernández e Nuno Mendes; Fabian Ruíz (Gonçalo Ramos), Kang In-Lee (Zaire-Emery) e Vitinha; Asensio (Barcola), Mbappe e Dembélé. Técnico: Luis Enrique
Barcelona
Ter Stegen; Kounde, Araújo, Cubarsí e Cancelo; Frenkie De Jong (Christensen), Sergi Roberto (Pedri) e Gundogan (Fermín López); Lamine Yamal (João Félix), Lewandowski e Raphinha (Ferran Torres). Técnico: Xavi Hernández
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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