Em julho de 1994, Romário de Souza Faria, o Baixinho, era destaque da Seleção Brasileira na conquista do tetracampeonato mundial e inspirou uma série de pais e mães a nomearem os filhos em homenagem a ele. Hoje, dois desses xarás dividem o holofote no jogo de volta da final do Campeonato Candango: Romário Henrique Faria, camisa 10 do Capital, e Francisco Romário da Silva Lima, artilheiro do Ceilândia, os Romarinhos. A dupla se enfrenta às 15h, no gramado do Mané Garrincha, valendo o título local e a bolada de R$ 1 milhão.
A coincidência entre os nomes não é apenas acaso do destino. Mais velho, o jogador do Gato Preto nasceu em 1990, pouco depois de Romário ter começado a carreira no Vasco e dar os primeiros chutes com a amarelinha. O motivo já estava aí: o pai, vascaíno, quis nomear o filho igual ao craque do clube de coração.
No caso do atleta do tricolor do Paranoá, a história tem contornos ainda mais curiosos. Ele veio ao mundo em 20 de junho de 1994, mesmo dia no qual o Baixinho brilhou e abriu o caminho da vitória do Brasil, por 2 x 0, contra a Rússia, na estreia da Copa do Mundo daquele ano. Durante o parto do futuro jogador, o médico sugeriu o nome e os pais aceitaram a assistência: era para ser craque.
O confronto entre Capital e Ceilândia, inclusive, é um dos mais "Romarizados" do Brasil. Em 12 encontros na história, as equipes balançaram as redes 38 vezes. Do total de gols, nove vieram de três atletas com qual nome? Claro, Romário. O Romarinho do Ceilândia detém a artilharia, com cinco tentos, seguido pelo rival do Capital, com dois. Outro xará, atualmente no Brasiliense, também fez um par.
"Eu tenho uma relação muito boa com o gol. É especial. A meta é sempre fazer um. Hoje, se Deus quiser, quero aumentar esses números, mas o foco mais importante é no coletivo. Queremos a conquista do título, independentemente de quem venha a marcar, o principal é vencer", contou ao Correio o maior goleador do Candangão 2024, autor de nove gols no campeonato pelo Gato Preto.
Um final feliz
Dono da melhor campanha do Distrito Federal no ano, o time comandado pelo técnico Paulinho Kobayashi quer fechar com chave de ouro aquela que já é a melhor campanha da história do clube no torneio local. Após cair na semifinal em 2022 e 2023, o Capital chegou à final pela primeira vez e garantiu vaga na Série D do Campeonato Brasileiro, na Copa do Brasil e na Copa Verde do ano seguinte. Terminar com vitória seria o final perfeito. "Nossa expectativa por essa conquista é a melhor possível. Nosso grupo está focado e confiante para construir o resultado e vencer esse título", mira o camisa 10.
Enquanto isso, o Ceilândia deseja encerrar a seca de 12 anos sem levantar o caneco. A última conquista veio em 2012 e, desde então, vieram quatro derrotas amargas em decisões: 2016, 2017, 2021 e 2022. Campeão do DF pelo Brasiliense, Romarinho esteve presente em três vices do Gato Preto, mas quer um novo desfecho pelo time da maior cidade do quadradinho.
"Meu título aqui em Brasília foi no mesmo Mané Garrincha. Espero mudar esse cenário junto com meus companheiros e conquistar esse campeonato pelo Ceilândia. O clube, a cidade e os torcedores merecem muito. Nossos torcedores têm comparecido em peso desde a Série D. Esperamos que eles venham em grande número mais uma vez para nos apoiar em busca desse tão sonhado título", torce o goleador.
A decisão do Candangão já teve a marca de outro xará. Em 2013, Romarinho, filho do Peixe, deixou o dele na conquista do Brasiliense contra o Brasília, com o ex-jogador presente na arquibancada. Hoje, se Deus apontar para um deles e disser "esse é o cara", os outros dois têm a chance de repetir a dose e levar para casa o título do quadradinho. Independentemente de quem marcar, Romário deu a bênção desde o nascimento.
*Estagiário sob supervisão de Danilo Queiroz