Após dezoito anos, um clube de fora dos quatro grandes do Rio de Janeiro surpreendeu e chegou à final do Carioca. Desta vez, o Nova Iguaçu, do técnico Carlos Vitor, fez uma campanha consistente na Taça Guanabara e eliminou o Vasco na semifinal. Em campo, um jogador, que chegou a formar um trio com Viní Jr e Lincoln na base do Flamengo, chama a atenção pelo Carrossel da Baixada: Bill.
Antes mesmo de chegar ao clube da Gávea, ainda nas divisões de base, o atacante iniciou seu caminho no futebol na equipe da Baixada Fluminense. Ainda jovem, o dedicado Bill saia de Heliópolis, em Belford Roxo, seja de bicicleta ou ônibus, para diariamente treinar no estádio do Laranjão. O desejo, aliás, era seguir os passos de outros nomes revelados pelo clube como Marcos Denner, William Barbio e Biro-Biro.
Aos 24 anos, depois de atuar com a camisa do Flamengo e rodar por outros clubes, inclusive do mercado europeu, o jogador teve a chance de retornar ao Nova Iguaçu. O contexto não era tão simples, visto que estava no Dnipro, da Ucrânia, em meio à guerra do país com a Rússia. Contudo, não pensou duas vezes em aceitar o convite do ex-jogador Andrezinho, que atualmente é coordenador da equipe.
De forma inesperada e instantânea, a volta para casa alçou Bill a protagonista do time finalista do Carioca. No momento, estufou a rede seis vezes e deu cinco assistências, em treze partidas no ano. Na ponta esquerda, contribui com velocidade nas transições, se destaca nos duelos individuais e incomoda a defesa adversária. Ao lado do goleador Carlinhos, vice-artilheiro do campeonato, com 8 gols, e Yago, forma um trio que tem chamado a atenção.
Trio promissor e assistência decisiva
Ainda nas divisões de base do Flamengo, Bill formou um trio de ataque promissor com Vini Jr e Lincoln. O atleta conquistou o Estadual Sub-17, em 2016, e viu o ex-companheiro, de São Gonçalo, alçar voos galácticos no Real Madrid, da Espanha. O centroavante, por sua vez, perdeu um gol decisivo diante do Liverpool no Mundial de Clubes de 2019 e, atualmente, joga no Vissel Kobe, do Japão.
No mesmo ano em que o Rubro-Negro ergueu as taças da Libertadores e do Brasileirão, o jogador foi decisivo, ainda antes da chegada de Jorge Jesus. Na decisão da Taça Rio, diante do Vasco, fez o cruzamento para o gol de cabeça de Arrascaeta no último minuto, deixando tudo igual no marcador. Em seguida, a equipe ficou com o título na disputa por pênaltis e venceu o Carioca meses depois.
Com a camisa rubro-negra, fez quatro jogos entre os profissionais e além da assistência para o uruguaio, marcou um gol, em 2020, diante do Volta Redonda. Além disso, teve passagens por Ponte Preta, CRB, Sport, Inter de Limeira e Rigas FC, da Letônia. Antes da Data Fifa, fez o gol decisivo diante do Vasco que colocou o Nova Iguaçu pela primeira vez em sua história na final do Estadual.
Fé e papel de cidadão
O atacante também cumpre o seu papel como atleta e cidadão e propaga sua fé nas comemorações. Geralmente, quando estufa a rede adversária, faz um gesto de simular um tiro com arco e flecha. Uma homenagem ao orixá Oxóssi, da Umbanda e do Candomblé. Bill é filho de uma Ialorixá, a Mãe Carla, que é bastante respeitada em Belford Roxo. Por fim, exerce um papel essencial contra a intolerância religiosa, assim como Paulinho, do Atlético-MG.