Nesta sexta-feira (22), será iniciado o julgamento da denúncia de abuso sexual feita pela ex-assessora de comunicação do Boca Juniors, Florencia Marcó. O acusado é Jorge Martínez, ex-técnico da equipe feminina do clube argentino.
O juíz Sergio Paduczak será responsável por conduzir o julgamento no Tribunal Oral no Criminal e Correcional N° 22, situado na cidade de Buenos Aires. E, antes do início dos procedimentos, Florencia disse palavras de tom sério em entrevista dada para o jornal La Nación.
De acordo com seu relato, importantes integrantes do Conselho de Futebol do Boca sabiam não apenas do seu caso que a envolvia, mas também de outros casos de abuso sexual envolvendo Jorge Martínez. Com a promessa, alilás, de que estavam se movimentando para tomar alguma atitude:
“Quando isso aconteceu, conversei com Jorge Bermúdez, Raúl Cascini e Marcelo Delgado. Eu os informei e contei tudo. Eles me disseram que já estavam conversando sobre isso com (Juan Román) Riquelme e também com Cristian, seu irmão. Todos eles foram informados. E eles me disseram que, supostamente, iriam tomar algum tipo de medida, mas nunca o fizeram. Eles sabiam que o abuso sexual era real e sabiam que não era só comigo.”
“Todos me ouviram e prometeram que encontrariam uma solução para isso, mas nada mudou. Em nenhum momento eles entraram em contato comigo, nem mesmo para perguntar como eu estava. Meu número de telefone é o mesmo de sempre. Quando falei com Bermúdez, ele me disse que, se algo mais acontecesse, eu deveria ligar para ele e ele nunca me atendeu”, acrescentou Florencia Marcó.
Apenas o começo?
Fato é que, com a ausência de posicionamento mais claro do Boca Juniors enquanto instituição, a imprensa argentina vem tratando o caso como uma possível ‘ponta do iceberg’.
Isso porque, com Martínez estando no cargo de 2019 até abril de 2023, informações de bastidores apontam que a prática de abuso começou ainda no início de sua trajetória como técnico. Situações essas que teriam acontecido, invariavelmente, durante viagens e compromissos oficiais do clube. Logo, a repercussão (e também o resultado) do julgamento poderia encorajar outras possíveis vítimas a se pronunciarem.