Hoje, o Real Brasília entra em campo diante do Atlético-GO para disputar um dos jogos mais importantes da curta história do clube, iniciada em 2016. Quando a bola rolar no Estádio Bezerrão, no Gama, às 20h, o time aurianil estará lutando contra os goianos por uma inédita classificação à terceira fase da Copa do Brasil. Técnicamente, o Leão do Planalto terá a gritante diferença entre elencos de séries A e D do Campeonato Brasileiro para escalar. Porém, no intuito de surpreender, a agremiação da Vila Planalto encontra em um conterrâneo um motivo cristalino para acreditar no sucesso.
Para isso, é preciso voltar no tempo. Mais precisamente para 1989. Naquele ano, a Copa do Brasil nem era tão tradicional. Novidade no calendário nacional, o mata-mata vivia a primeira edição. Coube ao Tiradentes representar o Distrito Federal no debute da competição. O adversário foi justamente o Atlético-GO. Então time de segunda divisão nacional, o Dragão chegou ao confronto com o mesmo favoritismo ostentado contra o Real Brasília. No entanto, a equipe goiana acabou surpreendida pelo campeão candango de 1988 e, em dois jogos, um na casa de cada participante, amargou a eliminação.
Embora a primeira fase daquela Copa do Brasil fosse decidida em confrontos de ida e volta, a partida no Distrito Federal foi primordial para definir a classificação do Tiradentes. Em 17 de julho de 1989, o rubro-negro de Ceilândia recebeu o Atlético-GO na antiga versão do estádio Mané Garrincha. Na ocasião, 395 pessoas pagaram ingressos para ver o time candango surpreender. Um gol de Moura, aos 27 minutos do segundo tempo, colocou a equipe candanga em vantagem. No compromisso de volta, realizado três dias depois, bastou aos brasilienses segurar um empate por 0 x 0 para confirmar a vaga local à sequência do mata-mata.
Em um primeiro momento, pode até não parecer, mas Real Brasília e Tiradentes carregam algumas conhecidencias além do fato de chegarem à Copa do Brasil como campeões candangos do ano anterior e terem o Atlético-GO pela frente. Em 1989, apesar de ter mantido a base vencedora de 1988, o hoje extinto clube rubro-negro de Ceilândia não foi tão bem em campo e não ficou entre os mais bem colocados do torneio local, acabando na quinta posição. O Leão do Planalto adotou a mesma tática de manter destaques do título de 2023, mas vem realizando campanha modesta na atual temporada: está em sétimo lugar e, embora corra risco mínimo de rebaixamento, não alimenta mais chances de alcançar o bicampeonato.
O refúgio aurianil na largada de 2024 é, justamente, a Copa do Brasil. A vitória contra o São Raimundo-RR por 2 x 1, no Defelê, na primeira fase do torneio nacional, garantiu uma robusta premiação de R$ 945 mil, valor importante para o planejamento da sequência da temporada, a qual reserva, ainda, a disputa da Série D do Brasileirão, a partir de abril. Além disso, serviu para elevar a moral da equipe, então mal das pernas no Candangão. Uma vitória contra o Atlético-GO, hoje, vale outro Pix, desta vez de R$ 2,205 milhões. O valor é garantido a quem chegar à terceira fase do mata-mata. Se houver empate nos 90 minutos regulamentares, a definição do classificado será feita nos pênaltis.
DF x Goiás
Além da importância moral e financeira para o clube, um triunfo do Real Brasília igualará o embate pessoal entre candangos e goianos na Copa do Brasil. Além dos jogos de 1989, ocorreram outros dois embates. Brasiliense e Goiás se encontraram nas edições de 2004 e 2009. Em ambas, o Esmeraldino levou a melhor. No primeiro duelo contra o Atlético-GO na história, o Leão terá de romper, além da diferença técnica favorável ao rival, um excelente retrospecto recente. Comandando pelo técnico Jair Ventura, o Atlético-GO vem de nove vitórias consecutivas, a maioria delas no Campeonato Goiano, no qual é finalista.
Acreditando na própria força ou nas coincidências do destino para eliminar o adversário goiano e ir adiante no torneio nacional, o Real Brasília quer o apoio da torcida candanga. Custando R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada), os ingressos estão sendo vendidos na internet, pelo site Bilheteria Digital. Hoje, as bilheterias do Bezerrão também comercializam as entradas horas antes de a bola rolar. Ao fim dos 90 minutos (e possíveis pênaltis), o Leão do Planalto saberá se, de fato, teve forças para rugir alto e entrar na história local na Copa do Brasil, assim como fez o conterrâneo Tiradentes, em 1989.