De um lado, uma tentativa de revigorar os ânimos. Do outro, um duelo para decidir o futuro no campeonato. É neste cenário que Brasília e Cerrado protagonizam um novo capítulo da rivalidade candanga na elite nacional, nesta sexta-feira (1/3), às 19h30, no Ginásio Nilson Nelson. Desta vez como mandante, o time azul quer devolver a derrota do primeiro turno, quando foi superado por 84 x 53, mas se encontra em situação desconfortável, em penúltimo lugar, enquanto o adversário verde ocupa a 16ª posição, a última da zona de classificação.
Mesmo em situações distintas, a ambição da dupla do Distrito Federal é a mesma: chegar aos playoffs. Com apenas 4 vitórias em 25 jogos, o Brasília já se vê distante da briga e só está na frente do lanterna Mogi pela vantagem no confronto direto. Já o Cerrado está com três triunfos na frente do adversário, sete no total, no mesmo número de compromissos. O desempenho coloca a equipe na briga com União Corinthians (10-17), Caxias do Sul (8-18) e Botafogo (6-22) por três vagas tidas como mais acessíveis. Com apenas mais 11 partidas para cada na reta final da temporada, o encontro candango é tido como determinante para ambos.
“Em termos de entrosamento, o Cerrado está melhor do que nós. É um jogo diferente, sempre importante, sabemos que não é igual aos outros. No primeiro turno, nossa atuação foi muito abaixo do esperado. Eles têm feito o papel deles, acredito que deverão ter uma vaga nos playoffs. O jogo vai definir muito, para os dois lados. Podemos aproximá-los de um possível confronto direto com o Botafogo”, explicou o técnico Dedé Barbosa, do Brasília.
Apesar disso, Dedé diz entender a disputa local como algo sadio. Além de empurrar ambas as equipes em direções positivas de competitividade, o ex-jogador defende a sequência de trabalhos longos nas equipes.
“Estamos aqui desde a temporada 2022/2023 justamente para ter continuidade. Passamos um perrengue dessa vez, pois não conseguimos nos programar da maneira correta. O time foi montado em cima da hora, mas é preciso fazer o melhor com o que temos. Não vivemos de desculpas. Para a próxima temporada, muita coisa vai mudar. Por enquanto, competimos com tudo o que temos”, disse o treinador.
Mais vivo no campeonato, o Cerrado chega motivado por uma boa performance contra o Flamengo, atual campeão da Copa Super 8, mas que terminou em derrota por 83 x 86. Ainda assim, a partida contra o rubro-negro é mais um exemplo do principal ponto a ser corrigido pela equipe: os detalhes. Com muitas derrotas decididas por uma margem pequena, o time candango tem um saldo de pontos de -51. A efeito de comparação, o São Paulo, em 10º, tem -46. Visitando o adversário local, o pensamento é de virada de chave para melhorar o quesito para chegar na pós-temporada.
“O time tem jogado muito bem, as derrotas vem por erros pequenos. Nossa defesa tem ido bem e o ataque está crescendo, melhorou bastante no segundo turno, o que nos permite fazer excelentes jogos. Agora o objetivo é manter, sabemos dos altos e baixos de uma competição longa, mas se continuar nesse nível podemos buscar as vitórias”, estipula o técnico Régis Marrelli.
“O que nos interessa é a vitória, indiferente do adversário. É lógico que tem todo um ambiente um pouco diferente, acaba sendo um clássico. Nós vamos jogar com Brasília e com o Botafogo na sequência, dois adversários diretos pela classificação, então são jogos muito importantes para nós. O objetivo é a classificação para os playoffs, temos condição de subir posições com essas vitórias, isso pode ser muito importante para nós, para o projeto. O time está muito legal, temos total condição de brigar realmente por essa classificação”, complementou.
Olho neles
Apesar da sequência ruim de performances, o Brasília tem em quem confiar dentro de quadra. Um dos líderes técnicos da equipe, o estadunidense Thomas Cooper é o cestinha, com 16,5 pontos de média, número que o coloca em terceiro em toda a liga na estatística em questão. Para ele, a função importante no plantel é uma honra, a preferência é por ser um “faz tudo”.
“Uma hora ou outra, vou fazer cestas, confio neste fundamento. Por isso, procuro ajudar como posso, de outras formas, dou duro dentro da quadra. A equipe é jovem, nós todos nos damos muito bem. Precisamos continuar sendo competitivos. Perdemos feio no primeiro jogo, mas vamos nos manter fortes para bater de frente com eles. Agora, estamos em casa, vai ser um jogo completamente diferente”, previu o ala.
Conterrâneo de Cooper, Daviyon Dreper chegou recentemente no Cerrado, mas já fez valer o impacto e se tornou o líder da liga em roubadas de bola por jogo, com 2,4. Contribuindo dos dois lados da quadra, ele reforça que os números são consequência do empenho em procurar fazer o time mais consistente na defesa.
“Meu foco é ser um jogador completo e vou sempre dar o melhor de mim por isso. Nosso time está melhor a cada treino, a cada jogo, então estou confiante de que podemos chegar aos playoffs com essa evolução que estamos mostrando. Sobre o próximo jogo, vejo cada um da mesma forma, mas é perceptível uma atmosfera extra. É importante para nós, somos os dois times da cidade, então definitivamente queremos ir lá e ganhar bem, para mostrar aos fãs que somos um bom time”, compartilhou Dreper.
De volta ao Brasília, Paulo Lourenço é outro destaque do time e lidera o elenco em rebotes (5,9). Além da contribuição em quadra, ele é um ponto curioso na partida por já ter estado dos dois lados da rivalidade. Esta é a segunda passagem pela equipe do Nilson Nelson, a primeira tendo sido entre 2015 e 2017, enquanto o tempo no Cerrado durou de 2020 até o começo de 2023. De acordo com ele, ter jogado pelos dois times torna o confronto mais emocionante.
“Já estive lá, tenho minhas raízes com o Cerrado, meu afeto. Isso torna o jogo mais duro, por querer mostrar o meu trabalho para eles, jogar com tudo o que tenho. Isso traz um peso maior, querendo ou não, torna o jogo mais especial para mim, do que para os outros. Também há a questão de que o nosso confronto direto são eles. “Vamos dar o nosso melhor para terminar a temporada bem. Todos nós queremos isso. Quem não quer?”, relatou.
Convidado para o desafio de habilidades do Jogo das Estrelas do NBB, Paulo vai marcar presença no evento pela segunda vez na carreira e encontrará por lá o armador Matheus Buiú. O jogador de 23 anos foi selecionado para o time de jovens estrelas e, apesar de não conter a felicidade e ansiedade em ter o talento reconhecido, ele reforça o foco total na partida desta sexta.
“Se me perguntam eu nem sei contar o que estou sentindo. É minha primeira vez, então na minha cabeça é um salto gigantesco que estou dando na minha carreira. Mas antes temos jogos importantes do Cerrado. Estamos nos preparando bem, concentrados, é um clássico pela frente e uma chance de concretizar nosso espaço nos playoffs. Eu, individualmente, estou vendo como quase uma final, o jogo da minha vida. Vamos com tudo para cima deles e que vença o melhor”, finalizou Buiú.
*Estagiários sob a supervisão de Marcos Paulo Lima