FUTEBOL

Saiba quais são os "apegos" da 12ª edição do Brasileirão Feminino

Versão 2024 do torneio mais relevante do cenário tem o Corinthians na caça ao quinto título consecutivo e disputa quase exclusiva entre as regiões Sul e Sudeste. Dos 16 times, o Real Brasília é o único "fora do eixo"

Meio-campista brasiliense Vic Albuquerque é um dos pilares do Corinthians na caça ao quinto título consecutivo do Brasileirão Feminino -  (crédito: Nayra Halm /Staff Images Woman/CBF     )
Meio-campista brasiliense Vic Albuquerque é um dos pilares do Corinthians na caça ao quinto título consecutivo do Brasileirão Feminino - (crédito: Nayra Halm /Staff Images Woman/CBF )

O campeonato é brasileiro, mas a representatividade parece restrita. A competição mais relevante do cenário feminino começa nesta sexta-feira (15/3) com uma espécie de crise de diversidade das quatro linhas. O mapa da 12ª edição da Série A1 do torneio chama a atenção para a participação de somente seis das 27 unidades da federação. No recorte das regiões, Norte e Nordeste ficam escanteados. Não fosse Brasília, o Centro-Oeste também estaria longe dos holofotes. Sul e Sudeste são as mais representadas, mas, ainda assim, há disparidade entre elas.

Organizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Brasileirão Feminino permite o desfile de 16 agremiações. Doze delas são sediadas no Sudeste, seis em São Paulo — Corinthians, Ferroviária, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e São Paulo. A quantidade é o dobro em relação ao Rio de Janeiro, com Botafogo, Flamengo e Fluminense, e a Minas Gerais, com América, Atlético e Cruzeiro. A região Sul é representada pela dupla gaúcha Grêmio e Internacional e pelas catarinenses do Avaí/Kindermann. O Real Brasília é o clube "fora do eixo". Na elite desde 2021, as Leoas do Planalto são as únicas do Centro-Oeste em 2024.

Na temporada passada, 10 estados de todas as regiões se orgulhavam de ter, pelo menos, um time na primeira prateleira do futebol feminino do país. As rondonienses do Real Ariquemes jogavam pelo Norte. Bahia e Ceará carregavam as expectativas do Nordeste. As alvinegras disputariam a Série A2 neste ano, mas a diretoria desistiu da participação e comunicou o encerramento das atividades com o elenco feminino. Sudeste e Sul eram maioria na temporada passada, com oito e quatro instituições, respectivamente.  

Embora englobe um grupo restrito, a edição 2024 do Campeonato Brasileiro Feminino não é totalmente negativa. Neste ano, a promete CBF prometeu reajuste de 25% na premiação do Campeonato Brasileiro. A entidade reservou R$ 25 milhões em recompensas. Anteriormente, cada participante embolsava R$ 30 mil. O número saltou para R$ 300 mil. Os classificados às quartas de final receberão o Pix de R$ 100 mil — R$ 25 mil a mais em relação a 2023. O campeão ganhará R$ 1,5 milhão e o vice, R$ 750 mil.

Outro ganho delas para a competição é a implementação do árbitro de vídeo, a partir do round entre os oito melhores clubes. A CBF também arcará com os gastos de logística e doping. O formato da competição segue de pontos corridos, com 15 rodadas. Em setembro, os oito melhores avançam às quartas de final e os quatro piores serão rebaixados para a Série A2. A 12ª edição pode ampliar a hegemonia paulista no torneio, sobretudo do Corinthians. Dos sete últimos canecos do estado, cinco foram erguidos pelas Brabas — Santos e Ferroviária soltaram o grito de campeão em 2017 e 2019.

Os candidatos ao título 

América-MG
Conquistou o primeiro acesso com a 4ª colocação na segunda divisão da temporada passada. Com a promoção, as americanas se juntam a Atlético e Cruzeiro como representantes de Minas Gerais na principal disputa do país. A diretoria do clube de Belo Horizonte fica em terceiro lugar no ranking de times que mais investiram no futebol feminino nesta temporada: desembolsou R$ 5 milhões.

Atlético-MG
As Vingadoras começam 2024 após uma luta sufocante contra o rebaixamento na temporada passada. A equipe terminou em 12º lugar, apenas três pontos à frente do Z-4. As jogadoras fecharam o ano com protestos contra as condições de trabalho. Resultado: diminuição no orçamento para a categoria.

Avaí/Kindermann
Inicia a disputa na competição com a volta da parceria entre o clube e a Associação Kindermann. A equipe atuou com o nome Avaí por duas temporadas, até oito dias após a eliminação no Brasileiro na primeira fase, no ano passado. A meia Dani Venturini é uma das principais jogadoras da equipe.

Botafogo
Embalado pelo título invicto da Copa Rio há seis dias, com a goleada por 4 x 0 sobre o rival Fluminense, o Botafogo retorna à Série A1 do Campeonato Brasileiro após dois anos de tentativas de guinada na segunda divisão. As alvinegras ficaram em terceiro lugar na disputa da A2 na temporada passada e têm como objetivo inicial permanecer na elite nacional.

Red Bull Bragantino
A equipe de Bragança Paulista está de volta à primeira prateleira do futebol feminino do país com o status de maior campeã da série A2, com o bicampeonato obtido em 2021 e 2023. Na temporada passada, venceram o Botafogo na decisão. É a segunda vez que o time sobe para a A1, dessa vez, na busca de se firmar entre potências.

Corinthians
As maiores campeãs estão em busca do hexacampeonato e da manutenção da hegemonia no país. A novidade está no banco de reservas. Substituto de Arthur Elias, Lucas Piccinato, técnico desde dezembro, iniciou o trabalho com os títulos Paulista e da Supercopa. O grupo é uma das bases da Seleção Brasileira.

Cruzeiro
Com quatro anos de criação, o elenco feminino celeste indica evolução no cenário nacional. Na temporada passada, conseguiu a classificação para a segunda fase, mas caiu para o hegemônico Corinthians nas quartas. As Cabulosas levantaram a taça do Campeonato Mineiro em novembro

Ferroviária
As atuais vice-campeãs anunciaram que investiram R$ 14 milhões na categoria feminina em 2024. O valor representa a maior aplicação de uma equipe feminina. Com três jogadoras na Seleção Brasileira, incluindo a promessa brasileira, Aline Gomes, as Guerreiras Grená chegam como uma das favoritas ao terceiro título.

Flamengo
Quinto colocado na temporada passada do Brasileirão e eliminado pelo Santos nas quartas de final, o rubro-negro aposta na experiência de algumas atletas. Sob a batuta da segunda maior artilheira da Seleção Brasileira, Cristiane, a equipe carioca mira voos mais altos na jornada com novos investimentos.

Fluminense
O tricolor das Laranjeiras é o caçula da edição. Estreia na Série A1 do Brasileirão Feminino, após ser vice-campeão da A2 em 2023. Neste ano, a equipe fez a estreia em um torneio oficial, mas brevemente. Jogaram a primeira fase da Supercopa do Brasil, mas foram derrotadas pelo Avaí/Kindermann, por 3 x 1.

Grêmio
O Tricolor Gaúcho entra em campo para superar o quase do ano passado, quando terminou a primeira fase em nono lugar, atrás do Cruzeiro. A campanha barrou a equipe de Porto Alegre das quartas de final. Primeiro desafio da trupe dos Pampas será contra o Corinthians.

Internacional
Apesar de não terem se destacado no Brasileirão do ano passado, as Gurias Coloradas conquistaram dois títulos importantes em 2023. A companhia do lado vermelho de Porto Alegre foi campeã do Gaúchão e da terceira edição da Brasil Ladies Cup. Além dos dois triunfos, disputaram a semifinal da Libertadores, mas eliminadas para o Corinthians.

Palmeiras
Começa o ano após dar adeus ao destaque do time. A atacante Bia Zaneratto se despediu depois de quatro anos de serviços prestados. No Brasileirão de 2023, a equipe foi “vice-campeã” a primeira fase. Nas quartas, porém, foram eliminadas para o São Paulo. Também perderam a final da Libertadores, disputada contra o arquirrival Corinthians.

Real Brasília
Começa o ano após dar adeus ao destaque do time. A atacante BiO único time do Centro-Oeste no páreo está em quarto lugar na lista de maiores investidores do futebol feminino em 2024, com os R$ 4,5 milhões aplicados. Em 2023, as Leoas ficaram na beira do abismo do rebaixamento, mas escaparam com a 11ª colocação. São as atuais campeãs candangas. Zaneratto se despediu depois de quatro anos de serviços prestados. No Brasileirão de 2023, a equipe foi “vice-campeã” a primeira fase. Nas quartas, porém, foram eliminadas para o São Paulo. Também perderam a final da Libertadores, disputada contra o arquirrival Corinthians.

Santos
As Sereias da Vila fazem a nona temporada no Brasileiro, terceira maior participação, juntamente ao Flamengo. Na temporada passada, a equipe alvinegra caiu nas semifinais contra o Corinthians. O único título do Santos no torneio foi em 2017, antes da hegemonia Corinthiana.

São Paulo
A equipe paulista ainda briga pelo primeiro título na categoria feminina profissional. No ano passado, surpreendeu nas quartas de final e eliminou o Palmeiras, time que havia ficado em segundo lugar na fase de pontos corridos. Em 2020, o elenco tricolor conseguiu ficar em terceiro lugar no torneio nacional.

Agenda primeira rodada

Sexta-feira (15/3)
19h Santos x Real Brasília
19h Ferroviária x Botafogo
21h30 Palmeiras x Flamengo

Sábado (16/3)
15h Fluminense x Atlético-MG
15h Avaí/ Kindermann x RB Bragantino
16h Cruzeiro x São Paulo
16h América-MG x Internacional

Segunda-feira (18/3)
20h Grêmio x Corinthians

Transmissão: SporTV (primeira fase) e TV Globo (fases finais)

*Estagiária sob a supervisão de Victor Parrini

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postado em 15/03/2024 06:00
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