A igualdade salarial no esporte feminino é uma luta constante das atletas. É um conflito além do pagamento, é uma busca por respeito. Engloba uma questão de gênero, de cobranças em cima das mulheres que não pesam para os homens. “Ser mulher é difícil em todas as áreas. Enfrentar vários ‘leões’ no dia nos faz mais fortes”, conta a capitã do Brasília Vôlei, Ju Carrijo.
A atleta, atuante na elite do Voleibol brasileiro, explica que além do esforço nas quadras, elas tem que saber driblar essas questões sociais. “Tenho orgulho em ser mulher, e orgulho das mulheres. A cobrança, mesmo que não explícita da sociedade, sempre está presente, mas não deixamos isso tirar o foco do que estamos fazendo”, completou Ju.
O vôlei brasileiro, contudo, é um ponto fora da curva. No país, ele é o único esporte em que as mulheres têm a oportunidade de ter salários superiores aos homens. A central da Seleção Brasileira, Carol Gattaz, diz que o vôlei feminino tem mais demanda, tanto da mídia, quanto dos fãs. “O Brasil é o país do futebol, não adianta. Mas de ter o vôlei assim, com tanta audiência, tantos fãs, a gente lotando ginásios, então isso é maravilhoso. E eu vejo isso como um progresso muito legal para nós mulheres”, disse a jogadora do Minas ao BHAZ.
O tênis é outro esporte em que há um avanço na igualdade salarial. Desde 2007 os Grand Slams têm o mesmo valor de premiação para mulheres e homens. Mesmo assim, as outras competições da modalidade não seguem a mesma linha, assim como os patrocínios. A polonesa Iga witek ocupa o topo da lista das tenistas mais bem pagas. Segundo a Forbes, a atleta faturou US$ 23,9 milhões (cerca de R$ 118,1 milhões) em 2023. Mesmo assim ainda está US$ 15 milhões atrás de Djokovic. O
A marca de Iga witek não é limitada ao tênis. Ela foi, em 2023, a atleta com maior salário do mundo. No quesito geral a diferença cresce ainda mais que somente na modalidade. Isso devido à arrecadação de Jon Rahm. O jogador de golfe ficou na frente de Cristiano Ronaldo, lucrado US$ 302 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) no ano.
Em janeiro de 2023, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) lançou o Programa de Desenvolvimento do Esporte Feminino, com o intuito de auxiliar as modalidades e as atletas no país. Na primeira edição atletismo, rugby, vela, vôlei de quadra, basquete 3x3, nado artístico, tiro com arco e wrestling foram os escolhidos pela entidade para participar. No anúncio da continuidade do programa, feito em dezembro do mesmo ano, Kenji Saito, diretor de Desenvolvimento e Ciências do Esporte do COB, declarou que a abrangência deve ser ainda maior em 2024. “Estamos observando uma mudança na forma como as organizações estão vendo a questão da inserção e permanência da mulher no esporte, assim como a necessidade de ações específicas para potencializar a performance das seleções femininas”, disse o diretor.
*Estagiária sob supervisão de Marcos Paulo Lima
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