Um espetáculo de grandes proporções, estrelas, música, festa, o país parando para ver. O roteiro é digno de um carnaval na Sapucaí, mas quem também vai desfilar no domingo de folia são os craques do futebol americano durante o Super Bowl LVIII, a 58ª edição da partida que define o campeão da NFL. No lugar das escolas de samba, quem toma conta da avenida é o atual campeão, Kansas City Chiefs, contra um dos maiores e mais tradicionais times da terra do Tio Sam, San Francisco 49ers. A partir das 20h30, com transmissão da ESPN, RedeTV e Star+, eles medem forças no Allegiant Stadium, em Las Vegas, para decidir quem leva a melhor.
A dupla já se encontrou no palco do megaevento em 2020, quando o Chiefs venceu por 31 x 20 para encerrar uma seca de 50 anos sem um título. A vitória, inclusive, confirmou o primeiro dos anos de domínio da franquia, que joga o quarto Super Bowl em cinco anos. Agora quem amarga uma série ingrata é o 49ers. Terceira equipe mais vezes campeã da NFL, o time da Califórnia não sabe o que é vencer desde 1995. Ou seja, vale a confirmação da dinastia para um lado, enquanto para outro é pelo fim de um jejum.
Os principais responsáveis por liderar cada plantel em campo são quarterbacks com trajetórias para lá de distintas. Pelo Kansas City, Patrick Mahomes já ostenta um currículo com dois Super Bowls, dois MVPs e seis finais de conferência em apenas sete anos de carreira. O camisa 15 já se estabeleceu como um talento geracional e é nome certo para o hall da fama do futebol americano.
Brock Purdy, do San Francisco, tem um perfil e moral bem diferentes. Última escolha do draft de 2022, ele recebeu o apelido de Sr. Irrelevante e sequer era considerado para ser titular, mas lesões de outros jogadores o fizeram ganhar a oportunidade na temporada passada. Fazendo valer a chance, o atleta foi até candidato a MVP na atual edição.
A diferença entre os dois é visível até no salário. Jogador mais bem pago da liga, Mahomes recebeu 53 mil dólares a cada passe tentado, totalizando U$ 44,5 milhões. Purdy, que recebe o mínimo permitido, ganha U$ 49,9 mil por jogo, U$ 985 mil no ano.
Um ponto em comum, no entanto, são as armas em campo. O Chiefs tem Travis Kelce, amplamente reconhecido como o melhor tight end dos últimos anos, além dos jovens Isiah Pacheco (running back) e Rashee Rice (wide receiver). O 49ers tem em Christian McCaffrey o running back mais talentoso da NFL, eleito como jogador ofensivo do ano. Além dele, nomes como George Kittle (tight end), Brandon Aiyuk (wide receiver) e Deebo Samuel (wide receiver) são mais peças fundamentais para Purdy.
As estrelas não param apenas no lado do ataque. Ambas as equipes têm defensores constantemente citados entre os destaques da liga e que são capazes de decidir qualquer partida. Chris Jones e Trent McDuffie lideraram o esquadrão do Chiefs para serem a segunda melhor defesa da temporada, cedendo 289.8 jardas por jogo para o adversário e apenas 17.3 pontos. A diferença é pequena para o que Nick Bosa, Fred Warner e companhia fizeram no 49ers, sofrendo 303.9 jardas e 17.5 pontos de média nos 17 jogos da edição.
O cenário se inverte quando o assunto é desempenho ofensivo. Ambas as franquias figuram no top 10, mas os californianos foram consideravelmente melhores, em segundo, enquanto os do Missouri foram 9º colocados no quesito. Com 398.4 jardas e 28.9 pontos por partida, San Francisco atropelou quem veio pela frente, mas agora é no tudo ou nada justamente contra uma defesa excelente. Ou seja, os dois têm tudo para darem um show.
Hora da festa
E falando em espetáculo, os torcedores que irão ao estádio, com ingressos na bagatela entre R$ 31 mil e R$ 142,8 mil, vão poder aproveitar ao vivo um dos momentos mais aguardados do Super Bowl: o show do intervalo. O escolhido deste ano é o cantor Usher, voz dos sucessos Yeah, OMG e DJ got us falling in love. O dia ainda terá performances de Post Malone, Reba McEntire e Andra Day.
Apesar de os holofotes do show estarem apontados para Usher, outra figura da música deve roubar a cena na noite: Taylor Swift. A "loirinha", como é chamada pelos fãs, engatou um romance com Travis Kelce, um dos principais nomes do Chiefs. A cantora é presença certa na arquibancada para torcer pelo amado e foi um fenômeno midiático para a liga. Desde setembro, quando o namoro da dupla se tornou público, o valor de marca da NFL e do Kansas City cresceram em R$ 1,6 bilhão devido à artista, segundo o Apex Marketing Group, além de bombar a audiência.
Para os supersticiosos, Taylor traz uma série de coincidências numéricas envolvendo o número 13, muito presente na partida. Nascida em 13 de dezembro de 1989, ela já foi a 12 jogos do Chiefs, ou seja, o Super Bowl 58 será o 13º. 5 + 8 é quanto? Claro, 13. E quem utiliza esse número? Brock Purdy, que vai ter o papel de liderar o 49ers e estragar a festa de Swift. O que isso significa? Nada, mas o entretenimento da mistura pop e esporte está sendo um sucesso na NFL.
É nesse cenário que Chiefs e 49ers se enfrentam para o maior evento esportivo dos Estados Unidos, transmitido para uma audiência superior a 200 milhões de pessoas mundialmente. Seja para a consolidação da dinastia de Kansas City e o legado de Mahomes, ou então o retorno de San Francisco ao topo e Purdy completando uma das histórias mais legais do esporte. Agora resta saber qual será a trilha sonora de Taylor Swift ao fim do dia, podendo ir de The Man (O Homem), em caso de vitória do amado, ou então o adversário da vez pode cantar em plenos pulmões Better than revenge (Melhor que a vingança). Hora do show.
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima