pré-olímpico

Vexame do Brasil no pré-olímpico era ensaiado desde a fase de grupos

Nem mesmo a promessa do bicho de R$ 10 milhões escondeu as limitações da Seleção mal treinada

 Argentina's Cristian Medina (Back) fouls Brazil's Andrey Santos (Front) during the Venezuela 2024 CONMEBOL Pre-Olympic Tournament football match between Brazil and Argentina at the Brigido Iriarte stadium in Caracas on February 5, 2024. (Photo by Federico Parra / AFP)
     -  (crédito:  AFP)
Argentina's Cristian Medina (Back) fouls Brazil's Andrey Santos (Front) during the Venezuela 2024 CONMEBOL Pre-Olympic Tournament football match between Brazil and Argentina at the Brigido Iriarte stadium in Caracas on February 5, 2024. (Photo by Federico Parra / AFP) - (crédito: AFP)

Medalhista nas últimas quatro edições dos Jogos Olímpicos com um bronze em Pequim-2008, prata em Londres-2012 e ouro no Rio-2016 e em Tóquio-2020, a Seleção de futebol masculino não irá a Paris-2024 em busca do tricampeonato. A derrota por 1 x 0 para a Argentina, ontem, em Caracas, deixa o país fora da competição pela primeira vez em 20 anos. A última ausência havia sido em Atenas-2004. Naquele Pré-Olímpico, a geração de Robinho e Diego ficou pelo caminho. Argentina e Paraguai foram à Grécia e decidiram o título. Os hermanos subiram ao alto do pódio. Coincidência ou não, ambos carimbaram o passaporte rumo à França. O Paraguai como campeão do Pré-Olímpico na Venezuela, e a Argentina, vice.

A CBF pagaria R$ 10 milhões pela classificação: R$ 7 milhões para os jogadores e R$ 3 milhões para a comissão técnica. Cada atleta receberia R$ 300 mil. O fracasso é mais um na coleção de maus resultados das seleções na atual gestão. O Brasil foi eliminado pela Croácia na Copa do Mundo masculina. Na feminina, caiu na fase de grupos. Deu adeus contra Israel nas quartas do Mundial Sub-20 e da Argentina na mesma fase no Sub-17. O país está em sexto nas Eliminatórias para a Copa de 2026. Em 2023, só venceu Guiné-Equatorial, Bolívia e Peru.

A crônica de uma eliminação anunciada começa com a manutenção do técnico Ramon Menezes no cargo. Ele havia dado sinais de que o emprego era grande demais para o currículo dele. Embora tenha alcançado a liderança do Brasileirão na quarta rodada de 2020 no lampejo batizado de “ramonismo”, o único troféu dele por clubes antes de assumir a missão era a Série C do Campeonato Goiano pela Associação Esportiva Evangélica (ASEEV), em 2015.

Ramon Menezes assumiu o cargo em 7 de março de 2022, quando o atual presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, ainda era interino depois da saída de Rogério Caboclo. “É um profissional que reúne todas as condições de fazer um grande trabalho à frente da Seleção Sub-20. Conhecemos as suas qualidades e ele terá aqui todas as condições para realizar um excelente trabalho nessa categoria que é essencial ao desenvolvimento do futebol”, justificou o dirigente ao ungi-lo para assumir a prancheta verde-amarela.

O técnico levou o Brasil aos títulos do Sul-Americano Sub-20 em 2023 e ao ouro no Pan de Santiago-2023, porém as duas campanhas mostraram a dificuldade da Seleção no quesito desempenho. O título contra o Uruguai no Sub-20 foi com muita dificuldade. O triunfo diante do Chile na final do Pan veio nos pênaltis.

Paralelamente, Ramon Menezes topou o desafio de comandar a Seleção principal em três amistosos depois do fim da Era Tite. Perdeu para Marrocos e Senegal e venceu Guiné-Equatorial. Ednaldo Rodrigues o afastou do cargo e contratou o interino Fernando Diniz. Ramon seguiu na Sub-20, mas o Brasil foi eliminado nas quartas de final do Mundial na Argentina por Israel. O treinador balançou, mas não caiu. Ganhou prêmio. Ednaldo o confirmou como técnico da Seleção Pré-Olímpica. O Pan seria o último laboratório antes do torneio disputado na Venezuela. A campanha dourada foi sofrida.

O Brasil se apresentou na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), em 8 de janeiro. Foram 15 dias de trabalho antes da estreia contra a Bolívia. A primeira impressão foi péssima. Mostrou um time sem pé nem cabeça dependente de Endrick. Se o time principal era ruim, o reserva mostrou-se pior na última rodada. Ramon escolheu poupar e perdeu para a Venezuela por 3 x 1.
A última exibição na fase classificatória virou trailer do filme de terror no quadrangular final. O Brasil perdeu do Paraguai na primeira rodada com direito a pênalti perdido por Endrick e gol feito desperdiçado por John Kennedy. Na sequência, veio a vitória dificílima contra a anfitriã Venezuela graças a um passe de Endrick para Guilherme Biro.

Decisivo com gols e assistências, Endrick foi substituído por Ramon Menezes, ontem, minutos antes do lance do gol da Argentina. Deixou o campo irritado pelo lado contrário ao do banco de reservas. Com uma preocupação a menos, a Argentina cresceu. Gondou aproveitou cruzamento da esquerda e estufa a rede do goleiro Mycael. Chegava ao fim o sonho do tri olímpico.

“A gente já falou antes desse jogo, sobre ser fracasso. A gente sai da competição muito tristes, porque não conseguimos o nosso objetivo. Sempre soubemos da nossa responsabilidade. Uma competição muito dura, que mostrou o que já tínhamos passado em outros torneios, só que antes houve final feliz. Não conseguimos sair com um final feliz. É frustrante, é desagradável. Todo mundo vai sofrer aqui com o que aconteceu. Mas agora é levantar a cabeça.”, disse o técnico Ramon Menezes na entrevista coletiva, em Caracas.

John Kennedy começou no banco, entrou e criou duas chances. Depois do jogo, ele desabafou: “Seleção do tamanho do Brasil não pode ficar fora da Olimpíada. Tristeza, mas um pouco de vergonha. Pouco não, muita vergonha”. O volante Andrey Santos também comentou. “Faltou um pouco de chegar e fazer os gols, matar os jogos. A gente pecou.”

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postado em 12/02/2024 03:55
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