Justiça

Justiça espanhola decide julgar Rubiales por beijo em Hermoso

Ato não consentido entre ex-presidente da federação espanhola e campeã do mundo será julgado pelo judiciário do país

Ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales será julgado pelo beijo não consentido que deu na jogadora Jenni Hermoso na cerimônia de premiação da Copa do Mundo Feminina, no ano passado. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (25/1) pelo juiz Francisco de Jorge, da Audiência Nacional da Espanha.

O magistrado tomou a decisão de levar Rubiales a julgamento após analisar provas e evidências do caso. E decidiu que há material suficiente contra o ex-dirigente espanhol para levá-lo a julgamento. O ex-executivo havia sido denunciado por dois crimes: agressão sexual e coação. Mas, em sua decisão, o magistrado não especificou os supostos crimes que serão julgados.

Em seu despacho, a autoridade escreveu que o beijo de Rubiales na jogadora foi "não consentido e realizado unilateralmente e de forma surpreendente". A outra denúncia sobre o ex-dirigente se refere a uma suposta tentativa de coagir a atleta a não iniciar uma campanha pública contra ele. A data do julgamento ainda não foi definida.

Apesar de inicialmente alegar que foi vítima de uma campanha liderada por "falsas feministas", Rubiales acabou renunciando ao cargo na federação e também na Federação Europeia de Futebol (Uefa), onde era um dos vice-presidentes, negando ter cometido qualquer crime. O juiz também decidiu que, junto com Rubiales, o ex-técnico da seleção feminina espanhola Jorge Vilda, o diretor esportivo da seleção masculina espanhola, Albert Luque, e o ex-chefe de marketing da federação Rubén Rivera deveriam ser julgados por supostamente pressionarem Hermoso a defender Rubiales, medida que ela se recusou a tomar.

Hermoso testemunhou perante o juiz de instrução este mês. A atacante de 33 anos, maior artilheiro de todos os tempos da Espanha, tem sido amplamente apoiado no país. O escândalo do beijo fez com que muitos esperassem que isso estimulasse um acerto de contas com o sexismo nos esportes espanhóis.

Com base numa lei sobre crimes sexuais, aprovada em 2022, Rubiales poderá receber uma multa ou até mesmo uma pena de prisão de um a quatro anos se for considerado culpado. A nova lei eliminou a diferença entre "assédio sexual" e "agressão sexual", aplicando punições a qualquer ato sexual não consentido.

Jenni e suas companheiras recusaram-se a continuar jogando enquanto o então presidente estivesse no comando e retornaram ao selecionado apenas semanas depois, quando o governo mediou um acordo do interino da federação para revisar seus protocolos e dar mais apoio ao time feminino. Isso incluiu a eliminação do termo "feminino" do nome oficial da equipe.

A Federação Internacional de Futebol (Fifa) baniu Rubiales por três anos, até depois da Copa do Mundo Masculina de 2026. A sua suspensão expirará antes do próximo torneio feminino, em 2027, que pode ser realizado no Brasil. A federação local também o considerou inapto para ocupar um cargo de gestão desportiva durante três anos.

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