FUTEBOL

A história de Michael Quarcoo, o maior artilheiro gringo da Copinha

Há menos de um ano, o lateral deixava mãe, irmã e namorada em Gana para realizar o sonho de viver da bola. Hoje, tira onda de atacante e colhe os frutos da jogada

É importante não confundir alhos com bugalhos e, muito menos, Gana com Gama. O país da África Ocidental é o berço de grandes jogadores, como o meia-atacante Abedi Ayew, o "Pelé ganês", o volante Michael Essien e outros. Agora, o motivo de orgulho da nação tetracampeã africana atende por Michael Quarcoo. Aos 19 anos, ele desponta como destaque do Capital na Copa São Paulo de Futebol Júnior e maior artilheiro estrangeiro das 54 edições do tradicional torneio de base, com seis gols em três partidas.

Três clubes do Distrito Federal entraram na Copinha. Somente o Capital ousou ir além da segunda fase. Muito disso pode ser creditado aos pés de obra do talento do lado de lá do Oceano Atlântico. Os números chamam muita atenção. Teórica e taticamente, Quarcoo não tem obrigação ofensiva. É lateral-esquerdo de ofício, mas isso não o impede de tirar onda de ponta. A ousadia e o repertório técnico foram as características que o trouxeram ao Brasil.

Concentrado com a delegação do Capital em Porto Feliz (SP) para o confronto que vale nas oitavas de final da Copinha, contra o América-MG, neste domingo (14/1), às 14h, Quarcoo compartilhou ao Correio que a história no futebol começou após um baque familiar. O goleador do time brasiliense

perdeu o pai em 4 de novembro de 2022 e resolveu deixar a terra natal, a mãe Leticia Appiah, a irmã Rosa Linda e a namorada, Ruth Tetteh, em busca de oportunidades melhores e aprimoramento na profissão que escolheu para seguir.

"Um vídeo meu jogando chamou a atenção e cheguei ao clube em junho do ano passado. Tudo isso fez parte do meu sonho de me tornar jogador profissional e de ser considerado um dos melhores do mundo", compartilha. "Sou muito grato a Deus por ser o artilheiro estrangeiro de uma edição da Copinha em 54 anos. Também me alegro em ajudar o Capital a alcançar um objetivo", acrescenta.

Coordenador de categorias de base do Capital, Roberto Patu lembra o início da parceria com o ganês. "Por meio do treinador Miluir Macedo, nós temos observadores em várias partes do mundo. O Quarcoo foi um de três que estávamos monitorando e, quando vimos a qualidade dele, fomos buscá-lo. Pagamos passagem, visto, contrato e oferecemos toda a estrutura para ele permanecer aqui", diz o dirigente.

Quarcoo vive boa fase, mas lida diariamente com marcações cerradas, como a distância da mãe, irmã e namorada e a dificuldade com a língua portuguesa. "É um idioma muito difícil para mim, mas meu professor e meu treinador estão me ensinando. Acredito que em breve conseguirei falar bem. Realmente, me sinto muito mal por estar longe delas, mas tenho que me esforçar e trabalhar duro para alcançar meus objetivos, para que eu possa desfrutar com eles e também com todos que me apoiam todos os dias com orações", ressalta.

Perguntado sobre quem é o maior ídolo africano na atualidade, Quarcoo diz: "Tenho muitos, mas vou de Victor Osimhen (Napoli e Nigéria) e Mohamed Kudus (Gana e West Ham)."

Hoje, o Capital tem a chance de figurar pela primeira vez entre os 16 melhores times de base do país. Quarcoo esbanja otimismo para despachar o atual vice-campeão. Na primeira fase, as duas equipes empataram por 2 x 2. "Venceremos o jogo, pois sei que Deus nunca falhará. Sei que nós, jogadores, junto à administração do clube, estamos prontos para fazer história hoje", garante.

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