FUTEBOL

Entenda as nuances da demissão de Diniz da Seleção e do flerte com Dorival

Sexto lugar nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 e jornada dupla minaram a efetivação do técnico do Flu na CBF. Aliado e adversário político aprovam interesse no comandante do São Paulo

“Quem manda é ele. Claro que o Dorival vai aceitar”. Assim, um aliado de Ednaldo Rodrigues, reconduzido à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na última quinta-feira (4/1), em cumprimento a uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), cravou em entrevista ao Correio o nome do terceiro técnico da Seleção em 13 meses após o fim da Era Tite.

Demitido de maneira pragmática nesta sexta-feira (5/1), com base nas duas vitórias, um empate, três derrotas e o sexto lugar nas Eliminatórias para a Copa de 2026, o sucessor de Ramon Menezes, Fernando Diniz, entregará a prancheta ao paulista de Araraquara. Aos 61 anos, o comandante do São Paulo tem, ao menos, uma característica parecida com a do italiano Carlo Ancelotti — sonho frustrado de Ednaldo. Dorival é pacificador e costuma ser adorado pelos liderados nos vestiários.

Costuma, pois um atrito com Neymar é marcante na carreira de Dorival. Em 2010, o técnico impediu o então Menino da Vila de cobrar um pênalti. O craque se rebelou em campo. Bateu boca com o treinador dentro e fora das quatro linhas. René Simões, então comandante do Atético-GO, disparou a frase “estamos criando um monstro” depois da partida. O clima pesou. Dorival Júnior não abriu mão da disciplina e deixou o Santos. Recusou até da multa contratual. Lesionado, Neymar está fora dos amistosos contra Espanha e Inglaterra, ambos em março, e da Copa América, de 20 de junho a 14 de julho. O reencontro só deve ocorrer no segundo semestre, na retomada das Eliminatórias.

Fernando Diniz tinha contrato até o meio do ano, porém Ednaldo Rodrigues preferiu não pagar para ver os resultados de março. Escolheu começar do zero na Europa a ter de demitir o treinador e reiniciar o trabalho na Copa América com outro profissional. A condução da demissão, sim, foi desastrosa. O presidente comunicou primeiro ao dirigente do Fluminense, Mário Bittencourt. Na sequência, explicou a Diniz, por telefone, o compromisso com o cartola tricolor de não tirá-lo das Laranjeiras.

O ex-técnico interino questionou sobre a mudança de postura. Antes do caos na CBF, havia escutado de Ednaldo que tinha respaldo para a sequência do trabalho. Ednaldo respondeu que a renovação do contrato de Carlo Ancelotti com o Real Madrid o obrigou e a nomear uma comissão técnica definitiva para a Copa. A decisão de Ednaldo repercutiu entre adversários políticos. Um deles acenou bandeira branca. Disse à reportagem não ter sido consultado, mas elogiou. “Acertou, está começando a acertar. Voltou bem”, riu.

A oficialização da contratação de Dorival Júnior depende do aval do presidente do São Paulo, Júlio Casares, e do pagamento da multa rescisória estimada em R$ 2 milhões.

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