A paixão entre Francisco Duarte e Eliana Ferreira é daquelas de cinema, com uma química que se reflete até mesmo em outro aspecto que faz o coração do par bater mais forte: o futsal. Juntos há mais de 30 anos, eles comandam o projeto social Arte e Líder, em Ceilândia, com objetivo de tornar o esporte alternativa para os jovens carentes da cidade mais populosa do Distrito Federal. As mãos dadas e as conversas ao pé do ouvido unem ainda mais os dois, o único casal a comandar uma equipe no Torneio Arimatéia de Futsal.
O primeiro capítulo dessa história começou em 1990. Ele, apaixonado por futebol, e ela, fã de handebol, decidiram achar um meio termo para promover a mudança social, até que, em 2008, surgiram com a ideia do Arte e Líder.
"Crescemos juntos e com o esporte. O objetivo inicial era montar um projeto para tirar as crianças da ociosidade. Compramos coletes, fomos para uma quadra de esporte perto de casa e começamos a brincar com a criançada do bairro. Com o tempo, mais jovens apareceram e a situação foi crescendo. Então, fomos atrás de melhorar cada vez mais", relembra Duarte, como é comumente chamado.
Depois, passaram das quadras públicas para ginásios e buscaram a profissionalização. O casal fez cursos com treinadores para aumentar a organização do Arte e Líder dentro e fora de quadra. As categorias aumentaram, englobando sub-13, sub-15 e adulto, o time começou a fazer parte da Federação e os troféus, consequentemente, começaram a chegar.
"Hoje, nós fazemos um trabalho totalmente social. Nosso sub-15, principalmente, são muitos garotos que estão na rua, podem aprender qualquer coisa, até para o mal. Eu já acordei de madrugada com pai me ligando pra ajudar o menino que estava prestes a fazer coisa errada. Pensamos em ter atividades entre de 19h a 23h, justamente para tirá-los da rua nesse horário, que, pela minha experiência como policial, sei que é perigoso. Com alguns, não dá certo, mas, só de ver um ou outro seguindo um bom caminho, nos alegra", explica o treinador.
Ainda assim, nem tudo são flores. O casal conta que buscou incentivo financeiro com políticos, mas nunca recebeu uma resposta positiva, assim precisam tirar dinheiro do próprio bolso para arcar com os custos de materiais e inscrições em torneios.
Mesmo com as dificuldades, os frutos na vida dos jovens estão sendo colhidos. Um exemplo é Robert Renan, zagueiro do Internacional e convocado para a Seleção. O brasiliense passou pelo projeto na adolescência e foi campeão sub-15 pelo time no Torneio Arimatéia.
Uma das orientações do casal para o sucesso nas quadras é o entrosamento. "Um dia, precisei vir sozinha e todo mundo me perguntava dele, e vice-versa. A gente se encaixa, não é a mesma coisa quando estamos separados, parece que está faltando alguma coisa", explica a esposa.
Na atual edição do campeonato, o Arte e Líder caiu no começo do mata-mata após perder nas oitavas por 1 x 0. Eliana assume que sente mais as derrotas, principalmente pelo esforço dos jogadores, que por vezes recusam dinheiro de outras equipes para jogar no time do casal.
"Somos uma família, nossa relação com eles é praticamente de pai e filho. Envelheci com eles, agora eles estão ficando marmanjos comigo, convivem em nossa casa", ressalta Francisco.
Após mais de uma década tocando o projeto esportivo em Ceilândia, o par torce para que surjam iniciativas semelhantes. "É muito gostoso fazer isso ao lado de quem você ama. São poucos os que querem. Infelizmente, o apoio é escasso, mas saber que você pode estar fazendo o bem a uma criança, ainda mais junto de pessoas especiais, faz valer a pena", discursa Duarte.
*Estagiário sob a supervisão de Victor Parrini
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