O Botafogo vive um 2024 angustiante. Enquanto o técnico Tiago Nunes quebra a cabeça para escalar o time nesta edição do Campeonato Carioca, a SAF (Sociedade Anônima do Futebol) atravessa o seu pior momento na busca por reforços. O relógio joga contra. A Copa Libertadores já bate à porta. A menos de um mês da estreia pela fase eliminatória, o clube não conseguiu fechar o elenco. Se alguma cara nova chegar, não terá, portanto, o tempo ideal de uma pré-temporada adequada para a série decisiva contra Melgar (PER) ou Aurora (BOL).
Sócio majoritário da SAF e dono de 90% do futebol alvinegro, John Textor dá as cartas, ao lado de seu fiel escudeiro André Mazzuco, diretor esportivo. A dupla, ainda em 2023, assegurou que o Botafogo teria uma postura agressiva na janela de transferências. No entanto, as palavras se desmancham no vento conforme o clube vai recebendo sucessivas negativas de seus alvos. Por ora, somente algumas bravatas do mandachuva e poucas ações concretas.
A maior dor de cabeça do mundo no Botafogo
A lateral direita é um verdadeiro drama. A torcida sequer pode criticar alguém do setor por um simples motivo: não há jogadores de ofício na posição. Rafael, lesionado, retorna somente em março. Ponte serve a seleção uruguaia no Pré-Olímpico da Venezuela. Nunes, então, tem duas alternativas: improvisa e perde alguém de outra posição ou joga no 3-4-3, esquema tático diferente do ano passado e ainda em manutenção.
Ciente da gravidade do quadro, o Botafogo foi ao mercado e se embananou por Manafá, anunciando um jogador que ainda não havia desembarcado no Brasil para realizar exames médicos. O português ficou no Granada (ESP), que rapidamente o vendeu para a China. Antes, o clube queria Advíncula, vice-campeão da Libertadores pelo Boca Juniors. Mas os argentinos batem o pé e só liberam com o pagamento da multa rescisória do defensor peruano.
Entre rumores e interesses, nos últimos dias também apareceram os nomes de Matheuzinho, do Flamengo, e Pastor, do Farense, de Portugal. Este cenário de indefinição deixa o próprio técnico Tiago Nunes arrancando os escassos cabelos brancos.
“Matheuzinho? É jogador do Flamengo, então, por que tenho de falar? Não comento especulações. Um novo lateral? Dezenas são indicados por dia. O mais fácil é contratar o primeiro que aparece. Temos que escolher um nome que se encaixe”, respondeu Nunes.
Nega y nega
Na corrida contra o tempo, o Botafogo foi atrás do volante Allan, ex-Vasco, Napoli (ITA) e Everton (ING). A família botafoguense o colocaria mais próximo do Nilton Santos, acreditavam os otimistas. Mas o cabeça de área preferiu ficar no Al-Wahda, dos Emirados Árabes. Na mesma posição, Wendell, do Zenit (RUS), apareceu no radar. Entretanto, o técnico daquela equipe, Sergey Semak, já avisou que o jogador fica, no mínimo, até o meio do ano.
Além da dupla de volantes, o Botafogo recorreu à América do Sul para encontrar um meia central e nada: Medina não saiu do Boca Juniors, e Rollheiser preferiu trocar o Estudiantes (ARG) pelo Benfica (POR). Hoje, o reserva de Eduardo é Montes, jogador da Nicarágua que não chegou a completar uma partida inteira em 2023.
Alento, pero no mucho
O Botafogo, enfim, se aproximou um pouco mais de um nome de peso em 2024: Luiz Henrique, garoto que se destacou no Fluminense em 2022 e está no Betis: 20 milhões de euros (R$ 106,6 milhões), cifra que coloca o clube no mesmo patamar dos protagonistas no Brasil. O problema é que o possível reforço não chega para uma função carente. Muito pelo contrário. Se há posições no campo com leque de opções são as pontas.
Por fim, a torcida só vai acreditar que Luiz Henrique está no Botafogo quando o juiz apitar o início do jogo, e o atacante der o seu primeiro toque na bola com a camisa alvinegra. Antes disso, nada feito.
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