Dois fatos marcaram o começo do fim do ano no futebol do Brasil. Um é o primeiro aniversário da morte de Pelé, o maior jogador de todos os tempos. Um gênio absolutamente inesquecível para quem teve a oportunidade acompanhá-lo por praticamente toda a carreira, ao vivo e na TV. E que deixa escorrer lágrimas pelo rosto ao ver imagens da Copa do Mundo de 1970. Isso é algo incompreensível para as novas gerações, que jamais terão a idéia do que a conquista – e o momento que a cerca – representam, em todos os sentidos.
A propósito, este que vos escreve está elaborando um documento fantástico sobre a história do Maracanã, Nele, narro todos os fatos que ocorreram ali. Isso inclui os que não têm qualquer ligação com o futebol, de atividades bastante distintas, muitos desconhecidos da maioria. Enfim, a presença positiva de Pelé no trabalho é freqüente. Do começo ao fim, e o bastante para elegê-lo o maior personagem dos quase 75 anos de existência do estádio.
Além de Pelé, Ancelotti
O segundo dos acontecimentos de fim de ano é a informação que chega da Espanha, contando que Carlo Ancelotti renovou contrato com o Real Madrid. Afinal, isso que significa que o cidadão não dirigirá a Seleção Brasileira a partir de 2024, como afirmou, um dia, a CBF.
Ora, será que alguém acreditou, em algum momento, que o sujeito largaria a situação confortável que desfruta em Madri, em um contexto geral, para viver o caos que há no Brasil? Um país estranho para ele, cujo idioma não domina, que é frequentemente envolvido em episódios distintos de corrupção e violência. Além disso, pratica hoje um futebol em plano inferior ao da Europa, dirigido por uma entidade que vive sob a mira da Justiça. E que, por fim, lhe pagará salário distante do que recebe no Real.
Sim é provável que em algum lugar, Ednaldo Rodrigues, o ex-cartola afastado da presidência da CBF, tenha encontrado com Ancelotti. E que o treinador italiano tenha comentado, até por educação, ou quem sabe, para se ver livre do baiano, que poderia pensar no assunto.
É possível também que ao deitar, em busca do sono diário, o treinador até tenha projetado a possibilidade de ocupar o cargo. Afinal de contas, o Brasil já cinco vezes campeão do mundo, e possui um punhado de bons jogadores. Mas na noite seguinte, após tomar conhecimento, por conhecidos, que no Brasil até o passado é incerto, como disse um político, Ancelotti dormiu rápido, antes de admitir uma troca do que desfruta em Madri pelo país do faz de conta.
Esse é o Brasil
Cá entre nós, parece que sussurraram no ouvido do técnico italiano do Real que no Brasil prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme e traficante se vicia. Que ministro da Fazenda sonega, políticos em geral integram conselhos de ética e bandidos dirigem seus negócios de dentro da cadeia.
Disseram ao cidadão também que os seus colegas brasileiros andam vibrando com a possibilidade de dominar o adversário por 20 minutos. Mas, depois, perder por 4 a 0. Foi aí, ao que parece, que o cidadão preferiu, definitivamente, renovar com o clube madrilenho.
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