Um dos valores mais pregados pelo técnico Fernando Diniz não alcançou a altura de uma final de Mundial de Clubes. A atenção total falhou em momentos cruciais, comprometendo nos 4 x 0 finais do Manchester City diante do Fluminense, nesta sexta-feira (22/12), no Estádio Rei Abdullah, em Jedá, Arábia Saudita.
O gol precoce de Julián Álvarez condicionou a uma situação de jogo diferente do que se imaginava na prévia. Um Flu nervoso e ainda mais pressionado pelo placar já ao primeiro minuto teve um baque maior que o necessário para arrancar. Apresentou bom trabalho com a bola, chegando a quebrar a primeira linha de marcação, mas sem ferir a defensiva dos Citizens.
A circunstância de jogo se manteve para os 45 minutos finais, impactando em novas ocasiões apenas a bateria de mudanças feita por Diniz aos 15, sem tanto tempo hábil para tentar algo distinto. Entretanto, isto se deu sem o mesmo ímpeto e energia da primeira etapa, natural frente a um time de maior condição física como o campeão europeu, que consolidou o placar com a dobra dos gols.
A mesma pressão sem bola que rendeu o primeiro gol seguiu de forma incessante como uma das marcas de Pep Guardiola durante todo o primeiro tempo, até que se chegasse a ter a bola. Na etapa final, com a vitória consolidada, os britânicos variaram as alternativas de jogo, em cenários que mudaram, com o tempo, de acordo com a conveniência do time.
Fábio — Nota: 7
É curioso que um goleiro se destaque mais pelo trabalho com os pés do que pelas mãos. A personalidade e coragem na saída de bola, até deixando a meta vazia, desprendia a primeira marcação e valia a enorme posse do Flu. No mais, não comprometeu quando foi exigido nas raras finalizações após furos de bloqueio. Com uma defesa mais suscetível na evolução do jogo, não tinha tanto o que fazer para impedir tal resultado.
Samuel Xavier — Nota: 6
Esteve receoso para subir e ajudar na armação, mais preocupado com a marcação. Em suas costas, Foden entrou para marcar o segundo. Não agregou. Os ingleses passaram a atuar mais em seu lado ao descobrir os espaços vagos. No seu lado, saiu a jogada do terceiro gol, no cruzamento de Álvarez para Foden.
Nino — Nota: 6
Tem parte de culpa ao não notar as finalizações de Nathan Aké, no lance do primeiro gol, e a chegada de Phil Foden, para o segundo. Em jogos grandes, fica explícito como o mesmo se torna uma sombra de zagueiros mais expressivos, nesse caso, de Felipe Melo.
Felipe Melo — Nota: 7,5
Era o elo de segurança na pressão sem bola dos Citizens no meio da área. Os jogadores do time inglês pouco pisaram seu espaço, fechado de forma devida mostrando a justiça da sua experiência. Nos 15 minutos que jogou na etapa final, manteve a constância e até mereceu mais tempo no jogo.
Marcelo — Nota: 7
Da saída de bola apertada e arriscada à armação, a experiência do lateral-esquerdo foi uma das vias de jogo. Foi o melhor atleta tricolor em campo, mostrando sua vigência e contrariando o jornal The Telegraph. Para o seu azar, pesou contra a atuação o lançamento errado na defesa, que acarretou no primeiro gol.
André — Nota: 6,5
Justamente quem precisava entrar mais antenado foi quem deu condição de jogo para o precoce gol de Julián Álvarez. Se fez notar bem mais pela sua principal característica, de presença como primeiro homem de meio campo, com caráter defensivo: um tradicional volante, pouco apto para os tempos atuais, pelo menos nesta final.
Matheus Martinelli — Nota: 6
Seja em saída de bola, seja pela marcação, pouco se fez notar o segundo volante brasileiro. Assim como contra o Al-Ahly, pouco apareceu, expressando-se mais com a marcação no segundo tempo, respondendo mais com o vigor, quando a equipe necessita, do que propriamente pela capacidade de criação.
Keno — Nota: 6
Apareceu com relativa liberdade e formando espaço em algumas ocasiões, mas sem tanta evolução com a bola. Esteve novamente abaixo, assim como na semifinal, justificando sua saída no intervalo, mais pela necessidade de reação do que propriamente pela atuação.
Jhon Arias — Nota: 8
Conhecido como uma arma pelas pontas, apareceu como opção de passes pelo meio, orquestrando o começo das ofensivas do Flu no campo de ataque. Passada a intensidade inicial, exigiu trabalho de Ederson com cabeçada aos 40 do primeiro tempo. Mesmo com um cansaço por chegar, seguiu como opção pela direita no restante da partida.
Paulo Henrique Ganso — Nota: 6,5
Presente na marcação e na busca da bola mesmo na própria linha de fundo, se esforçou para tentar dar vida ao jogo tricolor em sua melhor fase, no primeiro tempo. Sua condição física não permitiu, porém, que agisse em situações de contra-ataque, ficando inapto a estas condições de jogo logo após o 2 x 0. Era um nome para sair no intervalo.
Germán Cano — Nota: 6,5
Na pressão sem a bola, apareceu para incomodar a zaga, uma vez que a única oportunidade que teve foi em um pênalti não ocorrido por impedimento aos 16 do primeiro tempo. Estava novamente muito marcado, sendo preocupação pessoal para Guardiola, como dito pelo espanhol nos dias anteriores.
John Kennedy — Nota: 7
Apesar da crescente estrela, é de enorme dificuldade ser homem de referência contra a zaga do melhor time do mundo, motivo inicial pelo qual o camisa nove ingressou no jogo após o intervalo. Aos 19 minutos, teve chance de finalização, mas esteve apertado por uma marcação enorme na frente do gol. Aos 35, levou três marcadores e testou Ederson de fora da área, mostrando uma boa atuação na meia hora que jogou.
Diogo Barbosa — Nota: 6,5
Não comprometeu ao substituir Marcelo, sobretudo porque os britânicos não decidiram atuar pela sua ponta, apesar do gol final ser em seu lado. Chegou a ensaiar um contra-ataque, mas, sozinho, errou um cruzamento que buscava Germán Cano na área, marcado.
Aleksander — Nota: 6,5
Veio a campo para dar mais presença pelo meio e desafogar a persistente pressão contra a defesa na saída de bola. Por mais que não tenha tocado tanto a bola, cumpriu o objetivo.
Lima — Nota: 7
Entrou com a velocidade que a equipe precisava para o segundo tempo. Destaque para seu lance na linha de fundo, aos 19 da etapa final, servindo John Kennedy, que não chutou a gol. É um nome que aspira à titularidade no Fluminense em 2024, com méritos durante toda a temporada e também nesta ocasião.
Marlon — Nota: 5,5
Comprometeu em situações na semifinal e na final. O ataque teve ainda mais espaço para o quarto gol, de Julián Álvarez, livre para abrir e fechar a goleada.
Fernando Diniz — Nota: 6,5
Sua fidelidade ao sistema de jogo foi maior do que a preocupação com a velocidade imposta pelo futebol europeu. Talvez conformado por antecipação, demorou a aplicar alternativas para reagir, mexendo pela primeira vez apenas no intervalo e outras três vezes apenas aos 15 da etapa final.
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima
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