A pergunta que todos fazem pelas ruas é a mesma, “o Fluminense tem chance de ganhar o Mundial? ” Tem, antes de tudo, por duas razões básicas: possui uma boa equipe, incluindo o técnico, e porque no futebol quase tudo é possível. Quase? Sim, pois o Sampaio Correia, de Saquarema, estreante no Estadual do Rio em 2024, jamais venceria o Manchester City.
A propósito, pelo que você leu, o articulista já considera que o Tricolor e o time inglês decidirão o título. Pois vamos por partes, como dizia Jack, O Estripador. O Fluminense enfrentará, se chegar à finalíssima, dois clubes que ganharam, nos últimos cinco anos, ou seja, desde 2019, um total de 26 títulos, nacionais e continentais. O Al Ahly, do Egito, adversário de segunda-feira, 18 de dezembro, 12 deles, e os Citizens, 14. Ambos são os atuais tricampeões de seus países.
Fluminense não repetirá os erros do Flamengo
Mas não parece, à distância, que o Fluminense foi à Jeddah para repetir os erros – bravatas, arrogância e ignorância – do Flamengo na edição 2022 do Mundial. Um dirigente rubro-negro chegou a afirmar que a semifinal do torneio era “mera formalidade”, e o clube da Gávea acabou caindo diante de um adversário da Arábia Saudita. Os tempos mudaram. Ninguém vai afirmar aqui que “não tem mais bobo no futebol”, como muitos insistem. Há um mês, como exemplo, a França fez 14 a 0 em Gibraltar. Mas as equipes – fora da Europa, é claro – que disputam o Mundial já não são mais frágeis como há 10 anos, quando eram de fato coadjuvantes, e perder para uma delas – e isso aconteceu – configurava notadamente desprezo.
Hoje têm, quase sempre, investimentos milionários e estrutura suficientes para ameaçar. O Fluminense está efetivamente silencioso em relação ao desafio, encarando com toda a seriedade possível, porque está de fato preparado e disposto a ganhar, e não a cantarolar as musiquinhas orquestradas por Marcos Braz. O Tricolor é superior ao Al Ahly, e é provável que Fernando Diniz, ao contrário do fantástico navegador lusitano Vitor Pereira, tenha adquirido conhecimento sobre os times egípcio e japonês – cujas partidas não são exibidas pela TV brasileira – e é claro, sobre os Citizens, cujos compromissos estão todas as semanas na nossa telinha.
Não é simples, ao contrário do que supôs o maestro Braz, espécie de Carlos Gomes da Ponte Preta. É interessante citar que os outros três clubes que brigam pelo título com o Fluminense não apresentam regularidade nos seus últimos 10 jogos. O Urawa Reds, do Japão, adversário do Manchester City, apresenta derrotas no campeonato de seu país, e na própria Liga dos Campeões da Ásia, duas para o sul-coreano Pohang Steelers, e uma para o Há Noi, do Vietnam. Sim, Há Noi. É assim que escreve. Mas ganhou do mexicano León no Mundial.
O City, hoje
O próprio City atravessa fase pouco recomendável, muitos empates que não teriam sentido em outras ocasiões, como o 2 a 2 de hoje – sábado, 16 – com o Crystal Palace. E estará desfalcado do belga De Bruyne e do norueguês Haaland. Mas chegará a Jeddah pronto para conquistar o único título que não tem. Aliás, não acredite, Fluminense, naquela historinha que “os europeus não dá importância ao Mundial”. O último a perder por lá foi Chelsea, para o Corinthians, em 2012.
Quanto ao Al Ahly, rival de segunda-feira, não sofreu derrota nos últimos 10 jogos, e até perdeu pontos na Liga dos Campeões da África para o Young African, da Tanzânia, mas não teve problemas para vencer o Al Ittihad, dos hoje bilionários sauditas, por 3 a 1, garantindo o encontro com o Fluminense.
Há ainda um detalhe, nesse pequeno grande campeonato, que o Tricolor deve prestar atenção: talvez não seja interessante para os Citizens perder o Mundial. Como já ocorreu com outros clubes europeus, antes e depois da Fifa meter a colher no processo. Não é só bola rolando que conta. O Palmeiras perdeu recentemente de forma estranha. Fica o recado. A Fifa pretende mudar as regras a partir de 2025 e ficará mais difícil ganhá-lo.
Mas é preciso, no momento, driblar bravatas, arrogância, ignorância, bastidores, enfim, algo além de futebol para vencê-lo. O Fluminense pode, sim, fazê-lo. Caso contrário, seria desnecessário disputá-lo, acreditando que tem uma boa equipe, e porque no futebol quase tudo é possível.
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