Rio de Janeiro — O convite do Comitê Olímpico do Brasil para um “sextou” diferente na Barra da Tijuca era bem claro quanto à descrição da vestimenta: traje passeio. A exigência era diretamente proporcional à altura do espetáculo no complexo cultural da Cidade das Artes, Zona Oeste da capital fluminense. Protagonistas do esporte do país neste ano, os atletas trocaram os fornecedores de material do dia a dia por grifes elegantes para desfilarem pelo tapete vermelho e receberem a materialização do reconhecimento do Prêmio Brasil Olímpico pelos serviços prestados na temporada.
A cerimônia de gala na Cidade Maravilhosa foi uma espécie de brinde a mais um ano de evolução e recordes quebrados. Nos bastidores da premiação, muito se falava sobre os 205 pódios verde-amarelos na campanha de segundo no quadro geral de medalhas dos Jogos Pan-Americanos de Santiago — a melhor marca da história do país. Competidores, comissões e o COB celebraram bastante as 19 conquistas em campeonatos mundiais ou torneios semelhantes. Embora seja necessário guardar as devidas proporções e particularidades de cada torneio, não custa nada pensar: e se as Olimpíadas de Paris fossem agora?
Certamente os resultados seriam animadores, mas a euforia e projeções ficam para a torcida. Os heróis das águas, quadras, tatames, tablados e campos preferem viver o “aqui e agora”. Rebeca Andrade que o diga. A queridinha do Brasil foi figura ativa na melhor campanha do país no Mundial de Ginástica Artística, disputado em outubro na Antuérpia, na Bélgica. Cinco das seis medalhas para a Seleção no torneio no Velho Continente tiveram participação da paulista de Guarulhos. De quebra, a atleta do Flamengo fechou o Pan no Chile com quatro condecorações — duas de ouro e duas de prata. O título no salto a colocou em um patamar ainda mais elevado: de campeã pan-americana, mundial e olímpica na categoria.
A trajetória dourada não foi fechada com chave, mas, sim, com o Troféu Rei Pelé para a melhor atleta do país em 2023. Mesmo de “folga”, Rebeca quebrou dois recordes. Aos 24 anos e desbancar a tenista Beatriz Haddad Maia e a dupla do vôlei de praia Duda e Ana Patrícia, tornou-se a primeira mulher a faturar três vezes a principal estatueta do Oscar do esporte brasileiro e a pioneira com o tricampeonato em edições consecutivas, masculino e feminino. Está imbatível desde 2021. Agora, está isolada com o ex-nadador e trimedalhista olímpico, Cesar Cielo.
O líder do ranking é o canoísta Isaquias Queiroz, dono do prêmio em 2015, 2016, 2018 e 2021. A força dos braços do baiano de Ubaitaba deu lugar à precisão de Marcus D’Almeida. O carioca é número um do ranking internacional e atual campeão mundial do tiro com arco e teve o passaporte carimbado para a terceira disputa olímpica da carreira, em Paris-2024. Quem viu a alegria do atleta de 25 anos talvez não imagine o páreo duro enfrentado por ele: concorreu com o conterrâneo Hugo Calderano, líder do ranking mundial do tênis de mesa, e Filipe Toledo, bicampeão do mundo de surfe.
Os embalados da sexta à noite pararam por aí. Competidores de outras 55 modalidades foram premiados individualmente. Treinadores também foram prestigiados em categorias coletivas e individuais. A 24ª edição do Prêmio Brasil Olímpico contou com novidades. Também estiveram estão no cronograma da cerimônia de grama: Retorno do Ano, Equipes do Ano (masculina e feminina) e Atleta Revelação. O Troféu Adhemar Ferreira da Silva foi entregue a Chiaki Ishii, o primeiro medalhista olímpico do judô brasileiro, com o bronze em Munique-1972. Confira a lista completa de vencedores abaixo.
Premiados
Troféu Rei Pelé
Rebeca Andrade - Ginástica artística
Marcus D’Almeida - Tiro com arco
Atleta da torcida
Flávia Saraiva - Ginástica artística
Revelação
Maria Eduarda Alexandre - Ginástica Rítmica
Retorno do ano
Alison dos Santos - Atletismo
Inspire
Bruna Takahashi - Tênis de mesa
Equipe masculina
Beisebol
Equipe feminina
Vôlei
Treinadora individual
Camila Ferezin - Ginástica Rítmica
Treinador coletivo
Ramon Ito - Beisebol
Modalidades
Águas Abertas - Ana Marcela Cunha
Atletismo – Caio Bonfim
Badminton – Davi Silva e Sânia Lima
Basquete 3x3 – Leonardo Branquinho
Basquete 5x5 – Yago Mateus
Beisebol – Felipe Natel
Boliche - Roberta Camargo Rodrigues
Boxe - Beatriz Ferreira
Breaking – Mayara Colins (Mini Japa)
Canoagem Slalom - Ana Sátila Vargas
Canoagem Velocidade - Isaquias Queiroz
Ciclismo BMX Freestyle - Gustavo de Oliveira
Ciclismo BMX Racing - Paola Reis
Ciclismo Estrada - Ana Vitoria Magalhães
Ciclismo Mountain Bike - Henrique Avancini
Ciclismo Pista - Alice de Melo e Wellyda Rodrigues
Desportos na Neve – Noah Bethonico
Desportos no Gelo - Nicole Silveira
Escalada Esportiva - Anja Köhler
Esgrima - Nathalie Moellhausen
Esqui Aquático - Felipe Simioni Neves
Futebol – Kerolin Ferraz
Ginástica Artística - Rebeca Andrade
Ginástica Trampolim – Camilla Lopes
Ginástica Rítmica – Barbara Domingos
Golfe – Valentina Bosselmann
Handebol - Bruna de Paula
Hipismo Adestramento - João Victor Oliva
Hipismo CCE – Marcio Carvalho Jorge
Hipismo Saltos – Stephan Barcha
Hóquei sobre Grama – Adam Imer
Judô – Beatriz Souza
Karatê – Bárbara Hellen Rodrigues
Levantamento de Peso - Laura Amaro
Nado Artístico – Gabriela Regly e Laura Miccuci
Natação - Guilherme Costa
Patinação Artística - Bianca Corteze Ameixeiro
Patinação Velocidade - Guilherme Abel Rocha
Pentatlo Moderno - Isabela de Abreu
Polo Aquático – Gustavo Guimarães (Grummy)
Remo – Lucas Verthein
Rugby 7 – Rafaela Conti
Saltos Ornamentais - Ingrid de Oliveira
Skate - Rayssa Leal
Surfe - Filipe Toledo
Taekwondo – Maria Clara Pacheco
Tênis - Beatriz Haddad
Tênis de Mesa - Hugo Calderano
Tiro com Arco - Marcus Vinicius D’Almeida
Tiro Esportivo – Felipe Wu
Triatlo – Miguel Hidalgo
Vela - Martine Grael e Kahena Kunze
Vôlei de Praia - Ana Patricia e Duda Lisboa
Voleibol - Gabriela Guimarães
Wrestling - Laís Nunes
*O repórter viajou a convite do Comitê Olímpico do Brasil (COB)