Ginástica Rítmica

Incentivo de uma vencedora: Babi Domingos capacita jovens de Brasília

Campeã nos Jogos Pan-Americanos 2023, em Santiago, no Chile, participa de Clínica Internacional no Cassab. Objetivo é aumentar o nível técnicos das iniciantes

Osonho de dezenas de meninas brasilienses de alcançar o estrelato na ginástica rítmica ganhou um precioso auxílio. De terça à sexta-feira passadas, a capital federal recebeu a oitava edição da Clínica Internacional de Ginástica Rítmica. O evento ocorreu no Clube de Associados Suboficiais e Sargentos da Aeronáutica de Brasília (Cassab), grande referência na modalidade em níveis local e nacional.

Com o intuito de fomentar a modalidade na cidade e proporcionar uma rotina intensiva de aulas às jovens atletas, a oficina contou com nomes de peso nas funções de instrutoras. Entre elas, esteve a ginasta profissional Bárbara Domingos. A curitibana de 23 anos é uma das grandes referências da modalidade no Brasil e no mundo. Além de medalha de ouro no individual geral de ginástica rítmica nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, neste ano, é a primeira brasileira a entrar para o grupo das 11 melhores do Campeonato Mundial da categoria.

Nos Jogos de Santiago, conquistou três medalhas de ouro e duas de prata. As honrarias lhe renderam o título de mulher mais vencedora na competição entre as brasileiras. Está classificada para os Jogos de Paris-2024. Para ela, fazer parte de um projeto como a clínica é algo enriquecedor. "Está sendo muito bom ter esse contato com as meninas, ajudando o sonho delas, que também foi o meu. Querendo ou não, isso as incentiva. Algumas vezes, uma ou outra está até querendo desistir, então a minha presença é uma forma de incentivo", avaliou.

A ginasta, mesmo com pouca idade, alcançou nível técnico expressivo na modalidade. No entanto, revela ter aceitado o convite para participar da rotina do evento não só para auxiliar a nova geração que está por vir, mas também para ela mesma como atleta. "Quando soubemos que o Ben estaria aqui, fizemos o esforço, pois houve a possibilidade de pegar novas coreografias, por exemplo. É algo muito positivo poder ter contato com profissionais que possuem ideias diferentes. Está sendo muito bom para mim também", explicou.

Como palestrante e professor principal, o húngaro Benedikt Baumann, o Ben, foi a grande atração da oficina. Com vasta experiência na área da ginástica e do circo, tornou-se treinador da modalidade em Nevada, nos Estados Unidos, e passou a integrar a equipe técnica da seleção estadunidense.

A búlgara Yordanka Zarkova, responsável por acompanhar o colega e auxiliá-lo durante o evento, também é uma professora responsável pela formação de futuras ginastas. Na visão de Zarkova, fazer a clínica no Brasil é uma maneira de levar essa oportunidade àquelas que não possuem condições de sair do país. "O intuito (da clínica) sempre foi acrescentar algo a mais. Eu amo o Brasil e vejo que muitas crianças gostariam de viajar para ter essa oportunidade. Como muitas não podem, surgiu a ideia. Fica mais fácil para elas se motivarem. Por isso, inclusive, fiz força para que a Babi viesse. Conheço-a a alguns anos e sabia que ela agregaria com isso", disse.

Segundo Yordanka, estar com um profissional tão experiente quanto Ben é uma grande oportunidade. O treinador, para ela, além de possuir longa trajetória na área, é ótimo no trato com as crianças. "Ele é muito criativo e inovador. Por isso, é uma ótima chance para as meninas de enriquecer os repertórios. Tanto para as mais novinhas quanto para a Babi. Ele leva muito jeito com as crianças. Não é preciso ter apenas conhecimento para ser treinador. E isso é notável quando vemos a disciplina e a atenção delas aqui", descreveu.

Expectativa sobre Paris-24

Ainda durante o bate-papo com o Correio, Bárbara Domingos falou sobre a expectativa trazida pela preparação para a primeira Olimpíada da carreira. As expectativas são enormes, principalmente por conta das dificuldades que enfrentou durante o ciclo de Paris-2024.

Enquanto vivia o auge da carreira, precisou enfrentar um árduo desafio. Com duas medalhas conquistadas em Sul-Americanos, uma prata na fita nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, e a melhor colocação do Brasil na história no Campeonato Mundial, disputado em Baku, no Azerbaijão, viu-se obrigada a dar um tempo na trajetória para tratar uma lesão no quadril.

Embora tenha aproveitado a pandemia de coronavírus para sanar o problema, só o resolveu com uma cirurgia, em dezembro de 2021. Apesar dos seis meses de recuperação, seguidos por reabilitação, a lesão foi tratada como uma espécie de mantra para juntar forças por um retorno. "Foi tudo planejado, mas doloroso. Era duro ver as outras meninas competindo e não poder estar lá, ainda mais por tanto tempo. Mas coloquei na cabeça que aquilo seria um ponto de virada de chave. Segurei-me nisso e fiz o que sei fazer."

O momento do retorno não poderia ter sido melhor. Além das conquistas nos Jogos Pan-Americanos e no Campeonato Mundial, garantiu-se como a primeira medalhista em um Grand Prix da modalidade, com o ouro em Thiais, na França, também em 2023. No melhor momento da carreira, considera-se animada para a disputa da primeira Olimpíada da carreira. "Ainda temos um longo caminho, mas mal posso esperar", comentou.

Para Márcia Naves, treinadora de Bárbara, a oportunidade de virar o ano com o planejamento sacramentado, em decorrência da vaga para as Olimpíadas estar assegurada, é motivo de alívio. Na opinião dela, a montagem da rotina da atleta será mais calma em relação ao ciclo anterior. "Estamos tranquilas, mas já com a cabeça lá. Motivadas e muito felizes, pois é algo inacreditável. Às vezes, nos perguntamos: 'a gente vai mesmo?' A ficha ainda não caiu. Mas o orgulho é enorme, pois é tudo fruto de muito trabalho, sacrifício e dedicação", disse, orgulhosa. (GB)

*Estagiário sob a supervisão de Fernando Brito

 

 

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