Apesar de ter vivido apenas a primeira temporada no futebol candango em 2023, o Canaã sabe bem os caminhos das categorias de base na Copa São Paulo de Futebol Júnior. Afinal, o clube mais novo no quadro de filiados da Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) será o terceiro competidor da capital no campeonato, no que será um recorde para os brasilienses. A participação, no entanto, está longe de ser inédita.
Convidado pela Federação Paulista de Futebol (FPF) graças ao projeto esportivo antes implementado em Irecê, na Bahia, o Vento Forte esteve nas últimas três edições da Copinha, emplacando, assim, a quarta presença desde a estreia no torneio. Entretanto, de 2020 a 2023, a equipe participou como integrante do município baiano, sendo um integrante da Federação Bahiana de Futebol (FBF). Vale lembrar que a edição de 2021 foi cancelada devido à pandemia de covid-19.
Para a primeira vez pelo DF, a mescla é a ordem no Canaã. As boas campanhas nos torneios locais levaram à fusão do melhor dos atletas no sub-17 e no sub-20 para enfrentar um grupo pesado com Coritiba, Juventus e Monte Azul. "Isso tudo foi fruto do nosso trabalho. Creio que a gente vai ajudar bastante a equipe sub-20 na Copinha e é até bom pegar experiência com uns caras mais velhos. Vamos tentar jogar de igual para igual. Querendo ou não, o Coritiba é uma forte equipe, foi campeão paranaense. Jogamos duas vezes, vencemos o Juventus e vamos em busca de mais uma vitória sobre eles", declara o atacante Bahia.
Coordenador de categorias de base, Warley Pádua explica a integração das diferentes unidades. "O bom rendimento técnico nos deixou satisfeitos, no empenho individual de cada um e, naturalmente, visando a formação dos jogadores, fizemos essa transição. Optamos em levar uma equipe mais jovem neste ano, de olho também no Campeonato Candango (da Segunda Divisão) de 2024", relata.
Os problemas da migração para a FFDF também contribuíram para esse movimento interno. "O ano foi de transição do time que estava montado na Bahia, com toda a infraestrutura que ainda existe lá. Ainda estamos aqui de forma improvisada, alugando aqui o CT (do Jaguar), mas ainda é distante dos alojamentos. Os resultados foram satisfatórios porque tivemos os percalços na montagem do time, de conhecer como funciona o calendário daqui, além da logística", indica.
"Na Segundinha, o objetivo foi a formação. Colocamos os garotos para jogar, não tinha nenhum acima da idade permitida na Copinha. A ideia era maturar os meninos, dar minutagem. Pretendemos continuar com esse formato, dando oportunidade para a garotada", conta. A equipe estreante no profissional em 2023 ficou pelo caminho na segunda divisão na rodada final, quando ainda tinha chances de classificação às semifinais.
Ainda em um novo começo no DF, o Canaã deseja ter presença em todas as faixas etárias do futebol candango. "A ideia é formatar todas as categorias aqui em Brasília: sub-7, sub-9, sub-11, sub-13, sub-15, sub-17 e sub-20. Se especializar na formação de base, ter todas essas categorias e colher os resultados do trabalho. O presidente Sérgio Correa nos pede que o primeiro olhar seja para o cidadão, educar bem e projetar bem. A consequência é disputar todas as vagas e títulos candangos", almeja Warley.
A equipe vinda do Nordeste para a capital federal detém uma participação digna de recorde para o DF. Em 2022, o time liderou o Grupo 31, contra Juventus da Mooca, CRB e Portuguesa Santista. Nos 32-avos, eliminou o Real Brasília por 2 x 1, superou o mesmo Juventus pela diferença mínima e caiu nas quartas de final, por 3 x 2, para o Oeste de Barueri. A campanha repetiu o feito do CFZ de 2010.
Cinco perguntas para Victor Santana, técnico do time sub-20 do Canaã
A atuação no Sub-20 ainda serve de base para o que o time vai apresentar na Copinha?
A nossa equipe mudou bastante, fez uma junção com os garotos do sub-17. Isso correspondeu muito bem, fizemos amistosos e estamos em uma crescente. Isso é importante pelo pouco tempo que temos e acredito que temos tudo para fazer um bom trabalho lá em São Paulo.
O que achou do grupo? É possível chegar longe?
Na verdade, a Copinha sempre traz surpresas. Caímos em um grupo muito difícil, com certeza não tem jogo fácil, mas vou acreditar sempre na minha equipe, no trabalho, nas pessoas que estão envolvidas nesse projeto. Temos tudo para chegar lá e competir de igual para igual com eles e acreditar que vamos passar de fase.
O Canaã teve mudanças significativas neste meio tempo para a competição?
A chegada dos mais novos deu um gás diferente para todo o elenco. O sub-20 estava em uma competição onde ficamos na semifinal (Candangão) e acarretou que tivemos que dispensar alguns atletas e com a chegada do sub-17 o nível subiu bastante embora os atletas sejam mais novos. Sempre falei isso, que eles têm uma capacidade de concentração muito grande e isso ajuda mais ainda no decorrer do trabalho.
Qual o potencial desse elenco para seguir a ser utilizado no profissional?
Ficaram alguns atletas em relação à Segundinha, isso deu uma rodagem muito boa para eles, de ter a dimensão do que é o futebol profissional. Chegamos perto de classificar, mas infelizmente não deu, acontece. Pegamos uma equipe muito qualificada na última rodada (da primeira fase), que foi o Ceilandense, então acredito que ajudou bastante. Estou com um elenco novo, mas acredito muito que as coisas podem acontecer da melhor maneira possível.
A estrutura de uma equipe influencia em um campeonato como a Copinha?
Ajuda, tudo ajuda. A partir do momento que você tem um suporte por trás, as coisas começam a andar para o bem. Temos nutricionista, psicólogo, assistente social: tudo isso faz a diferença lá na frente. A direção pensa em mudar para melhor ainda, então vamos caminhando passo a passo, como chegamos aqui (no Distrito Federal) muito em cima da hora e já fomos às semifinais no sub-17 e sub-20, agora juntando ambos, tem tudo para dar certo aqui também.
*Estagiário sob a supervisão de Danilo Queiroz
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