Um ano sem o rei

Um ano após a morte de Pelé, veja os estádios batizados com o nome do Rei

Passados 365 dias do falecimento da lenda do futebol, veja quantos países adicionaram a assinatura do maior craque de todos os tempos a nomes de arenas. Poucos filiados à Fifa compraram a ideia do presidente Gianni Infantino

Um dos campos do centro de treinamentos do Cazaquistão ganhou o nome de Pelé. Fifa sugeriu aos 211 filiados o rebatismo de estádios em homenagem ao brasileiro -  (crédito: Divulgação/Fifa)
Um dos campos do centro de treinamentos do Cazaquistão ganhou o nome de Pelé. Fifa sugeriu aos 211 filiados o rebatismo de estádios em homenagem ao brasileiro - (crédito: Divulgação/Fifa)
postado em 29/12/2023 06:00

Desde o ano passado, o 29 de dezembro não é mais um dia qualquer no calendário. Na fatídica data de 2022, o Brasil e o planeta bola se despediam de um dos maiores ídolos do futebol. Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, morria aos 82 anos. Tal qual em vida, o astro do esporte recebeu diversas homenagens e honrarias póstumas pelos feitos nos gramados. Uma delas, porém, pouco vingou. Com o falecimento do eterno camisa 10, a Fifa sugeriu batismos de estádios com o nome da lenda brasileira. No entanto, pouquíssimas das 211 federações filiadas à entidade resolveram, de fato, comprar a ideia e colocar a assinatura do atleta em arenas.

Em 2 de janeiro, durante o velório na Vila Belmiro, o presidente Gianni Infantino fez um apelo na direção do objetivo. "Vamos pedir a todas as federações do mundo inteiro que nomeiem um estádio com o nome de Pelé, porque acredito que as futuras gerações têm de saber quem é Pelé", pontuou. O motivo é singelo, mas passados 365 dias sem o Rei, o pedido foi atendido apenas por oito nações: Maldivas, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Ruanda, Panamá, Palestina, Cazaquistão e Colômbia. Além dos países, a própria Fifa realizou uma ação interna na tentativa de bombar a ideia. O campo localizado na sede da entidade, em Zurique, na Suíça, ganhou a nomenclatura do jogador brasileiro poucos dias após a morte.

O pioneiro a acatar a ideia da Fifa foi Cabo Verde. O antigo Estádio Nacional da capital Praia passou a se chamar Rei Pelé em lembrança ao legado do maior craque de todos os tempos do futebol. A arena tem capacidade para abrigar 15 mil torcedores. "Pelé foi e sempre será uma figura que todos admiram no Brasil, nos países de língua portuguesa e no restante do mundo. É um ícone que conecta várias gerações", justificou, à época, José Ulisses Correia, primeiro-ministro do país africano.

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Falecimento do Rei do Futebol completa 1 ano (foto: pacifico)

Na América do Sul, quase de forma simultânea a Cabo Verde, a Colômbia foi o primeiro país — e, posteriormente, o único — a seguir a orientação da Fifa. O estádio Bello Horizonte, na cidade de Villavicencio, acrescentou Rey Pelé à nomenclatura. "As futuras gerações devem saber quem foi esse ícone do futebol mundial", ressaltou o governador de Meta, Guillermo Zuluaga. O local fez, inclusive, uma troca de homenageado. Antes, a arena tinha o nome de Manuel Calle Lombana, prefeito da região em meados do século passado. Poucas horas depois, Guiné-Bissau seguiu o exemplo em um estádio regional da região de Bafata.

Na América Central, o Panamá tomou outro caminho para homenagear Pelé. No período da morte do Rei do Futebol, o país estava construindo um estádio na localidade de El Empalme. Quando a Fifa disparou a circular número 1826 sugerindo a ideia, o local ganhou o nome de Edson Arantes do Nascimento. A inauguração foi em 21 de janeiro. Em março, Ruanda reabriu o estádio Nyamirambo, mas com a nova assinatura de Kigali Pelé. Gianni Infantino presenciou o evento. "Tive o prazer de assistir à inauguração e jogar uma partida com algumas lendas da Fifa, colegas de nossas associações membros, e muitas crianças", postou nas redes sociais. A Federação de Futebol do Cazaquistão foi singela, mas não ficou de fora. Nomeou um dos campos do centro nacional de treinamento de Talgar em homenagem à lenda.

Os meses seguintes não tiveram ações no intuito de atender o pedido da Fifa. Isso até duas regiões reacenderem a ideia. Em 14 de maio, a Palestina inaugurou o Estádio Internacional Pelé. A arena fica nas intermediações de Belém. Ministro dos Esportes e da Juventude do país, Jibril Rajoub é fã do jogador e batalhou pela adoção ideia. "Pelé foi um ícone, uma lenda", afirmou. Pouco mais de duas semanas depois, Maldivas abriu o Estádio Pelé na ilha da Mahibadhoo. "Esta é realmente uma ocasião marcante para nós, maldivos, estarmos associados aos maiores jogadores do futebol mundial", vibrou Bassam Adeel Jaleel, presidente da Federação de Futebol das Maldivas (FAM).

A Fifa publicou artigos sobre quase todas as inaugurações. No texto adicionado ao site oficial da Fifa para divulgar a ação palestina, a entidade falou em um "número crescente de associações-membro seguindo o exemplo". Na prática, isso não ocorreu. As modificações de nomes e a adição de homenagem a Pelé, no entanto, pararam por aí. Se a intenção era levar a ideia às 211 federações filiadas, o caminho ainda é longo. O plano, pelo menos para Gianni Infantino, segue de pé. "O que ele fez dentro e fora dos gramados tocou a vida de muitos milhões de pessoas em todo o mundo e é um tributo adequado a esse legado, que agora vemos em cada vez mais campos, o lugar onde ele trouxe tanta alegria para tantos", pontuou.

No Brasil

Em território nacional, as homenagens ficaram restritas a avenidas. Regiões como os municípios paulistas de Campinas, Iguapé, São José do Rio Preto, o carioca Cabo Frio, o maranhense São José de Ribamar, o pernambucano Caruaru, o mato-grossense Apiacás e o baiano Botuporã têm ruas com o nome de Edson Arantes do Nascimento. O entorno do Maracanã ganhou o nome da lenda. Em Taguatinga, o túnel da cidade foi inaugurada com a assinatura de Rei Pelé.

Nos estádios, apenas o de Maceio faz referência ao eterno camisa 10 desde a inauguração, em 1970. Em 2019, um projeto de lei ordinária tentou mudar a nomenclatura para Rainha Marta. O CT do Santos também é Rei Pelé. Nenhuma outra arena no país foi rebatizada para destacar o legado do jogador. Em Brasília, houve o Pelezão, mas, após anos de abandono com a desativação na década de 1980, o local ruiu e, desde 2009, abriga condomínios de luxo.

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