FUTEBOL

Apesar do MorumBis, Brasil segue atrasado no assunto naming rights

Série A do Brasileirão agora tem cinco estádios privados vinculados a marcas. Número é inferior ao das 14 arenas da Copa América de 2024, nos EUA, e ao dos 16 palcos da Bundesliga, a elite alemã

Estádio do Morumbi teve média de público de quase 45 mil pessoas em 2023 -  (crédito: São Paulo/Divulgação)
Estádio do Morumbi teve média de público de quase 45 mil pessoas em 2023 - (crédito: São Paulo/Divulgação)
postado em 27/12/2023 06:00

Aquele que foi o palco das glórias do passado do São Paulo passará ser uma espécie de nova fábrica de chocolates. A diretoria tricolor aderiu ao movimento dos arquirrivais Corinthians e Palmeiras e de Athletico-PR e Atlético-MG ao negociar os namings rights do Estádio Cícero Pompeu de Toledo com a empresa do ramo alimentício Mondelez e rebatizá-lo de MorumBis, em referência ao doce e um dos carros-chefes da companhia. Mas a onda surfada pelos quatro clubes, mais o Bahia, que joga sob concessão pública na Itaipava Arena Fonte Nova, ainda é tímida em comparação a outros países.

O acordo costurado pelo São Paulo para receber R$ 75 milhões pelos três anos de cessão do nome do estádio é um negócio consolidado na terra natal da Mondelez. Sede da próxima edição da Copa América, de 20 de junho a 14 de julho, os Estados Unidos são especialistas no assunto. Todos os 14 estádios reservados para o torneio entre as seleções das Américas do Sul, do Norte e Central têm uma marca estampada na fachada do estádio.

O Allegiant Stadium, em Las Vegas; o Bank of America Stadium, na Carolina do Norte; o Children's Mercy Park, no Missouri; o Exploria Stadium, na Flórida; o Q2 Stadium, no Texas; e o State Farm Stadium, no Arizona, receberão jogos do torneio. O AT&T Stadium (Texas), o GEHA Field at Arrowhead Stadium (Missouri), o Hard Rock Stadium (Flórida), o Levi's Stadium, o SoFi Stadium (ambos na Califórnia), o Mercedes-Benz Stadium (Georgia), o MetLife Stadium (Nova Jersey) e o NRG Stadium (Texas) também estenderão o tapete verde para as 16 seleções das Américas e, de quebra, sediarão partidas da Copa do Mundo de 2026, em colaboração com México e Canadá.

Em 2020, o ex-vice de marketing do Fluminense Idel Halfen realizou mapeamento sobre o fenômeno dos naming rights na terra do Tio Sam. O especialista considerou as arenas utilizadas para espetáculos da NBA (basquete), WNBA (basquete feminino), NFL (futebol americano), NHL (hóquei), MLB (beisebol) e MLS (futebol masculino). Foram constatados que 112 das 139 praças esportivas aderiram ao modelo de negócio. Ou seja, 81%. Empresas do ramo financeiro, bens de consumo, serviço e varejo são as que mais injetam dinheiro nas instituições esportivas dos EUA.

Em janeiro, o Los Angeles FC, da MLS, comemorou acordo recorde envolvendo naming rights no futebol norte-americano A franquia da Califórnia cedeu espaço na casa própria ao banco BMO por US$ 100 milhões (cerca de R$ 520 milhões na cotação da época) em contrato de 10 anos. Com capacidade para 22 mil pessoas, passou a se chamar BMO Stadium.

Embora esteja longe de alcançar o patamar dos Estados Unidos, o Brasil se igualou a Inglaterra e Itália em número de estádios com naming rights. Emirates Stadium (Arsenal), Etihad Stadium (Manchester City), AMEX Stadium (Brighton), Gtech Community Stadium (Brentford) e Vitality Stadium (Bournemouth) tiveram o nome no cartório atualizado na Terra do Rei Charles III. Allianz Arena (Juventus), Bluenergy Stadium (Udinese), Gewiss Stadium (Atalanta), Mapei Stadium - Città del Tricolore (Sassuolo) e U-Power Stadium — Brianteo (Monza) deram o F5 na relação italiana.

Na Espanha, o Civitas Metropolitano (Atlético de Madrid), o Spotify (Camp Nou) e o Power Horse Stadium (Almería) entram na conta. O recorde entre as ligas de ponta no planeta bola pertence à Alemanha. Dezesseis dos 18 clubes da Bundesliga seguem a tendência. As exceções à regra são o Union Berlin e o Borussia Mönchengladbach.

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