Basquete

Ele disputou 13 das 14 temporadas do NBB: falamos com o ala André Góes

Adversário do Brasília e do Cerrado nesta semana, ala da Unifacisa está perto dos 500 jogos no Novo Basquete Brasil. Aos 36 anos, ele diz ao Correio Braziliense qual é a fórmula da conservação na liga

André Góes enrentará o Brasília Basquete nesta quarta e o Cerrado na sexta-feira antes pelo NBB antes da virada do ano -  (crédito: Gabriella Tayane/Unifacisa)
André Góes enrentará o Brasília Basquete nesta quarta e o Cerrado na sexta-feira antes pelo NBB antes da virada do ano - (crédito: Gabriella Tayane/Unifacisa)
PAULO MARTINS*
postado em 27/12/2023 08:50 / atualizado em 27/12/2023 08:50

História, recordes e números fazem parte de uma competição do tamanho do Novo Basquete Brasil (NBB). De longevidade, a competição também entende. Em 15 anos como liga, um jogador chama a atenção pela presença quase absoluta no campeonato. O ala André Góes, da Unifacisa, só não participou da versão de 2014/2015. A longa jornada tem mais dois capítulos nesta semana. O time dele receberá as duas equipes candangas na conclusão do primeiro turno da competição nacional.

A contagem desde a temporada 2008/2009 impressiona: contra o Brasília, nesta quarta-feira, às 19h30, na Arena Unifacisa, em Campina Grande, na Paraíba, o jogador de 36 anos disputará o jogo de número 471 na história pessoal na liga. Um a mais considerando a partida de sexta-feira, frente ao Cerrado, também às 19h30, a última do ano. Para chegar ao número 500 ainda em 2023/2024, o atleta nascido em Chapecó, Santa Catarina, não pode perder nenhum jogo da temporada regular e acumular nove partidas nos playoffs.

As quase três décadas de basquete contam, além de experiência, com conquistas no currículo. Mesmo sem ter sido campeão nacional, venceu o Campeonato Paulista de 2020 com a camisa do Franca. O ala não seguiu na equipe na era mais vencedora, que inclui dois NBB's, uma Liga das Américas e o Mundial de Clubes. Após vestir a camisa francana, André Góes seguiu para Mogi até desembarcar em Campina Grande para vestir a camisa da Unifacisa.

Antes disso, o ala havia passado por outras cinco equipes: Joinville, Pinheiros, Fortaleza/Basquete Cearense, Macaé e Universo/Vitória foram os times que tiveram a camisa 40 do histórico jogador lembrado por bolas decisivas e um jogo coletivo, com a evolução do torneio mais importante da bola laranja no país ao longo dos anos. Em entrevista exclusiva ao Correio Braziliense, André Góes passa a limpo 14 temporadas no NBB.

Qual a chave da longevidade para você?

Acho que é muito cuidado com o corpo, entender o passar dos anos em tudo o que a gente faz: preparação física, fisioterapia, os cuidados individuais também, como a alimentação, o sono e a hidratação.

Seu recorde de pontos foi contra o Brasília: 31. Dá para dizer que é um dos seus rivais favoritos?

Acredito que sim. Acho que Brasília sempre foi uma grande equipe. No começo da carreira, era uma das principais, com aquele timaço do tricampeonato. Era sempre um rival e um jogo esperados na temporada, pois significa jogar contra um dos principais times e jogadores do campeonato. Era sempre um dos mais especiais e é legal que tenha sido contra eles essa marca.

Tira um pouco a vontade de atuar contra o basquete candango depois do declínio?

Não. Acho que todo jogo é muito legal, toda cidade é legal de visitar e também, apesar de não ser um ótimo momento, continua sendo uma equipe de muita tradição, muito difícil de se jogar contra porque, realmente, quem defende a camisa também dá a vida por toda essa história, independentemente do momento que esteja vivendo.

Você disse que gostaria de jogar pelo Joinville, time no qual se formou e de onde saiu para uma carreira nacional. Acredita que essa ausência oculta um potencial do basquete catarinense?

Com certeza. Prejudica muito a chegada de novos talentos. Eu sei o quanto me ajudou quando eu era mais novo ter uma equipe profissional em Joinville, depois teve um período sem o time e bem no fim da minha categoria de base voltou a ter, então é essencial para ter esses ídolos perto, visualização mais próxima do NBB, ver os jogos, os outros times: isso incentiva muito. É o que está faltando em Santa Catarina. Estão fazendo um ótimo trabalho nas categorias de base, a federação toda, mas sem isso o ciclo não fica perfeito.

Afirmou que teve colegas de quadra como boas referências, como Valtinho e Alex Garcia, ambos ex-Brasília. Você gostaria de ter jogado por aqui?

Gostaria, sim. Lembrando quando eu era mais novo, na época daquele timaço, era uma vontade além dos jogadores que a equipe tinha, estava sempre brigando por títulos, então era um sonho ser convidado ou ser contratado. Acho que era uma ambição minha. Infelizmente não aconteceu, mas também sou muito grato pelos clubes por onde passei e joguei. Teria sido muito legal por esses motivos, mas também pelo que eu poderia ter aprendido com esses dois craques.

Agora na Unifacisa, o basquete vê um time egresso de uma praça distinta e relativamente nova nacionalmente. Acredita no potencial da Paraíba ou do Nordeste para ser um dos polos da modalidade?

Acredito, sim. A Unifacisa está no caminho certo para ser uma dessas praças, com muitos anos no NBB, pelo trabalho que toda a família Gadelha faz aqui e pelo que vem conquistando de público, fãs e de gente que consome o basquete e apoia o time. Acredito que pode vir a ser um grande polo aqui para o basquete do Brasil.

Como foi aquela série contra o Franca no último NBB?

Para mim, foi bem difícil, infelizmente, eu me machuquei na série contra o Corinthians (oitavas de final) e piorou nos últimos treinos antes da série. Mas foi bem especial, acho que foi o momento em que a equipe jogou o melhor basquete durante a temporada, tanto que passamos em nono e fizemos frente ao primeiro, que na época estava invicto de tudo. O time jogou muito e conseguiu fazer excelentes jogos.

O time ficou satisfeito por ter tirado a invencibilidade deles, apesar da eliminação?

Acho que satisfeito, não. A palavra certa seria feliz, por ter feito a série longa possível, ter feito o Franca jogar seu melhor basquete no ano. Eles mereceram passar, mas ficou de aprendizado sobre o potencial para um ano que pode ser ainda melhor.

Você está fazendo uma contagem até os 500 jogos? Coloca uma meta na cabeça?

Não. Me dei conta em uma entrevista para a Liga (Nacional de Basquete) que estava perto disso. Imaginava que era bastante, porque só não joguei um NBB (2014/2015), mas não coloco metas. Tento sempre jogar a maior parte dos jogos, minha única meta é essa, de estar sempre saudável e perder o mínimo de jogos possível durante a temporada e estar sempre disponível. Para ajudar, estar em quadra. É uma marca legal, acho que não são muitos jogadores que têm isso. Fico feliz de estar perto dela.

O que você mais gosta de passar de experiência para os atletas mais novos, sejam eles vindos das categorias de base ou de outras equipes?

O principal é o trabalho. Mostrar para eles que a principal maneira de chegar no profissional é trabalhando mais que os outros e se dedicando ao máximo em tudo o que o jogo exige. Seja em preparação física, seja em parte técnica, individual, tática e entendimento do jogo. Cada coisinha dessa pode ser um diferencial. Isso é para sempre, não vai ter como deixar de se dedicar. São valores do esporte: companheirismo, união, de que o basquete é um jogo de equipe, onde todos são muito importantes.

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

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