Futebol

Teste de paciência: as notas da atuação do Flu na semi do Mundial

Pilha de nervos no primeiro tempo compromete melhor versão do time de Fernando Diniz no primeiro tempo, com a conversa no vestiário valendo a melhora na etapa final

Al-Ahly oferece jogo duro e nervoso ao Fluminense na semifinal do Mundial de Clubes
       -  (crédito: Giuseppe Cacace/AFP)
Al-Ahly oferece jogo duro e nervoso ao Fluminense na semifinal do Mundial de Clubes - (crédito: Giuseppe Cacace/AFP)
postado em 18/12/2023 17:25

Estrear em qualquer campeonato normalmente leva a algum nervosismo. Entre outras dificuldades, esta foi a maior do Fluminense em seu primeiro duelo histórico no Mundial de Clubes. Apesar disso, os comandados de Fernando Diniz, responsável por acalmar os ânimos, venceram o Al-Ahly, do Egito, por 2 x 0, no Estádio Rei Abdullah, nesta segunda-feira (18/12).

O primeiro tempo teve uma equipe naturalmente tensa com a circunstância, onde o time africano foi melhor com a bola no pé, gerando mais oportunidades, estas que pararam na defensiva tricolor. Jhon Arias era a única via de saída pelos lados, onde criou as ocasiões da equipe brasileira, com direito a duas bolas na trave.

A conversa nos vestiários durante o intervalo rendeu um Flu mais a par da partida, com tranquilidade para rodar a bola e pressionando o campo rival. A presença no território de ataque rendeu, pelo improviso, o pênalti que deu o primeiro gol do jogo. A criatividade de ataque teve ainda mais espaço com o campo exposto, onde a estrela de John Kennedy voltou a brilhar em mata-matas com o gol da vaga na final.

Passados os nervos da estreia, agora, vem a decisão. Na sexta-feira (22/12), contra os ingleses do Manchester City ou Urawa Red Diamonds, do Japão, a cabeça deve estar no lugar, mais do que nunca, no compromisso mais importante da história do Fluminense. Confira, a seguir, as notas da classificação nas semifinais:

Fábio — Nota: 8

O milagre no cara a cara com Kahraba, aos 35, se mostrou a primeira participação ativa do arqueiro tricolor. Tal expressão segurou o placar no melhor momento dos egípcios, mais impetuosos no primeiro tempo. Na etapa final, repetiu a chance em chute de El-Shahat, aos 17. Após o 1 x 0, voltou a defender outras duas finalizações. Seguro ante os perigos, foi um dos guardiões da classificação.

Samuel Xavier — Nota: 7,5

Precisava-se dele mais à frente. Entretanto, não apareceu. Ainda por cima, na defesa, foi hesitante em alguns cortes falhos que, não fosse pela boa cobertura dos zagueiros, poderia gerar situações claras de gol ao clube do Cairo. 

Felipe Melo — Nota: 9

Um leão defensivo do qual o Fluminense sempre pode esperar uma atuação desta altura. Com 40 anos, ter respondido a um jogo desta proporção com a explosão e a exigência deste time faz com que sua idolatria nas Laranjeiras seja mais que justificável.

Nino — Nota: 7,5

Esteve presente na escolta necessária a Felipe Melo e completou a presença de zaga. Entretanto, não esteve sempre atento ao jogo, salvo nas pressões rivais, contribuindo nos bloqueios, mas fora de situação em contra-ataques, abrindo algum terreno, por sorte, não percebido pelos africanos.

Marcelo — Nota: 7,5

Esteve relativamente exposto na marcação durante o primeiro tempo, sendo em suas costas o lado favorito do ataque egípcio. A armação, sobretudo na etapa final, foi o carro-chefe. Era necessário pedir a bola e ajudar aos demais companheiros, sobretudo ao sofrer o pênalti aos 22. 

André — Nota: 8

As estatísticas mostraram que este foi o atleta tricolor que mais tocou na bola na primeira parte. Não para menos, foi o atleta que fechou espaços pelo meio e iniciou as frustrantes transições para o ataque. Foi o motor na resistência e guardião atrás de um ataque livre e criativo no clímax do jogo.

Matheus Martinelli — Nota: 7

Foi um dos atletas mais nervosos em campo. E se entende, para tal situação. Porém deixou o setor de volantes exclusivamente com espaço para a boa apresentação do companheiro André. Foi mais presente na etapa final, onde se mostrou na saída de bola com um fôlego que o manteve durante todo o confronto.

Paulo Henrique Ganso — Nota: 5,5

Alguém diria em uma transmissão internacional que seu passe de calcanhar na saída de bola no começo do jogo representa a arte do futebol brasileiro. Porém, a breve mostra foi mera assinatura da presença, ou pior, ausência do camisa 10 em campo. Estava fora da velocidade do time e não abriu tantos espaços.

Keno — Nota: 6

Era um jogador que precisava ter aparecido mais no primeiro tempo. Não fazia tanta inversão de lado nem chegava a ser solícito quanto o seu colega colombiano da outra ponta. Abriu alguns espaços na etapa complementar e deixou o campo de jogo sem muita notoriedade.

Jhon Arias — Nota: 9,5

Foi o fator surpresa pelo qual o Al-Ahly não esperava. Nos primeiros 25 minutos, colocou duas bolas na trave. Serviu de válvula de escape quando a equipe precisou se desafogar, bem como Diniz necessita sempre em suas equipes. Essa sensação passou ao torcedor tricolor no pênalti perfeito, convertido, finalmente, na metade final.

Germán Cano — Nota: 6

É natural que uma defesa foque no principal jogador e artilheiro da formação oponente. O argentino esteve encurralado e raramente livre para fazer até mesmo um simples pivô. Teve duas chances claras, perdendo ambas, um em cada tempo. Não foi o dia mais inspirado do centroavante.

Marllon — Nota: 6

Entrou para repor o cansado Felipe Melo e quase pôs tudo a perder ao chutar a bola contra um rival quase dentro da pequena área, aos 36 do segundo tempo. Na bola aérea, por sorte, não complicou esta situação na mesma proporção de perigo e garantiu parte na solidez defensiva.

Diogo Barbosa — Nota: 6,5

Não comprometeu na reposição a Marcelo, sobretudo na manutenção da marcação pelo seu lado. Assim, não permitiu que houve jogo pelo seu lado. Concluiu o papel solicitado quando o time egípcio subiu linhas após a abertura do placar.

Guga — Nota: 6,5

A reposição na lateral-direita teve sua importância pela manutenção do nível, sobretudo pelo titular, Samuel Xavier, retornar de lesão recentemente. A pressão dos adversários foi bem suportada na reta final, sobretudo porque o lado não foi muito explorado pelos rivais.

Lima — Nota: 7

A importância de um reserva desta categoria também muda a história de uma partida grande. Sua entrada junto de Kennedy deu mais espaço ao tricolor, com uma transição afinada para um ataque livre, leve e solto nos instantes finais, preciso para liquidar a fatura.

John Kennedy — Nota: 9

Entrou para definir o jogo. Além do gol e do caráter decisivo, sua aparição no ataque contra um Al-Ahly exposto, rendeu as ocasiões necessárias no campo rival para dar números finais ao jogo. Basicamente, colocou o Fluminense na final.

Fernando Diniz — Nota: 8

Se o treinador pediu calma no intervalo aos jogadores, esta alternativa serviu. Um segundo tempo mais calmo deu o tardio e merecido domínio do jogo aos tricolores. Preferiu pela bateria de trocas após o gol, em um manual clássico de sustentar o resultado. Foi simples dentro do que é comum da sua filosofia futebolística.

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

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