Mundial de Clubes

A vida como ela é de uma joia do Fluminense vendida ao Manchester City

Investimento do Grupo City em joias como Kayky, o moleque de Xerém apelidado de "Neymar canhoto" na base do Fluminense, ajuda a explicar a política do conglomerado para jovens talentos

 Kayky, de 19 anos, tem contrato com o Manchester City até junho de 2026 -  (crédito:  Reprodução/Twitter @ManCityPT)
Kayky, de 19 anos, tem contrato com o Manchester City até junho de 2026 - (crédito: Reprodução/Twitter @ManCityPT)
postado em 15/12/2023 06:00 / atualizado em 15/12/2023 21:43

Em condições normais de temperatura e pressão, Kayky da Silva Chagas estaria inscrito no Mundial de Clubes da Fifa disputado na Arábia Saudita pelo clube formador, o Fluminense, ou o comprador, Manchester City. Em agosto de 2021, o Moleque de Xerém deixou o time carioca rumo ao inglês em uma negociação de 10 milhões de euros. A joia havia atingido a maioridade. Tinha, no currículo, experiência em todas as divisões de base da Seleção Brasileira. O talento encantou os olheiros e a comissão técnica de Pep Guardiola. Arrumou as malas e partiu rumo à Inglaterra.

Duas temporadas, dois empréstimos e uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo depois, Kayky assistirá ao torneio da poltrona de casa. Antes da parada obrigatória, ele acumulou duas exibições oficiais, uma na Premier League e outra na Copa da Inglaterra; uma derrota traumática pela equipe sub-21 na Football League Trophy para o Rotherham United, por 5 x 0; a cessão ao Paços de Ferreira de Portugal; e o recente empréstimo ao Bahia.

Kayky desembarcou em Salvador cheio de pompa. O reforço simbólico da assinatura da parceria do Bahia com o Grupo City. Coleciona o título do Campeonato Baiano, quatro gols e cinco assistências em 28 de jogos, quando sofreu a gravíssima lesão no gramado sintético da Arena da Baixada, em Curitiba, na derrota para o Athletico-PR. Do leito, publicou uma imagem otimista. "Venho comunicar que a cirurgia do meu joelho esquerdo foi um sucesso. Difícil para um atleta ficar sem fazer o que mais ama, mas, agora, é seguir trabalhando e voltar mais forte. Obrigado a todos pelas pelas mensagens", finalizou o jogador.

No longo período de recuperação, deu tempo de acompanhar o nascimento do filho e xará Kayky Júnior, testemunhar a fuga do Bahia do rebaixamento no Brasileirão e a conquista inédita do clube do coração na Copa Libertadores da América.

Dois anos antes, Kayky havia tentado ajudar o clube a antecipar a glória eterna. Aos 17 anos, entrou para o livro dos recordes do Fluminense ao se tornar o jogador mais jovem a balançar a rede com a camisa tricolor na competição continental. Fez a diferença no empate por 1 x 1 contra o Junior Barranquilla, na Colômbia, pela fase de grupos. "Meu sonho é me tornar uma inspiração para as crianças e conquistar muitos títulos importantes", disse, à época, o filho do seu Demir, o maior incentivador da carreira desde os oito anos.

Kayky trocou o Fluminense pelo Manchester City com um apelido comprometedor. Havia sido embalado no mercado como a versão canhota de Neymar. Turbinado pelos petrodólares dos Emirados Árabes Unidos, o Manchester City pagou para ver. Acionista total ou parcial de 12 clubes pelo mundo e parceiro de outros dois, o Grupo City tem como donos Mansour bin Zayed Al Nahyan e Khaldoon Al Mubarak. A política do conglomerado da bola é justamente pinçar talentos como Kayky e colocar em ação uma espécie de política de engorda: emprestar talentos em troca de evolução no competitivo mercado europeu.

O jovem lateral-direito Yan Couto, revelado pelo Coritiba, é um dos destaques do Girona, líder do Campeonato Espanhol. O time também conta com o emergente ponta Savinho, protótipo de craque recrutado na fábrica de talentos do Atlético-MG.

Prata da casa do Flamengo, Vinicius Souza amadurece no Sheffield United. Caio Roque, outra cria rubro-negra, foi cedida ao Bahia. Diamante revelado pelo Vasco, Thalles Magno acumula milhas no New York City. Moleque de Xerém, o congolês Abemly Meto Silu, o Metinho. Contratado pelo braço francês Troyes, defende o Sparta Rotterdam.

Campeão do Mundial Sub-17 em 2019, no Estádio Bezerrão, no Gama, o meia Diego Rosa está no Bahia depois de o Manchester City cedê-lo ao Lommel da Bélgica e ao Vizela. Arthur Salles, ex-Vasco, passou pelo Bahia. Nicolás Acevedo foi cedido pelo New York City.

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