Após o apito final na Vila Belmiro, decretando a derrota do Santos por 2 a 1 para o Fortaleza e, consequentemente, o rebaixamento da equipe paulista, um cenário de guerra se instaurou no local. A confusão, que começou com objetos sendo jogados dentro de campo, terminou com a queima de veículos e depredação na Baixada Santista. A ”guerra” após o embate, acabou ferindo até aqueles que só queriam deixar o estádio. Em conversa exclusiva para o Jogada10, o torcedor Ícaro Lira contou o cenário de terror que se instalou no Urbano Caldeira, após a queda do Peixe.
Jogo com clima tenso, se transforma em guerra
De acordo com o santista, o jogo já estava coberto de tensão. Mas, após o resultado, a polícia não conseguiu garantir a segurança dos torcedores.
“O jogo por si só já estava recheado de muita tensão, sobretudo, por conta do momento que o Santos vivia e que poderia decretar o rebaixamento do Santos. A torcida estava muito apreensiva. Fiquei na arquibancada e a torcida estava preocupada em acompanhar o resultado dos outros jogos, do Bahia e do Vasco. O time estava muito pela energia da torcida. Quando o Bragantino empatou a partida contra o Vasco, a torcida começou a cantar mais alto. O Marcos Leonardo perguntou para um torcedor se havia saído um gol do Bragantino. O torcedor respondeu que sim e ele começou a comemorar muito”, disse Ícaro, que prosseguiu.
“Aos 40 minutos do segundo tempo já começou uma confusão do lado de fora. A partir do segundo gol, começaram a tacar chinelo dentro do campo, cadeiras, bomba e o gás de pimenta do lado de fora já estava entrando dentro do estádio. Do lado de fora virou uma batalha, uma guerra. Estava na arquibancada com um amigo meu e decidimos esperar, porque não estava seguro fora da Vila. Na arquibancada a gente já via a fumaça no céu, vindo do lado de fora. Esperamos uns 30 minutos, o cheiro do gás de pimenta não diminuía. Nessa hora, um policial militar disse para a gente sair da Vila Belmiro. Mas muitos não queriam, porque não tinha segurança do lado de fora. O policial disse, então, que fez uma rota para os torcedores saírem em segurança, mas não estava seguro em nada”, completou.
Torcedor toma tiro e polícia despreparada
Por fim, quando conseguiu sair do estádio, Ícaro relata que quatro viaturas da Polícia Militar atiraram contra os torcedores que não estavam envolvidos na confusão. Um deles apanhou de cassetete.
“Quando saí do estádio, a situação estava feia. O pessoal tacou fogo em pneu, depredando as coisas, tacaram pedra em lojas de comerciantes e o cheiro de gás de pimenta aumentando. Comecei a passar mal porque o cheiro estava muito forte e não conseguia nem abrir o olho. Quando as coisas pareciam se acalmar, apareceu um grupo de policiais com quatro viaturas e mandaram a gente correr. Nisso eles começaram a atirar e começou uma confusão generalizada. Uma bala de borracha pegou em mim, na minha perna. O meu amigo no momento que foi correr, deixou o celular cair, ele acabou caindo no chão e o policial acertou a costela dele com um cassetete. Acabei me perdendo dele no meio da correria. Os dois saíram feridos, fomos se encontrar só depois, no carro”, disse o torcedor, que continuou.
“Foi muito triste o que aconteceu na Vila Belmiro. Acredito que tudo que aconteceu foi decorrente de vários erros que o Santos vinha cometendo, que o presidente do Santos cometeu e acabou dando nisso”.
Problemas fora de campo no Santos
As ruas de Santos registraram um quebra-quebra generalizado, com, pelo menos, quatro carros ou ônibus sendo incendiados. Naturalmente, a PM de São Paulo usou gás de pimenta para dispersar a confusão. No início, aliás, alguns torcedores até voltaram para o estádio para ter mais segurança. Neste cenário de caos, o carro do atacante Mendoza foi queimado após a partida.
Assim, nesta atmosfera bastante desfavorável, o Santos terá uma eleição no próximo sábado (9). São cinco candidatos e 16 mil eleitores aptos a decidir o futuro do Peixe.
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