Futebol

Como o prêmio Bola de Prata explica as carências do futebol brasileiro

Seleção ideal do Campeonato Brasileiro tem centroavante, meia e lateral-esquerdo importados. Uruguaio Luis Suárez ganha Bola de Ouro como melhor jogador e o português Abel Ferreira é o técnico do ano

Luis Suárez recebe a Bola de Ouro, prêmio entregue ao melhor jogador do Campeonato Brasileiro -  (crédito:  Marcello Zambrana/Divulgação)
Luis Suárez recebe a Bola de Ouro, prêmio entregue ao melhor jogador do Campeonato Brasileiro - (crédito: Marcello Zambrana/Divulgação)
postado em 07/12/2023 15:00 / atualizado em 08/12/2023 11:41

São Paulo — A cerimônia da Bola de Prata na tarde desta quinta-feira, em homenagem aos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro em 2023, expõe quatro das maiores carências do futebol brasileiro e da Seleção no ciclo para a Copa do Mundo de 2026. Profissionais nascidos fora do Brasil conquistaram os troféus de melhor jogador da Série A e melhor técnico. O time ideal da competição tem lateral-esquerdo e um "camisa 10" estrangeiros.

Aos 37 anos, Luis Suárez ganhou Bola de Prata como um dos principais atacante da competição ao lado de Hulk. Na sequência, retornou ao palco para tomar posse do prêmio principal, a Bola de Ouro. A Camisa 9 é um dos maiores problemas da Seleção Brasileira desde a última exibição de Ronaldo na eliminação cotra a França na Copa de 2006. De lá para cá são quatro edições de Mundial sem um fora de série como Luis Suárez. Artilheiro do Brasileirão em 2023, Paulinho não é um centroavante de origem.

"É a temporada em que tive mais jogos. consegui ir longe. Dedico o prêmio à minha mulher e aos meus filhos pelo sacrifício", emocionou-se Luis Suárez ao receber o prêmio. "Foram muitas horas fazendo trabalho para estar 100% no Grêmio. Tem que dar valor ao desafio. Você gosta do desafio, você tem que afrontar o desafio. E quanto mais alguém criticá-lo, mas forte tem que estar. É essa cabeça que tem que ter um jogador de futebol, não importa a idade, tem que ter a mentalidade de compromisso", advertiu. 

Há carência de um camisa 10. Se fosse brasileiro, Arrascaeta certamente seria o dono da dezena na Seleção. Embora o Flamengo não tenha conquistado nada na temporada, o uruguaio se destacou individualmente e forma o esquadrão da Bola de Prata ao lado do bicampeão brasileiro Raphael Veiga. O homem de criação do palmeiras é convocado, mas não foi titular nos seis jogos das Eliminatórias. O meio de campo é completado por dois volantes estrangeiros: Villasanti e Pulgar. Justamente na função e que o país tem opções de sobra — a maioria nas ligas de ponta do futebol europeu.

Em meio à carência de laterais, o prêmio Bola de Prata elegeu Piquerez o melhor ala-esquerdo do Brasileirão. A seleção pena para achar um novo dono para a posição desde Marcelo e Filipe Luis na Copa de 2018. Tite teve problemas com Alex Sandro e Alex Telles no Catar. Ambos abaixo da tradição. Mayke ganhou o troféu na lateral direita. Aos 31 anos, é uma opção pouco acionada pela Seleção.

O onze ideal da Bola de Prata tem Weverton no gol. O Brasil está muito bem servido nessa posição no mercado interno e externo. A zaga também é formado por "santos de casa". Murilo e Adryelson formam o par perfeito em 2023.

A escolha do melhor técnico da competição coloca o dedo na ferida de outro problema grave no futebol brasileiro: a falta de um profissional fora de série. O vácuo é ocupado por Abel Ferreira. O português de 42 anos guiou o Palmeiras ao bicampeonato e recebeu o prêmio de número 1 da prancheta.

"É a segunda vez que recebo esse prêmio e gostaria de compartilhar com todos os treinadores que trabalham no futebol brasileiro desde a Série B à Série A. É muito duro ser treinador aqui, é prazeroso, mas é duro. Muito difícil. Tenho tanto mérito no título quanto o Rogério Ceni salvar-se no último jogo”, afirmou, referindo-se à permanência do Bahia na primeira divisão. 

Igualdade de gênero

Criado em 1970 pela revista Placar e exclusividade da ESPN desde 2016, a Bola de Prata é o evento mais antigo e tradicional do país. Em 1973, foi adicionada a Bola de Ouro, prêmio máximo entregue ao melhor jogador da competição. Luis Suárez sucedeu Raphael Veiga no trono.

A Bola de Prata também comprou a briga pela igualdade de gênero. O prêmio forma a seleção ideial da Série A1 do Brasileirão Feminino e reverencia a melhor jogadora e o melhor técnico. Fenômeno descoberto pela Ferroviária, Aline Gomes deixou o evento precisando de ajuda para transportar três estatueta até a casa dela. Aos 18 anos, ganhou a Bola de Ouro como melhor jogadora do ano, uma Bola de Prata por constar no time ideal e outra como revelação.

"Já não sabia o que falar no primeiro prêmio que recebi. Agora, então... Estes prêmio são muito importantes para a minha carreira", discursou a "fominha" de troféus do dia.

Arthur Elias subiu ao palco ao lado de Abel Ferreira para adicionar mais um prêmio de melhor técnico do futebol feminino ao currículo. Depois de conquistar a Libertadores, ele deixou o Corinthians em definitivo para se dedicar exclusivamente ao trabalho na Seleção Brasileira no lugar de Pia Sundhage.

"O objetivo  implementar um jogo de imposição e que todo mundo volte a respeitar e admirar a Seleção das mulheres. É isso que elas merecem", disse ao receber o último prêmio como profissional do Corinthians.

Prêmios

» Masculino

Goleiro: Weverton (Palmeiras)
Zagueiros: Adryelson (Botafogo) e Murilo (Palmeiras)
Laterais: Mayke (Palmeiras) e Piquerez (Palmeiras)
Volantes: Villasanti (Grêmio) e Erick Pulgar) (Flamengo)
Meias: Arrascaeta (Flamengo) e Raphael Veiga (Palmeiras)
Atacantes: Luis Suárez (Grêmio) e Hulk (Atlético Mineiro)
Treinador: Abel Ferreira (Palmeiras)

Bola de Ouro: Luis Suárez (Grêmio)
Artilheiro: Paulinho (Atlético Mineiro)
Gol mais bonito: Endrick (Palmeiras) contra o Botafogo, no Estádio Nilton Santos
Revelação: Endrick (Palmeiras)

Feminino

Goleira: Luciana (Ferroviária)
Zagueiras: Day Silva (Ferroviária) e Luana (Ferroviária)
Laterais: Kati (Corinthians) e Yasmin (Corinthians)
Volantes: Brena (Santos) e Luana Berolucci (Corinthians)
Meias: Duda Sampaio (Corinthians) e Vic Albuquerque (Corinthians)
Atacantes: Aline Gomes (Ferroviária) e Jheniffer (Corinthians)
Treinador: Arthur Elias (Corinthians)

Bola de Ouro: Aline Gomes (Ferroviária)
Artilheira: Amanda Gutierres (Palmeiras)
Gol mais bonito: Vanessinha (Cruzeiro) contra o São Paulo, no Estádio Marcelo Portugal
Revelação: Aline Gomes (Ferroviária)

*O repórter viajou a convite do Grupo Disney/ESPN

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