O Jogada10 preparou um material com perguntas e respostas para que você entenda todo o imbróglio que levou o Tribunal de Justiça a tirar Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF nesta quinta-feira (7/12). E, também, todo desdobramento que isso pode levar no curto prazo.
1 – Pergunta: O que ocasionou a saída de Ednaldo Rodrigues do comando da CBF?
Resposta: Uma ação envolvendo a sua eleição para presidente para o período de 2022 a 2026.
2 – P: Qual foi essa situação?
R: Ednaldo assumiu em agosto de 2021 no lugar de Rogerio Caboclo, presidente eleito em 2017 e com mandato até 2023. Mas Caboclo foi afastado por causa de denúncia de assédio moral e sexual a uma funcionária da CBF. Ednaldo teve o apoio de 23 das 27 federações estaduais para concluir o mandato de Caboclo.
Porém, durante o seu mandato, Ednaldo tentou acabar com uma ação de 2015 que estava parada na Justiça. Nela, os clubes das Séries A e B pediam direito a voto na presidência da CBF. Ednaldo entrou em acordo com o Ministério Público para encerrar a questão propondo a possibilidade de novas mudanças favoráveis aos clubes. Contou com apoio dos clubes. Era o ano 2022 e Ednaldo propôs antecipar a eleição. Assim aconteceu. E ele foi eleito para um mandato de 2022 a 2026. Contudo, os vices eleitos para o período de 2017 a 2023 na gestão Caboclo contestaram. Alegaram que perderam um ano de mandato. Foram à Justiça. É esta contestação que teve parecer favorável do Tribunal de Justiça nesta quinta-feira (7/12). O Tribunal considerou que o Ministério Público não tinha legalidade para fazer tal acordo.
3 – P: Mas daí tirar Ednaldo Rodrigues?
Pela lei, não tinha jeito. Já que o Tribunal alegou que o MP não tinha legitimidade para julgar o caso e fazer o acordo com Ednaldo em 2022, a eleição antecipada estava cancelada. Sendo assim, Ednaldo deveria ser presidente até março de 2023, quando se encerraria o mandato (2017 a 2023) que o então presidente eleito e depois destituído Rogério Caboclo deveria exercer. Logo, se estamos em dezembro de 2023, não há um presidente legal para o mandato de 2023 a 2027. Para não ter uma ausência de presidente na CBF, foi nomeado um interventor, no caso o presidente do STJD, José Perdiz.
4 – P: Perdiz então será o novo mandatário da CBF?
Não. Um interventor tem de organizar eleições num prazo de 30 dias. O eleito neste pleito é quem assumirá.
5 – P: Há chance de Ednaldo Rodrigues voltar ao cargo de presidente?
Sim. E não são pequenas. Há duas formas. Ele pode recorrer na Justiça (o que já deve ter feito) e, nas próximas horas, ganhar o direito de voltar ao cargo. Ou mesmo entrar como candidato nesta eleição que o interventor terá de fazer dentro de até 30 dias. Ednaldo não saiu por corrupção ou algum problema que o desaprove a concorrer. Sua saída se deve pelo fato do Tribunal de Justiça considerar que o MP não tem legalidade para acordos desse tipo com uma entidade privada (como é a CBF). Apenas com entidades públicas.
Ednaldo e a eleição na CBF
6 – P: Mas, se for candidato nesta nova eleição, Ednaldo tem chance se ser eleito?
Nunca se sabe. Mas Ednaldo tem bom trânsito com várias federações e é um candidato de peso contra o grupo de oposição liderado pelo ex-presidente Marco Polo Del Nero e ainda com a influência do ex-presidente Ricardo Teixeira (de quem Ednaldo Rodrigues foi aliado no passado). Vale lembrar que Del Nero foi banido da presidência da CBF pela Fifa em 2017 (Fifagate). Foi quando assumiu o interino Coronel Nunes (por ser o vice presidente mais velho) e que ficou no cargo até a eleição de Caboclo em 2017. Mas Del Nero segue com influência na CBF e o candidato que tiver o seu aval pode, sim, vencer a eleição.
7 – P: E como fica a situação do novo treinador da Seleção Brasileira? Ancelotti teve um acordo selado com Ednaldo para assumir a partir da Copa América, em junho. Mas o dirigente baiano hoje não é mais o presidente da CBF…
Temos de considerar que não há, pelo menos publicamente, documento assinado com Ancelotti e a Seleção. Caso não tenha um contrato firmado e sendo tudo de boca, Ancelotti pode considerar que assumir a Seleção, nesse momento político conturbado (mais um) é um risco. Assim, seguiria no Real Madrid (que quer a sua renovação). Tudo está bem nebuloso. Se já não existia transparência antes, imagine agora.
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