FUTEBOL

Ápice da desrazão: derrota do Brasil para Argentina é marcada por briga

Arquibancada do Maracanã vira palco de selvageria em mais um triste episódio envolvendo clássico entre Brasil e Argentina. Confusão evidencia desorganização em venda mista de ingressos e despreparo da segurança na contenção

A realização do clássico entre Brasil e Argentina em território nacional virou sinônimo de vergonha em âmbito internacional. Nesta terça-feira (21/11), mais uma vez, um problema de organização deixou a partida mais importante da América do Sul em segundo plano. Antes de a bola rolar, a arquibancada do Maracanã deixou de ser um espaço de confraternização para viver um triste episódio de selvageria, com uma briga entre brasileiros e argentinos. A confusão, além de reforçar a falência da forma de se torcer no país, escancara uma série de culpados. Em campo, os hermanos ganharam, por 1 x 0, com direito a olé entoado pela torcida mandante.

O panorama prévio no palco mais importante do futebol brasileiro apontava indícios óbvios de uma tragédia anunciada. Iniciada a toque de caixa sete dias antes do jogo, a venda mista de ingressos deixou as torcidas juntas no Setor Sul, sem divisão ou, sequer, proteção policial. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi a responsável pela logística. O esquema de segurança não previa nenhuma separação, mesmo com o histórico acirrado do clássico. No ápice do clima de rivalidade, brasileiros vaiaram a execução do hino da Argentina. A atitude foi o estopim para escancarar a desrazão e dar início a uma verdadeira batalha nas arquibancadas do Maracanã.

Carl de Souza/AFP -
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CARL DE SOUZA / AFP -
DANIEL RAMALHO / AFP -
DANIEL RAMALHO / AFP -
Carl Souza/AFP -
CARL DE SOUZA / AFP -

Mesmo com um batalhão especializado para promover a segurança em estádios, a Polícia Militar do Rio de Janeiro apenas observou a situação por longos minutos. Tempo suficiente para a agressão mútua se estender, com direito a cadeiras utilizadas como armas para atacar quem deveria ser rival apenas no gramado. Quando agiu, o policiamento respondeu com truculência e piorou a situação. Incrédulos e preocupados com familiares nas arquibancadas, os jogadores argentinos, em um primeiro momento, foram em direção à confusão para tentar conter a briga. Sem sucesso, deixaram o campo se negando a atuar.

Assustados e acuados pela segurança em direção a um dos muros, alguns torcedores chegaram a pular para o gramado em busca de proteção. Remediando o problema escancarado, os 800 seguranças particulares do Maracanã criaram um cordão de isolamento conforme a situação se amenizava. O clima indicou a retomada do jogo, mesmo com as imagens ainda mostrando torcedores chorando e em choque pela experiência negativa nas arquibancadas do Maracanã. Na selvageria, oito pessoas foram presas.

Em entrevista ao SporTV, a PM do Rio criticou a venda de ingressos mistos, defendeu a atuação dos militares na contenção do confronto e destacou agir apenas quando as forças privadas não suportam a demanda. A CBF alegou ser apenas "cliente" do Consórcio Maracanã, mesmo sendo a responsável pela definição da comercialização de entradas. Mesmo sem ninguém assumir a responsabilidade, o vexame fica para sempre como mais uma mancha no futebol brasileiro.

O jogo

Com bola rolando, o Brasil fez um jogo mais seguro comparado à derrota para a Colômbia. O time, porém, perdeu uma profusão de chances de gol. O desperdício de oportunidades deixou a Argentina viva e os campeões mundiais fizeram uso de uma deficiência recente tupiniquim: a bola aérea. Otamendi se desvinculou da marcação, subiu livre e cabeceou escanteio para o gol. O golpe fez a Seleção perder o controle do jogo. Desorganizada, a equipe sofreu e sucumbiu de vez com a expulsão de Joelinton. A derrota é histórica. Foi o primeiro revés tupiniquim em casa na história das Eliminatórias.

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