ELIMINATÓRIAS

Maracanã vira palco de embate filosófico entre Diniz e Scaloni

Um foi campeão da América do Sul há 17 dias, enquanto o outro está próximo de completar um ano da conquista do mundo

O campo das ideias é um ingrediente a mais para o clássico no Maracanã. O encontro entre Brasil e Argentina também é um embate tático e filosófico entre o técnico campeão da América do Sul e o do mundo. Fernando Diniz foi a mente por trás do título inédito do Fluminense na Libertadores há 17 dias, enquanto Lionel Scaloni comemorava em 18 de dezembro do ano passado a edificação do trabalho como engenheiro do tri mundial hermano.

Diniz e Scaloni são contemporâneos. O ex-meia brasileiro momento mais prestigiado da carreira, aos 49 anos. Aos 44, o ex-lateral tem a confiança do povo argentino. O fato de terem desempenhado funções diretos em campo contribuiu diretamente para forma como pensam o jogo à beira do gramado. O técnico compartilhado com o Fluminense é adepto ao estilo aposicional. Ou seja, as peças não ficam presas a setores no tabuleiro.

O brasileiro costuma ensaiar times para confundir adversários. A troca de posições entre os jogadores torna o estilo mais livre, gera aproximações e, consequentemente, oportunidades. A ideia é considerada movimento de contracultura das quatro linhas, pois foge do enrijecimento tático.

Na teoria, o Dinizismo encanta. Na prática, a conversa é outra. A implementação do estilo de jogo aposicional, focado em estar mais próximo da bola do que de adversários leva tempo. Ao contrário da realidade no Fluminense, isso Diniz não tem. Treinar os jogadores apenas durante a Data Fifa e "romper" com os ideais deles nos clubes prejudica, ainda mais com data de validade. Em tese, hoje ele se despede para a chegada de Carlo Ancelotti em 2024.

Mas é possível ver o dedo de Diniz na Seleção em cinco jogos. O primeiro ponto é a saída de bola curta. O que Fábio faz no Flu, Ederson e Alisson são preparados a fazer. Eles participam da transição da defesa para o ataque. A explicação é simples: atrair a marcação, quebrar as linhas e sair em direção ao campo adversário com superioridade.

A criação, porém, tem sido o problema. Se a missão de ameaçar era complicada com Neymar, imagine sem. Nos quatro primeiros compromissos, Diniz ensaiou um 4-2-3-1 que depois some do papel. Contra a Colômbia, adotou uma espécie de 4-4-2 com muitos pés, mas sem nenhuma cabeça capaz de pensar o jogo. André e Bruno Guimarães não foram eficientes. Coube aos perninhas rápidas Vini Jr., Rodrygo, Martinelli e Raphinha tentar resolver a parada. Sem sucesso.

Ao final dos jogos contra Uruguai e Colômbia fica difícil decifrar o que é o Brasil (veja nas imagens ao fim da matéria). E a missão de hoje pode oferecer muito mais perigo que as anteriores. A Argentina é uma das orquestras mais afinadas do continente. A filosofia na qual todos reconhecem as funções e oferecem linearidade e padrão de jogo tem sido o trunfo. Em todas as partidas das Eliminatórias Scaloni utilizou o 4-3-3.

A grande alteração tem sido Messi. Quando não é poupado, o craque funciona como um ponta-direita que costuma cair para o centro. Isso faz com que o camisa 10 seja "abraçado" pelos companheiros. O meio de campo com três homens oferece mais opções para que a bola chegue no camisa 10 e compensa a não recomposição defensiva dele.

Sofascore - Distribuição tática do Brasil na teoria e na prática com o estilo aposicional de Diniz contra a Colômbia
Sofascore - Mapa de jogo argentino antes e durante o clássico contra o Uruguai reforça o respeito ao 4-3-3 de Scaloni

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