PARAPAN

Delegação brasileira no Parapan tem 16 atletas de Brasília

Maior contribuição da capital federal para o país na disputa em Santiago está no badminton e no golbol, com cinco e quatro atletas, respectivamente

O sucesso do Brasil na sétima edição dos Jogos Parapan-Americanos de Santiago passa por Brasília. Dos 324 personagens que competirão na versão chilena do evento até 26 de novembro, 14 são brasilienses da gema e uma de coração. A presença também é garantida entre atletas-guia. Dos 10 inscritos, um se orgulha de ser cria das pistas da cidade

Isso faz com que o Distrito Federal apareça na quarta posição do ranking de unidades da federação que mais ativas, ao lado de Pernambuco. São Paulo é líder com 85 atletas "cedidos". O Rio de Janeiro é o segundo colocado, com 34. Minas Gerais e Paraná vêm em seguida — 25 cada.

A maior contribuição do DF vem do badminton, com cinco competidores. Um dos carros-chefes do Brasil, o golbol é o vice-líder. Quatro dos 12 protagonistas da modalidade foram forjados nas quadras da capital. Destaque para Leomon Moreno, o melhor do mundo na atualidade.

O ouro paralímpico em Tóquio-2020, o bronze na Rio-2016 e a prata em Londres-2016 justificam o título individual da cria da Ceilândia. Hoje, Leomon defende as cores do Santos. Antes, ganhou notoriedade com a camisa do Sporting, de Portugal, clube pelo qual foi campeão da Champions League da modalidade e foi apelidado de Cristiano Ronaldo do esporte praticado exclusivamente por deficientes visuais. "Passei por atletismo, natação, futebol de cegos, judô e até xadrez. O que me conquistou foi o golbol. Tive a consciência de que conseguiria me desenvolver. O golbol é uma paixão de família. Meus dois irmãos mais velhos, Leandro e Leonardo, praticavam a modalidade e me influenciaram bastante", compartilha.

Leomon sonhava em ser jogador de futebol. A perda da visão devido a uma retinose pigmentar parecia um problema para o brasiliense. Porém, o caminho aberto pelos irmãos o possibilitou viver no golbol o que gostaria nos gramados. "No primeiro momento, não entendemos o que é uma pessoa com deficiência, quais são as limitações. Os sonhos sempre vão além das capacidades, mas procurei me realizar de outra forma", relata o atleta de 30 anos.

A realização também é a tônica da vida de Carla Maia, única representante do DF no tênis de mesa. Vinte e cinco anos após sofrer um sangramento espontâneo na medula espinhal, que a deixou tetraplégica, ela embarcou para o terceiro Parapan da carreira. Foi bronze por equipes na edição do Rio-2007 e competiu em Lima-2019. Em Toronto-2015, trocou a raquete pelo microfone. Esteve fora do torneio para executar a missão de jornalista na cobertura do evento.

"Ser jornalista me faz valorizar mais e entender os dois lados. Sei o tamanho do sacrifício, das dores e sobrecarga. Nosso braço faz tudo, toca cadeira, treina, veste-se. São muitos esforços para ser atleta de alto rendimento. Valorizo muito isso", conta.

Carla está focada em conquistar vaga para Paris-2024 e promete abdicar de coberturas para competir. "Cumpri minha missão. Sempre quis dar voz ao esporte paralímpico. No começo, as pessoas não viam o esporte como de alto rendimento e, sim, de reabilitação. Eu sabia que não era. Minha missão era colocar pessoas em destaque. Hoje, acho que a imprensa vê isso. Minha missão acabou", discursa.

Nas piscinas, Wendell Belarmino, 25 anos, é uma das apostas. O nadador sofre de perda quase total da visão e é o atual campeão paralímpico dos 50m livre, vice do revezamento 4x100m livre mistos e bronze nos 100m borboleta. A missão de Berlamino e companhia é não dar espaço para a saudade no primeiro Parapan desde a aposentadoria de Daniel Dias, 26 vezes medalhista em Paralimpíadas.

"O Brasil tem excelentes atletas. Uma coisa que o Daniel Dias nos falou quando estava se aposentando era sobre ele ser um multimedalhista, mas que agora estavam surgindo muitos mais. Um protagonista pode existir, mas todos trarão bons resultados", projeta.

Valdo Virgo/CB/D.A Press - As 16 esperanças de medalha para o DF nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago

1 Amauri Alves Viana — basquete em cadeira de rodas
2 Wendel de Souza Silva — atleta guia
3 Wendell Belarmino — natação
4 Rayane Soares — atletismo*
5 Carla Maia — tênis de mesa
6 Jéssica Vitorino — golbol
7 Danielle Araújo — badminton
8 Edmar Barbosa — badminton
9 Daniele Torres Souza — badminton
10 Leomon Moreno — golbol
11 Maria Fernanda Alves — tênis em cadeira de rodas
12 Ana Gabriely Assunção — golbol
13 Marcelo Conceição — badminton
14 Ângelo Matheus — futebol PC (paralisia cerebral)
15 André Claudio Dantas — golbol
16 Aline Oliveira Cabral — badminton

*Maranhense criada no DF

Mais Lidas