LIBERTADORES

Boca x Flu: entenda o 'muro baixo' entre os adversários na final

Tricolores e xeneizes fazem os últimos ajustes para a decisão continental a menos de 1km de distância, na Zona Oeste do Rio de Janeiro

Toda final de campeonato tem pitadas de mistério, mas quando o assunto é uma decisão de Libertadores as proporções ficam ainda maiores, sobretudo entre Brasil e Argentina. Protagonistas do espetáculo de sábado (4/11), às 17h, no Maracanã, Fluminense e Boca Juniors tentam ser discretos quanto às estratégias utilizadas no campo. Um fator curioso, entretanto, pode diminuir os enigmas dos técnicos Fernando Diniz e Jorge Almirón.

O muro entre Fluminense e Boca Juniors nunca ficou tão baixo. Tricolores e xeneizes fazem os últimos ajustes para a decisão continental a menos de 1km de distância. Para ser mais preciso, 600m separam as duas delegações na véspera do espetáculo mais aguardado dos gramados da América do Sul. Os brasileiros treinam normalmente no Centro de Treinamento Carlos Castilho, na Zona Oeste da cidade. Do lado de cá da fronteira desde quarta, os argentinos usufruem da estrutura do Vasco, no CT Moacyr Barbosa.

A situação de Fluminense e Boca Juniors é semelhante à de Palmeiras e São Paulo, vizinhos de muro na capital paulista. No caso dos protagonistas da final da Libertadores, o interesse no sigilo é muito maior. Lado a lado momentos antes de a bola rolar, eles utilizam a mesma rua para acessar as dependências dos respectivos centros de treinamentos. A melhoria na região com obras no asfalto foi entregue em maio por meio de uma parceria do Flu com a Prefeitura do Rio de Janeiro. A operação não contou com apoio do Vasco.

Embora estejam próximos, os centros de treinamentos de Fluminense e Vasco não foram inaugurados no mesmo período. Os tricolores chegaram primeiro no local e tiraram o projeto do papel há pouco mais de sete anos. A instalação foi batizada de CT Pedro Antonio, homenagem ao ex-vice de projetos especiais do clube, responsável pelas obras iniciais e pelo financiamento do recurso para a construção. Em setembro de 2020, o cruzmaltino inaugurou o ambiente.

Não bastasse a proximidade física, Fluminense e Boca Juniors treinam em horários quase idênticos. Ontem, Fernando Diniz levou a equipe a campo na parte da manhã, próximo das 9h30. Jorge Almirón ensaiou a trupe argentina no primeiro treino a partir das 10h. Segundo a imprensa argentina, os xeneizes esboçaram a equipe titular com Sergio Romero; Advíncula, Figal, Valentini, Fabra; Medina, Pol Fernández, Equi Fernández, Barco; Merentiel e Cavani. Hoje, as mentes por trás dos times fecharão a preparação para a final. Após as atividades, partirão para o Maracanã para fazer o tradicional reconhecimento do gramado, preservado pela Conmebol. O último jogo no estádio foi em 22 de outubro, na vitória do Flamengo por 1 x 0 sobre o Vasco.

O Rio de Janeiro está com a segurança reforçada. Parte dos 100 mil argentinos aguardados na cidade chegaram e tomaram conta de pontos turísticos, como a Praia de Copacabana. Os viajantes sem ingressos para a partida poderão acompanhar a final em espaços exclusivos com telões, como o Terreirão do Samba, próximo ao sambódromo da Sapucaí.

Confusão

Torcedores de Fluminense e Boca Juniors entraram em conflito na tarde de ontem na Praia de Copacabana. A briga aconteceu próximo da fan zone, espaço promovido pela Conmebol com espaços temáticos em homenagem aos finalistas da Libertadores. Um brasileiro e um argentino foram detidos. Registros mostram torcedores do Flu emboscando os argentinos na faixa de areia da praia. Em outras imagens, feitas de um prédio na orla, é possível ver a correria de torcedores e banhistas.

Segundo a Polícia Militar do Rio de Janeiro, as medidas de segurança haviam sido reforçadas na Praia de Copacabana. Foi utilizado, inclusive, monitoramento de vídeo por um helicóptero. Houve relatos de uso de balas de borracha e gás de pimenta. Na segunda-feira, outro grupo de torcedores do Fluminense agrediu adeptos do Boca Juniors, também na Zona Sul do Rio. Três brasileiros chegaram a ser presos. Nas redes sociais, provocações entre as duas torcidas têm sido recorrentes. Um dos temas é o racismo, em referência às injúrias que se tornaram comuns em confrontos de argentinos contra brasileiros.

A imprensa argentina repreendeu a emboscada da torcida do Fluminense e a abordagem a PM contra os visitantes. O Diário Olé publicou um artigo intitulado "Mais uma vez, o Brasil é uma vergonha".

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