A "europeização" do futebol sul-americano tem causado controvérsias. Instituída em 2019, a final única da Libertadores sempre esteve acompanhada de polêmicas e reclamações, sobretudo dos torcedores. Se no Velho Continente o modelo de decisão é um case de sucesso, por aqui, a conversa é diferente. As distâncias entre os países e, consequentemente, as dificuldades para se locomover e arcar com os custos da logística são as maiores broncas dos clientes preferenciais da Conmebol.
O Brasil esteve em todas as finais únicas da Libertadores. A euforia pela possibilidade de títulos costuma ser proporcional ao investimento. A decisão entre Boca Juniors e Fluminense, neste sábado (4/11), às 17h, no Maracanã, é a segunda desse modelo no país — a primeira com portões totalmente abertos. Os tricolores agradecem por não ter de passar pelos mesmos perrengues de Flamengo, Palmeiras e Athletico-PR.
Levantamento feito pela 1xBet mostra o gasto médio dos torcedores para testemunhar in loco as últimas decisões. Em 2018, os apaixonados por River Plate e Boca Juniors cruzaram o Atlântico para acompanhar o segundo jogo da decisão no Santiago Bernabéu, em Madri. A logística não saiu por menos de R$ 10 mil para cruzar 20 mil km de ida e volta.
Mas a primeira versão de final única na América do Sul passou por mudanças de última hora devido à instabilidade social em Santiago, com protestos violentos contra o governo. Para a maioria dos rubro-negros, sair do Rio Janeiro com destino à capital chilena seria complicado, imagine para Lima, no Peru. Isso, porém, não impediu a jornada 7.546km partindo da Cidade Maravilhosa.
O relatório aponta que os mais de 25 mil flamenguistas gastaram, em média, R$ 3,5 mil com passagens aéreas, hospedagem, alimentação e ingresso. Todos, porém, acreditam que valeu a pena, pois significou o início do projeto de expansão do clube com o segundo dos três títulos continentais. Para a torcida do River Plate, a distância era menor, mas os custos um pouco mais salgados, ou melhor, amargos com a derrota de virada, por 2 x 1.
No ano seguinte, teoricamente, a final tinha tudo para não ter dor de cabeça ou dor no bolso. Porém, o avanço da pandemia de covid-19 impediu que a final paulista entre Palmeiras e Santos, no Maracanã, pudesse contar com o público geral. Somente 5 mil convidados dos dois clubes puderam testemunhar o bi alviverde. A festa tinha tudo para ser maior devido à proximidade entre São Paulo e Santos com o Rio de Janeiro.
Quando dois brasileiros se reencontraram no último ato do principal espetáculo do continente, a Conmebol levou a decisão para Montevidéu. O estádio Centenário foi o palco para as emoções do triunfo do Palmeiras por 2 x 1 sobre o Flamengo, com direito a prorrogação. Os gastos foram semelhantes. Para cada alviverde e rubro-negro, os segmentos envolvidos faturaram quase R$ 7 mil.
Em 2022, os custos das peregrinações pelo título passaram por correções. A final no Estádio Monumental de Guayaquil, no Equador, foi a mais cara para os brasileiros desde 2019. A logística para sair do Rio de Janeiro, Curitiba e outras regiões aumentou mais de 50%. O investimento para os cariocas valeu a pena, pois brindou o clube com o tricampeonato que o colocou na mesma prateleira de São Paulo, Santos, Grêmio e Palmeiras.
Festa no Maraca
O Fluminense está na segunda final de Libertadores, enquanto o Boca Juniors caminha para a 12ª. Os cariocas se apegam à comodidade e à relação afetiva com o Maracanã, pois serão os primeiros a jogarem na própria cidade desde que a final única foi adotada. Em tese, os gastos são menores para quem mora no Rio de Janeiro. Os cariocas arcarão "apenas" com o ingresso de cerca de R$ 260. Em contrapartida, para os xeneizes que percorrerão os mais de 2,6 mil km, o custo pode chegar a R$ 6 mil. Nada disso atrapalha a festa. Aproximadamente 100 mil hermanos são aguardados no Brasil.