Libertadores

Boca x Flu: Advíncula e Marcelo podem ser as chaves para Glória Eterna

Dispensado por Jorginho na Ponte Preta em 2013, Advíncula é o artilheiro do Boca. O tricolor Marcelo tenta ser o 15º campeão na América do Sul e na Europa. Duelo entre eles pode nortear a decisão

Uma das chaves da final de sábado entre Boca Juniors e Fluminense, às 17h, no Maracanã, é um duelo tático entre dois laterais extremamente ofensivos. No terceiro capítulo da série do Correio Braziliense sobre os personagens da decisão inédita no Rio de Janeiro, nossa lupa de aumento chama atenção para o artilheiro do Boca Juniors no torneio continental, o peruano Luis Advíncola; e um candidatíssimo a ampliar a lista dos 14 campeões da Champions League e da Libertadores: o iluminado Marcelo.

Há 10 anos, o lateral-direito Advíncula desembarcava em Campinas (SP) para se apresentar à Ponte Preta. O técnico Paulo César Carpegiani havia indicado o jogador ao clube. Um dos argumentos para a aquisição era a velocidade do atleta de 23 anos. O ala revelado pelo modesto Juan Aurich do Peru havia sido emprestado ao Hoffenheim da Alemanha e foi cedido ao clube paulista.

Advíncula ganhou o apelido de "Bolt" devido ao pique comparado ao do jamaicano Usain Bolt, porém a passagem do reforço pelo Moisés Lucarelli foi uma raio. Durou três meses. Quem pediu a contratação perdeu o emprego. Carpegiani saiu para a chegada de Jorginho. O lateral-direito do Brasil na Copa de 1994 não gostou de Advíncula. Colocou o peruano em uma barca de jogadores descompromissados e o dispensou sob a alegação de que ele era fraco tecnicamente na comparação com Régis e Artur.

Começava uma peregrinação de compras e empréstimos na carreira de Advícula. O lateral perambulou por Sporting Cristal (Peru), Vitória de Setúbal (Portugal), Busaspor (Turquia), Tigres e Newell's Old Boys (Argentina), Lobos (México) Rayo Vallecano (Espanha) e finalmente um porto seguro chamado Boca Juniors. O ex-técnico Miguel Ángel Russo pediu a aquisição.

O desfecho da transação foi curioso. O Boca Juniors disputou Advíncula com o Fluminense. Venceu a queda de braço e frustrou os planos do time carioca. Depois de trabalhar com Russo, Sebastián Battaglia, Hugo Ibarra e Mariano Herrón, ele virou uma das referências ofensivas do time de Jorge Almirón nesta Libertadores.

Marcado por ostentar centroavantes históricos como Gabriel Batistuta e Martín Palermo, o Boca Juniors tem Advíncula como artilheiro do time na campanha pelo hepta. O lateral tem três gols. Mais do que o uruguaio Edinson Cavani, autor de apenas um na semifinal contra o Palmeiras. Balançou as redes do Nacional (Uruguai), Colo-Colo (Chile) e Deortivo Pereira (Colômbia).

Dez anos mais velho depois do desprezo de Jorginho por ele na Ponte Preta em 2013, Advíncula é o eleito para explorar os espaços deixados pelo experiente Marcelo no setor esquerdo da defesa do Fluminense. Um dos cotados para atormentar a vida do lateral-esquerdo e do zagueiro Felipe Melo.

Os antídotos de Marcelo são a experiência e um currículo imponente. O carioca nascido em 1988 é formado nas divisões de base do clube. A cria de Xerém trocou o Fluminense pelo Real Madrid aos 19 anos e atingiu patamar de Roberto Carlos no clube espanhol. Depois de conquistar cinco edições da Champions League, Marcelo cobiça a primeira Glória Eterna.

A movimentação de Marcelo pode ser decisiva no duelo tático entre os técnicos Fernando Diniz e JOrge Almirón. O lateral tem liberdade para circular pelo meio e até a ponta-direita, de onde costuma partir com a bola dominada até a entrada da área para chutar com calibrada canhota. Fez gol assim, por exemplo, na final do Carioca contra o Flamengo na goleada por 4 x 1.

A questão é a sincronização na cobertura de Marcelo. O anjo da guarda Alexsandro não deve iniciar a partida. O sistema tático 4-2-4, com André e Ganso no papel de volantes, demanda energia dos pontas Keno e Arias na proteção a Marcelo. O Corinthians explorou a vulnerabilidade no empate por 3 x 3 pelo Brasileirão. A blindagem do astro é um atalho para Marcelo acessar o hall dos 14 campeões da Libertadores e da Champions League: os brasileiros Dida, Roque Júnior, Cafu, Ronaldinho Gaúcho, Neymar, Danilo, Rafinha, Ramires, David Luiz; e aos argentinos Sorín, Solari, Tévez, Samuel e Julián Álvarez.

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