Torcedores do Palmeiras costumam brincar que o técnico Abel Ferreira sempre tem um plano, sobretudo em momentos decisivos. Vitorioso com troféus relevantes desde a chegada ao Brasil, em 2020, ele ensaia novo truque de mestre. Caso orquestre a companhia palestrina ao triunfo sobre o América-MG, nesta quarta-feira (29/11), às 21h30, no Allianz Parque, o português deixará o clube em ótimos lençóis pelo 12º título a duas rodadas do fim do Campeonato Brasileiro e ficará próximo de entrar na lista exclusiva de treinadores campeões da elite do país de maneira consecutiva.
Dos 13 donos de pranchetas que alcançaram o topo do futebol nacional na era dos pontos corridos somente três foram capazes de repetir sucesso de uma temporada para outra. Marcelo Oliveira era a mente por trás do bicampeonato do Cruzeiro em 2013 e 2014. Muricy Ramalho se orgulha de ser o único tri seguido com os feitos pelo São Paulo de 2006 a 2008. Recordista de troféus da Série A, com cinco, Vanderlei Luxemburgo não fica de fora. É o único a alcançar o feito em sequência por clubes diferentes: Cruzeiro (2003) e Santos (2004).
Abel Ferreira pode ser o primeiro estrangeiro na turma desses professores. Atual campeão, ele “comemora” o auxílio da tabela nos últimos três atos do Campeonato Brasileiro. Comparado aos três concorrentes diretos, o alviverde tem, teoricamente, a agenda menos complicada. Após o confronto com o rebaixado América-MG, recebe um desfigurado Fluminense focado no Mundial de Clubes e visita o ameaçado Cruzeiro em Belo Horizonte. Tudo isso, somado ao fato de o Palmeiras ser o único time que depende das próprias forças, joga as possibilidades de título para 55,5%.
Outro feito individual também está em jogo para Abel Ferreira nos últimos 270 minutos do campeonato. Caso cruze a linha de chegada em primeiro, colocará o Palmeiras como bicampeão consecutivo após 29 anos. A última havia sido justamente com Vanderlei Luxemburgo, em 1993 e 1994. Antes do “pofexô”, Aymoré Moreira e Mário Travaglini consolidaram a “Primeira Academia” com o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, e a Taça Brasil, ambas em 1967. Em 1972 e 1973, Osvaldo Brandão guiou o Palestra ao topo do país.
O momento de decisão, eleva a carga de euforia, mas pede cautela, ao melhor estilo “cabeça fria, coração quente”, como diz o treinador. Embora tenha preparado a equipe para o duelo na Zona Oeste paulistana, Abel Ferreira não estará à beira do gramado. Ele foi punido com cartão amarelo nos acréscimos do empate por 1 x 1 com o Fortaleza fora de casa, no domingo, e cumprirá suspensão automática. O auxiliar Vítor Castanheira será o responsável por emular o multicampeão.
Para Abel, independentemente de quem comandará a equipe no jogo de hoje, o que não pode faltar é o comportamento de equipe campeã, sobretudo em casa. “Meu maior orgulho dessa equipe é a atitude, a forma como fazemos das tripas coração para depender só de nós. Temos três finais, preciso da ajuda do nosso torcedor agora, com jogos na nossa casa. Está tudo em aberto, e vamos ter campeonato até o fim”, reforçou na coletiva após duelo na Arena Castelão.
Alvo do Zenit, da Rússia, o atacante Arthur endossa o discurso do treinador e acredita na consistência dos treinos para alcançar o sucesso e, possivelmente, despedir-se do clube com título. “O papel de quem está no Palmeiras é sempre desempenhar, trabalhar. Independentemente se está jogando ou não, somos uma equipe muito unida. O Abel sempre nos cobra nos treinos e diz que se treinarmos com intensidade, no jogo vai acontecer naturalmente. Agora é jogo a jogo, falta pouco. Não podemos tirar o pé, não podemos baixar a cabeça ou achar que vai ser só mais um jogo. É mais uma final para a gente, encarar como se fosse uma final, fazer um bom jogo e sair com três pontos dentro de casa”, discursou.
Ficha técnica
Palmeiras x América-MG
Palmeiras - Weverton; Murilo, Luan e Naves; Marcos Rocha, Zé Rafael, Richard Rios e Raphael Veiga; Endrick e Breno Lopes. Técnico: Vítor Castanheira
América-MG - Jori; Daniel Borges, Ricardo Silva, Júlio e Marlon; Alê, Martínez e Kal; Everaldo, Mastriani e Felipe Azevedo. Técnico: Diogo Giacomini (interino)
Onde: Allianz Parque, São Paulo (SP)
Quando: Quarta-feira (29/11), às 21h30
Transmissão: Globo e Premiere
Arbitragem: Wilton Pereira Sampaio (GO)
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