A corrida pelo título do Brasileirão tem candidatos familiarizados com a briga no topo da tabela e um estranho no ninho: o Bragantino. Isso, no entanto, não faz jus à estrutura do clube e à bola jogada pela equipe de Pedro Caixinha. O time comandado pelo treinador português une juventude, trabalho de longo prazo, um estilo de jogo definido e uma consistência que se destaca entre os rivais do campeonato e explica o atual quarto lugar na tabela.
O clube de Bragança Paulista fechou uma parceria com a Red Bull em 2019 com foco de voltar a figurar entre os principais do país. Com o aporte financeiro, naquele mesmo ano foram campeões da Série B. De volta à elite, a principal campanha foi em 2021, quando o Massa Bruta terminou em sexto, com 56 pontos. Na atual temporada, o time tem 59 pontos e cinco jogos pela frente, ou seja, garantiu o melhor desempenho dos últimos anos.
O dinheiro nos cofres do Bragantino impulsionou o clube no mercado. Não à toa, o elenco é o terceiro da Série A que mais custou para ser montado, com R$ 182 milhões em transferências, atrás apenas de Flamengo (R$ 746 milhões) e Palmeiras (R$ 297 milhões). Além disso, se destaca o fato do plantel ser o mais jovem da elite, com 23,8 anos de média. Para efeito de comparação, o segundo é o Vasco, de média 25,6, quase dois anos a mais.
Com passagens anteriores pelo futebol mexicano, argentino, árabe e escocês, Pedro Caixinha foi o escolhido para comandar o time. Na chegada à Bragança, o gajo estabeleceu com os jogadores que a meta seria um lugar entre os oito primeiros do campeonato nacional e média de 1,43 a 1,54 pontos por jogo. 33 jogos depois, a média é de 1,79.
Mas quem vê o desempenho no Brasileirão não pode esquecer outras frustrações da temporada. No Paulistão, o clube foi eliminado para o modesto Água Santa. Na Copa do Brasil, a despedida foi na segunda fase para o Ypiranga, da Série C. Na Copa Sul-Americana, perdeu para o rebaixado América-MG. Ainda assim, a diretoria bancou o trabalho de Caixinha, focou em apenas uma competição e está começando a ver os frutos da decisão.
O treinador, geralmente, leva a campo um Bragantino que ataca no 3-2-5 e se defende no 4-2-4, apostando na polivalência de jogadores como Aderlan e Juninho Capixaba e na mobilidade dos homens ofensivos. O esquema bem aplicado faz a equipe ser a terceira melhor defesa do campeonato com 29 gols sofridos, atrás apenas dos mineiros Atlético (27) e Cruzeiro (28), ao mesmo tempo em que possui o maior volume ofensivo. O Massa Bruta finaliza 16,87 vezes por jogo, das quais 5,54 vão na direção do gol. Os números são os melhores do Brasileirão.
Quem se aproveita disso são os artilheiros Eduardo Sasha e Thiago Borbas, maiores goleadores do time na atual Série A, com 10 e nove gols. O responsável por servir os goleadores é Lucas Evangelista, com seis assistências. Do outro lado da bola, Léo Ortiz é o xerife da zaga e ainda ajuda na construção das jogadas, como fez no final da partida contra o Botafogo.
A solidez também resulta em equilíbrio nos resultados. O Massa Bruta é o único time da Série A a não perder jogos consecutivos. O número de derrotas também é o menor entre os 20 clubes: apenas seis. De coadjuvante a protagonista, o Bragantino de Pedro Caixinha segue com os pés no chão. "O nosso título é o próximo jogo. Nosso trabalho é sempre com foco no próximo jogo", disse o treinador, em coletiva após o duelo com o Corinthians.
Nas palavras do português, o foco está no compromisso contra o Flamengo, no Maracanã. Pedra no sapato do rubro-negro desde a volta à elite, o Massa Bruta entra em campo pelo sonho da maior conquista do clube e quer abrir mais uma caixinha de surpresas no Brasileirão.
*Estagiário sob a supervisão de Danilo Queiroz
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