CRIME

Racismo: torcedora argentina é presa no Maracanã nesta terça (21/11)

Mulher teria chamado funcionária do estádio de 'pedaço de macaco'. Além dela, oito torcedores foram detidos após confusão antes do jogo entre Brasil e Argentina

 Torcedores argentinos entram em confronto com a polícia brasileira antes do início da partida de futebol das eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo da FIFA de 2026 entre Brasil e Argentina, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro
       -  (crédito:  AFP)
Torcedores argentinos entram em confronto com a polícia brasileira antes do início da partida de futebol das eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo da FIFA de 2026 entre Brasil e Argentina, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro - (crédito: AFP)
postado em 22/11/2023 08:58

Por suspeita de racismo, uma torcedora argentina foi presa na noite desta terça-feira (21/11), no Maracanã, durante a partida entre Brasil e Argentina, no Rio de Janeiro. A mulher foi acusada de ter cometido o crime por uma funcionária do estádio.

Testemunhas disseram que a argentina chamou a brasileira de "pedaço de macaco", segundo informações do portal G1. No Brasil, racismo é passível de dois a cinco anos de cadeia, além de multa. A torcedora foi encaminhada para o Juizado Especial Criminal (Jecrim) do estádio e ouvida por autoridades brasileiras.   

Além dela, oito torcedores foram detidos após confusão antes do jogo entre Brasil e Argentina e encaminhados ao Jecrim.

O Correio contatou as polícias Militar e Civil do Rio e aguarda atualizações sobre os casos da argentina presa e dos oito torcedores detidos.

Confusão no estádio

A partida entre Brasil e Argentina, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, terminou com o placa de 1 a 0 para a seleção estrangeira. Antes de o jogo começar, torcedores das duas nações protagonizaram episódios de confusão e pancadaria nas arquibancadas do Maracanã. 

No estádio, havia a chamada 'torcida mista', que é quando os torcedores de equipes diferentes dividem a arquibancada e assistem ao jogo no mesmo local. A briga começou quando a torcida brasileira vaiou o momento em que o hino da argentina era cantado, a torcida do país vizinho então começou a pancadaria. Imagens que circulam nas redes sociais mostram momentos de caos, com crianças chorando e torcedores tentando escapar da confusão.

Diante disso, os jogadores argentinos, liderados pelo craque Lionel Messi, abandonaram o campo e foram ao vestiário do estádio para aguardar o término da briga. Os jogadores brasileiros continuaram no gramado.

Após a confusão acabar, os argentinos retornaram ao campo e o juiz iniciou a partida. 

A seleção argentina voltou a campo no Maracanã quase quinze minutos depois de ter retornado aos vestiários do estádio no Rio de Janeiro devido a briga. O jogo começou às 21h57, com 27 minutos de atraso.

Estratégia policial

Durante o jogo, policiais fizeram uma barreira humana no setor Sul para separar as duas torcidas, que estavam concentradas no mesmo local. O comandante do Batalhão Especializado de Policiamento em Estádio, coronel Vagner Ferreira, culpou a organização da partida pela ausência de separação entre as torcidas. Para ele, a polícia agiu de forma correta.

“A toda ação corresponde uma reação. Existe um histórico de torcidas que têm um enfrentamento maior com os órgãos de segurança. Inicialmente, se utilizou da verbalização. Posteriormente, a gente teve que utilizar o bastão. Não houve uso de material não letal, como balas de borracha. Não houve utilização de gás, a gente foi bem técnico”, disse o coronel ao Sportv.

CBF comenta episódio

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) argumenta, em nota, que a organização para a partida de terça foi feita pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) e que representantes da instituição se reuniram com autoridades brasileiras antes da realização do evento para elaborar o plano de segurança.

"Na segunda (20/11), o plano operacional para o jogo foi igualmente aprovado sem qualquer ressalva ou recomendação na reunião realizada no Estádio Maracanã, com a presença da CBF, representantes da CONMEBOL, da Polícia Militar RJ, das empresas responsáveis pela operação do Maracanã, e que operam mais de 70 jogos no estádio por ano, e outras autoridades públicas", escreveu.

Confira o comunicado na íntegra:

Todo o planejamento do jogo, em especial o plano de ação e o de segurança, foram sim debatidos com as autoridades públicas do Rio de Janeiro em reuniões realizadas entre as partes.

Os planos de ação e segurança foram aprovados sem qualquer ressalva ou recomendação pelas autoridades de segurança pública presentes (Polícia Militar RJ, SEPOL, Ministério Público, Juizado do Torcedor, Guarda Municipal, CET-RIO, Subprefeitura, Concessionária Maracanã, SEOP, etc.), dentre as quais a Polícia Militar do RJ, na primeira reunião realizada na sede da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), no dia 16 de novembro de 2023, às 11:00h. Além dos planos de ação e segurança, os participantes da reunião trataram também de toda a montagem da operação da partida, contando com a participação de todas as partes diretamente envolvidas e responsáveis pela organização da partida e autoridades públicas.

Na segunda (20), o plano operacional para o jogo foi igualmente aprovado sem qualquer ressalva ou recomendação na reunião realizada no Estádio Maracanã, com a presença da CBF, representantes da CONMEBOL, da Polícia Militar RJ, das empresas responsáveis pela operação do Maracanã, e que operam mais de 70 jogos no estádio por ano, e outras autoridades públicas.

A realização da partida com torcida mista sempre foi de ciência da Polícia Militar do RJ e das demais autoridades públicas, pois é o padrão em competições organizadas pela FIFA e CONMEBOL, como ocorre nas Eliminatórias da Copa do Mundo, na própria Copa do Mundo, Copa América e outras competições. Outros jogos entre Brasil e Argentina, até de maior apelo, como a semifinal da Copa América de 2019, também foram disputados com torcida mista. Não se trata de um modelo inventado ou imposto pela CBF.

Ou seja, todo o plano de ação e segurança foi elaborado e dimensionado já considerando classificação do jogo como vermelha e com a presença de torcida mista, tanto que atuaram na segurança da partida 1050 vigilantes privados e mais de 700 policiais militares da Polícia Militar RJ.

Portanto, a CBF reafirma que foram cumpridos rigorosamente o plano de ação, de segurança e operação da partida, tal qual foram aprovados pela Polícia Militar RJ e demais autoridades.

Por fim, a única recomendação recebida pela CBF de qualquer autoridade pública ao longo de todo o período que antecedeu a partida entre Brasil e Argentina, foi uma recomendação do Ministério Público, da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Ordem Urbanística da Capital, para que ‘NÃO realizem partidas de futebol no ano de 2023 com o formato de disponibilização da carga total de ingressos através de um tíquete eletrônico apresentado mediante exibição do aparelho de telefonia celular, tal como ocorrido na partida da final da Copa Libertadores no dia 04 de novembro de 2023’ e que ‘Exijam no ano de 2023 dos torcedores que se aproximem das catracas a exibição de evidência física (tíquete de papel e/ou cartão de sócio torcedores) de que o torcedor possui um tíquete de ingresso para se aproximar das catracas do Estádio Mário Filho – Maracanã, de modo a evitar a invasão de torcedores que não possuam ingressos para assistir à partida.’”

 

 

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