O ditado popular do “bom filho à casa torna” se aplica perfeitamente a poucos exemplos como o de Éder. O atacante do Criciúma saiu ainda na base para viver no futebol europeu e, 17 anos depois, retornou ao clube para reerguer a equipe à Série A do Campeonato Brasileiro, na qual está há dez anos ausente.
O atleta nascido em Lauro Müller deu os primeiros passos com a bola no Tigre, no começo do século, antes de ir à Itália, onde formou-se profissional pelo Empoli. No calcio, também usou as camisas de Frosinone, Brescia, Cesena e Sampdoria, antes do maior desafio da vida, na Internazionale. Ao todo, o brasileiro jogou por dois anos e meio no clube milanês.
Antes de voltar ao Brasil, o catarinense teve uma aventura na China, onde teve seu único título nacional da carreira. Nos três anos pelo Jiangsu/Suning, foi campeão nacional e, em 2021 chegou ao São Paulo. Fez parte do elenco tricolor que foi campeão paulista pela primeira vez em 16 anos.
O regresso para a região marcou o fim de uma longa saudade vivida pelo artilheiro na altura dos 37 anos. "Aqui, na região, é mais fácil vir para casa, ficar perto dos familiares e amigos. Eu não conseguia fazer isso quando estava fora (do país) ou até quando estava em São Paulo. É um momento muito gostoso de viver junto com eles, porque foi único para a minha carreira, terminando o ano com chave de ouro", comenta.
Após quase dois anos no tricolor paulista, finalmente chegou a vez de voltar ao Carvoeiro, sediado a apenas 40 km da cidade natal do atacante. O ano começou com o título do Campeonato Catarinense no ano de regresso do time à primeira divisão estadual. Éder foi às redes no primeiro jogo das semifinais, contra o Hercílio Luz.
No Brasileirão, marcou nove gols até o momento em 27 jogos presentes: média de um gol a cada três partidas. O penúltimo deles manteve a condição de briga pelo título do Tigre, ao ser o único anotador no 1 x 0 sobre o ABC na 35ª rodada, em casa. O triunfo foi fundamental para escapar da boa atuação dos potiguares que, mesmo rebaixados, complicaram as vidas de Guarani e Vila Nova, sendo algozes e mantendo ambos na segunda divisão nas rodadas finais.
A promoção tornou o regresso especial para o jogador, com sentido de retribuição após toda uma vida no exterior. "Fico feliz e agradecido por tudo que aconteceu. Com certeza é um modo de agradecer a esse clube que desde adolescente me deu condições de estar na base e crescer no futebol. Minha gratidão pelo Criciúma sempre foi grande e sempre vai ser. Ter voltado e colocado o time na prateleira de cima e sendo campeão catarinense me orgulha muito", conta.
"Quase nunca houve uma Série B assim de tão disputada, onde tantos times brigaram até o fim. Sabíamos, desde o começo, que seria um ano difícil, ainda mais para manter o ritmo o ano inteiro. Começamos muito bem, tivemos momentos de oscilação durante o campeonato, mas conseguimos manter o pé no chão sempre, independentemente de estar ou não no G-4. Isso foi importante. A nossa briga era pelo acesso, o título era uma coisa a mais, mas subir foi maravilhoso", argumenta Éder. O Tigre foi o único a ascender antes da rodada final, a exemplo do campeão, Vitória.
Para 2024, o desejo de se manter na categoria mais alta do futebol brasileiro já é algo pensado pelo camisa 23 e pelos catarinenses, com a volta do estado à competição depois de um ano de ausência, com a queda do Avaí em 2022. "A gente sabe que o primeiro passo ao subir para a Série A que vem à cabeça é de se manter. É normal, mas a gente sabe das dificuldades e do trabalho que tem que ser feito para conseguir sustentar uma Série A, até porque a elite não é fácil. Quando você chega, tem que ter um planejamento bem feito para conseguir manter isso. Essa é a ideia do Criciúma e com certeza vamos fazer o melhor para permanecer", relata.
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima
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