Há quem diga que a versão 2023 do Campeonato Brasileiro é a mais emocionante. Entusiastas de plantão vão além e defendem a tese de que a elite do futebol nacional vive a melhor disputa em 18 edições de pontos corridos com 20 clubes. Os números refutam isso. Líder da Série A pela primeira vez nesta temporada, o Palmeiras está abaixo da nota de corte de 14 dos 17 abre-alas do torneio na 34ª rodada entre 2006 e 2022.
Os 62 pontos conquistados pela trupe comandada por Abel Ferreira é superior às campanhas de três em clubes. Em 2010 e 2011, o Fluminense de Muricy Ramalho e o Corinthians de Tite tinham 61 pontos e cruzaram a linha chegada primeiro com 71. Em 2009, Ricardo Gomes ensaiou o São Paulo aos 59 na 34ª rodada. O desempenho, porém, não foi suficiente para faturar o hepta e o tetracampeonato consecutivo. O Flamengo levantou a taça com a menor pontuação de um campeão: 67.
A principal competição do país estava acostumada a mais. No mesmo estágio da disputa do ano passado, o próprio Palmeiras tinha 12 de vantagem em comparação ao atual momento. A melhor campanha geral e no recorte pertence ao Flamengo, octacampeão com 90, e com 81 a quatro rodadas do desfecho. Embora o aproveitamento alviverde seja inferior, o que vale mesmo é levantar a taça em 6 de dezembro.
Existe um fator animador para o Palestra. Dos 17 líderes do Campeonato Brasileiro na 34ª rodada com 20 clubes, apenas dois não deram a volta olímpica. Além do São Paulo em 2009, o Internacional de 2020 desperdiçou a chance de título na versão de 2020, durante a pandemia de covid-19, decidida no último ato. O alviverde tem a segunda melhor pontuação do segundo turno, com aproveitamento de 62,2% — atrás somente do Atlético-MG (66,6%), segundo o Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Um número puxa o outro. Agora, os paulistas têm 45,4% de chance de faturar o 12º caneco nacional. Dezenove rodadas atrás, o índice era baixíssimo, quando o Palmeiras era o sexto colocado, com 25 e 14 atrás do então líder Botafogo. Mesmo com a evolução e ponta isolada, Abel Ferreira faz jogo duro e adota estratégia para jogar pressão para o vice Botafogo. Em vias de anunciar Tiago Nunes como treinador para a reta final do Campeonato Brasileiro, a equipe de General Severiano tem foco total no duelo atrasado com o Fortaleza, em 23 de novembro, às 19h, na Arena Castelão. Cenário semelhante ao do quarto colocado Bragantino, adversário do Flamengo no mesmo dia, às 21h30.
"O Botafogo tem um jogo a mais, é a única equipe que depende apenas dela. Ainda não estou fazendo as contas. Vai jogar Botafogo e Bragantino? Eles que se resolvam. É muito jogo seguido, é muita coletiva de imprensa seguida, é muita viagem seguida", esquivou-se Abel Ferreira após o triunfo sobre o Inter. "Nosso grupo de trabalho acredita sem ver. Não estou dando recado a ninguém, mas essa equipe luta sempre até o fim", completou.
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