LIBERTADORES

Boca x Flu: Romero e Fábio mostram como times começam por bons goleiros

Sergio Romero e Fábio mostram à América do Sul como grandes times começam por bons goleiros. Segundo capítulo da série ilustra em números a relevância dos "paredões" de Boca Juniors e Fluminense

Diz a filosofia das quatro linhas que um grande time começa por um bom goleiro. Verdade? A final da Libertadores mostra que sim. Protagonistas do último ato do maior espetáculo da América do Sul, Fluminense e Boca Juniors não abrem mão dos itens de segurança debaixo das traves. Experiente, Fábio é o amuleto responsável por livrar o tricolor das Laranjeiras de todo mal, no sábado (4/11), às 17h. Decisivo na marca da cal, Sergio Romero é o incumbido da missão de recolocar os hermanos no topo do continente após 16 anos.

Fábio e Romero orgulham-se de um passado de muito reconhecimento, amargaram temporadas longe dos holofotes e retornam como candidatos a desequilibrar a decisão. O mato-grossense de Nobres vestiu a camisa do rival Vasco entre 2000 e 2004, mas se consolidou de fato nos gramados de Minas Gerais. Com o Cruzeiro, foi bicampeão do Brasileirão (2013 e 2014) e da Copa do Brasil (2017 e 2018). O argentino de Bernardo de Irigoyen, cidade fronteiriça com PR e SC, foi revelado pelo Racing. Não deu volta olímpica com o clube do coração, mas jamais negou oportunidades devido ao amor pelo time de Avellaneda. Diferentemente do brasileiro.

Fábio prestou 16 anos de serviço ao Cruzeiro. Fincou raízes e até disputou uma final de Libertadores. Porém, não teve êxito na missão contra outro argentino, o Estudiantes, em 2009. Romero deixou o Racing e rodou pelo mundão da bola. Serviu às principais ligas o Velho Continente, como Itália, França e Holanda. Chegou à Terra do Rei Charles III para defender o Manchester United entre 2015 e 2020. A experiência com os Diabos Vermelhos, inclusive, o ensinou o caminho para glória continental. Em 2016/17, ergueu o caneco da Liga Europa, sem contar os canecos da Copa da Inglaterra, Copa da Liga e Supercopa.

Mas, como nem tudo no futebol são flores, os paredões de Flu e Boca precisaram lidar com montanhas-russas. Acostumado ao sucesso no lado azul de Belo Horizonte, Fábio viveu o momento mais delicado da história do Cruzeiro com o rebaixamento à Série B. Ficou dois anos na tentativa de retorno até a chegada da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) encabeçada por Ronaldo Fenômeno. O campeão mundial desembarcou na Toca da Raposa com uma lista de dispensa. Nem a história foi capaz de livrar Fábio. Sorte do Flu e de Fernando Diniz.

Fábio está na segunda temporada nas Laranjeiras. Fez do clube carioca uma ponte para a retomada. Neste ano, conquistou a Taça Guanabara e o Campeonato Carioca. Agora, aos 43 anos, ensaia o capítulo mais relevante da carreira, com direito a recordes. No sábado, Fábio completará 100 jogos em Libertadores. Ficará atrás apenas de dois paraguaios: o goleiro Ever Almeida (113) e o meia Sérgio Aquino (107). De quebra, pode se tornar o jogador mais longevo a erguer o troféu mais cobiçado da América do Sul e atualizar o recorde Almeida, quando foi campeão com o Olimpia aos 42 anos, três meses e nove dias, contra o Barcelona-EQU, em 1990.

"O Fábio é um gênio do gol, por isso ele consegue jogar com a idade que tem. Um cara com 42 anos, jogar e se predispor a aprender a jogar com o pé, treinar mais do que os outros. Ele joga com uma naturalidade incrível. Parece que nasceu jogando com o pé. Ele é talentoso demais, espetacular", elogiou Diniz em coletiva.

Romero estava no Venezia, da Itália, quando recebeu a proposta do Boca Juniors. A intenção da diretoria xeneize era buscar um substituto após a não renovação de contrato com Agustín Rossi. O antecessor fechou com o Flamengo e foi emprestado ao Al-Nassr e abriu espaço para a nova experiência. A aposta deu certo. A equipe de La Bombonera ganhou o Campeonato Argentino e a Supercopa na temporada passada e aumentou o sarrafo de expectativas para 2023.

Boca e Romero se apegam à mística da camisa para alcançar o sétimo título. Nesta edição da Libertadores, os argentinos avançaram somente nos pênaltis. Foi assim contra Nacional-URU, Racing e Palmeiras. Romero defendeu oito, dois em cada duelo na marca da cal. De 25 cobranças contra ele pelo Boca, 12 foram defendidas. Abel Ferreira sentiu isso na pele. "O fator decisivo para o Palmeiras não ir à final foi o goleiro do Boca. Queríamos muito estar na final, mas ele (Romero) fez a diferença. Foi o goleiro adversário que não nos deixou continuar", lamentou.

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