O Botafogo não tem outro resultado no fim do ano: céu de brigadeiro ou o inferno na terra. Uma antítese que está sob a responsabilidade do elenco alvinegro. Seja por um ponto ou por uma distância oceânica para o segundo colocado, o título nacional é o mesmo. A taça estará lá. Qualquer outro desfecho, porém, concretiza a maior tragédia esportiva da história centenária do clube. Nenhum rebaixamento doerá tanto quanto deixar escapar este Campeonato Brasileiro. Um trauma irrecuperável.
Por mais que alguns influenciadores tentem terceirizar a culpa dos insucessos recentes, colocando, de forma equivocada, a arbitragem no centro das análises, o Glorioso apresenta sinais que não deseja ser campeão e flerta com o desastre esportivo. Afinal, no segundo turno do Brasileirão, a equipe tem campanha de Z4, cai para adversários frágeis e não conta mais com o "fator casa" de outros tempos. O chamado "tapetinho", aliás, não faz efeito há dois meses.
Nesta trajetória, perder, em casa, para o Cuiabá, é inadmissível. Pior ainda, o desempenho do time: posse de bola infrutífera, chutes sem direção e, principalmente, falta de plano de jogo graças ao dublê de treinador Lucio Flavio, escolha do elenco para substituir o inepto Bruno Lage. O homônimo do Passageiro da Agonia pode ser um sujeito boa praça e amigo do grupo. Porém, não tem estofo para comandar um time que almeja um título brasileiro. O fato novo criado pelo Botafogo teve, portanto, duração de apenas uma semana.
Botafogo ressuscita velhos fantasmas
Aposta dos jogadores para replicar o estilo de Luís Castro, Lucio Flavio recebeu uma missão muito mais complexa do que ser um mero "cover" do atual treinador do Al-Nassr (SAU). É claro que ele não desmontará a equipe com invenções estapafúrdias à moda Lage. No entanto, até agora, não mostrou repertório, promoveu substituições tardias, demonstrou pouca leitura dos embates e pareceu apático na área técnica. Há uma distância abissal entre Castro e o atual técnico do Botafogo, algo que pode pesar nesta reta final.
Lucio Flavio, além de tudo, é uma figura, no mínimo, controversa no "botafoguismo". Há quem o defenda e o considere um injustiçado na história do Mais Tradicional. No entanto, há uma outra corrente que lembra o ex-meia como símbolo de uma geração que fracassou. A imagem de, no fim, tudo dá errado. Nesta guerra de narrativas, o líder do BR-23 já não tem mais a gordura de antes e ressuscita velhos fantasmas. O pessimismo está de volta.
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